III
Acontece com as nações, os povos, o mesmo que com cada ser humano ou com cada coisa que nasce, cresce, depois envelhece e deve ceder o lugar a outras.
Dão o que têm a dar e depois extinguem-se; dir-se-ia que repousam para um dia poder acordar e dar novamente tesouros e riquezas.
Verificou-se isto com todas as civilizações e é também esse o destino das religiões: cada uma tem o seu nascimento, expande pouco a pouco a sua influência, atinge um ponto culminante e depois estagna, entra em decadência e perde as grandes chaves da vida.
Mesmo os Mistérios, mesmo os templos do antigo Egipto que possuíam as chaves, o saber, o poder, que resta deles agora?
Onde estão todos aqueles hierofantes?
Onde estão todas aquelas ciências?
Todos seguiram as leis imutáveis da vida: cada coisa ou cada ser que nasce, deve morrer e ceder o seu lugar.
Só o que não tem princípio não tem fim.
Lembrai-vos daquilo que a Grécia foi no passado, de todas as criaturas extraordinárias que ela deu ao mundo: poetas, dramaturgos, pintores, escultores, arquitectos, filósofos...
E agora...
Um país pode ser comparado a um rio: o leito é sempre o mesmo, mas a água que corre é sempre diferente, sempre nova.
Os habitantes do rio, as gotas de água, chegam, passam e, à medida que outras vêm para as substituir, escoam-se para o mar.
Chegadas ao mar, são aquecidas pelo sol, evaporam-se, tornam-se leves, subtis, e elevam-se na atmosfera até ao dia em que voltarão a cair sob a forma de chuva ou de neve, para de novo descerem pelos vales em torrentes e rios.
É um ciclo ininterrupto.
E um país, o que é?
Um país não é mais do que um rio onde se reencarnam sucessivamente seres sempre diferentes e que vêm de outros lugares ou de outro modo, é como uma casa cujo destino é ser habitada durante uma dezena de anos, por exemplo, por determinados inquilinos, e depois, nos cinco anos seguintes, por outras pessoas.
Durante dez anos, há música, cânticos e harmonia, depois, os habitantes mudam e reina uma atmosfera diferente, prosaica ou agitada.
Contudo, a casa continua a ser a mesma.
É desta maneira que se explica o destino de numerosos países: a Grécia continua a ser o mesmo país, mas os seus habitantes não são os mesmos de há dois ou três mil anos.
E para os outros países é a mesma coisa.
Vós direis:«Mas então como é que se explica que os Tibetanos, por exemplo, tenham conservado quase as mesmas concepções, as mesmas ideias, os mesmos costumes, desde há milhares de anos?»
Estudai o organismo humano: as células que o habitam renovam-se, não são sempre as mesmas, mas fazem sempre o mesmo trabalho.
Quando se renova o pessoal de uma fábrica, manda-se embora certas pessoas e contratam-se outras que trabalham, umas com um determinado aparelho óptico, outras com um dado circuito eléctrico.
O novo pessoal que toma o lugar do antigo possui os mesmos conhecimentos e já se exercitou nesses mesmos trabalhos para poder desempenhar as mesmas funções.
Os espíritos que vão encarnar-se no Tibete são aqueles que têm afinidade com os Tibetanos e estão preparados para ir para lá.
E os Tibetanos que se preparam para ser como os Franceses vêm reencarnar-se em França.
É por isso que existem muitos antigos Tibetanos em França, mesmo entre as crianças da Fraternidade.
Direis vós: «E os Judeus, que têm sido perseguidos desde há séculos?»
Os Judeus que foram martirizados eram seres vindos de outros povos do mundo inteiro e reencarnados nas famílias judias, porque, em virtude do seu karma, deviam ser perseguidos e massacrados; mas eles próprios não tinham sido Judeus desde sempre.
Num dado momento da sua evolução, o Céu fê-los nascer em famílias judias para pagarem certas dívidas...
E os Gregos actuais também são almas que ali vieram reencarnar-se, oriundas de outros lugares... talvez da Bulgária para aí ser recompensados ou castigados, não sei, pois há muitas pessoas que vão reencarnar-se junto dos seus antigos inimigos.
Quando detestais uma pessoa, acontece exactamente a mesma coisa que quando a amais: estabeleceis de imediato uma ligação com ela.
O ódio é tão forte como o amor.
Se quereis libertar-vos de alguém, não voltar a ver uma pessoa, não a detesteis nem a ameis, sede indiferentes.
Se a detestardes, ligar-vos-eis a ela por correntes que ninguém poderá desligar, estareis permanentemente ligados e mantereis essa relação durante séculos.
Sim,isto não sabieis vós.
As pessoas imaginam que o ódio corta as ligações. Pelo contrário, o ódio é uma força que vos liga à pessoa que odiais, tal como o amor.
Mas o elo, evidentemente, é diferente.
O amor trar-vos-á certas coisas e o ódio trar-vos-á outras, mas com tanta certeza e tão poderosamente como o amor.
Eis algumas verdades que todos os povos devem aprender, para verem como é ridiculo detestarem-se.
E não fiqueis admirados, não fiqueis melindrados, se eu vos disser que a França vai começar a perder os génios que ainda possui.
Os seus artistas, os seus escritores, os seus filósofos, deram ao mundo inteiro riquezas extraordinárias, mas se ela continuar a virar as costas ao Céu, que é exactamente de onde vêm essas riquezas, todos os seus génios irão reencarnar-se noutros lugares, pois os grandes espíritos não fazem questão em ter esta ou aquela nacionalidade, são cidadãos do Universo.
São os povos que os reclamam para si, mas se lhes pedirdes a sua opinião, eles responderão: «Nós estamos bem em qualquer parte do Universo; a nossa pátria é o Universo».
Aliás, quando se chega ao outro mundo, a questão da nacionalidade não tem qualquer importância.
Se pudesseis ter visto, durante a última guerra, os soldados franceses e alemães, mortos nos combates, encontrarem-se lá em cima!
Eles davam vivas, riam todos juntos e achavam-se tremendamente estúpidos por se terem morto uns aos outros, quando todos eram filhos de Deus!
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