quarta-feira, 15 de outubro de 2014

EVOLUÇÃO E CRIAÇÃO (Cont.II)

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Disse-vos já noutras conferências que podemos considerar a imaginação como uma mulher interior que dá à luz filhos... bem sucedidos ou falhados, conforme a qualidade dos germes que lhes tivermos fornecido.
Quando essas crianças fazem asneiras, estragos, é o pai que tem obrigação de pagar as multas, e por vezes é perseguido, castigado e espoliado em vez delas.
Se, pelo contrário, os seus filhos ganham prémios, o pai receberá todas as honras.
Direis vós: «Mas que filhos são esses?»
São os nossos pensamentos e os nossos sentimentos, e o pai somos nós próprios.
Eis mais um domínio muito vasto para estudar e aprofundar, mas, para não me dispersar, vou voltar ao ponto essencial do assunto.

Portanto, este instinto de criação que trazemos em nós impele-nos a ultrapassar as nossas capacidades vulgares e põe-nos em contacto com outras regiões, outros mundos repletos de existências etéricas, subtis, luminosas. E é graças a esta parte de nós próprios, que conseguiu deslocar-se e ir mais longe para captar certos elementos inteiramente novos, que nós podemos gerar filhos superiores a nós ou obras-primas que nos ultrapassem.
Com efeito, muitas vezes a criação é bem mais bela que o seu autor.
Podeis conhecer um homenzinho aparentemente insignificante, mas que, afinal, foi quem produziu uma determinada obra gigantesca, verdadeiramente digna de um gigante, de um titã!
Esta parte subtil de si próprio que possui a faculdade de se deslocar, conseguiu ir muito longe, muito alto, e aí, enriqueceu-se acumulando novos elementos; depois,quando se pôs a trabalhar, ele fez sair das suas mãos uma obra extraordinária, prodigiosa, que maravilhou o mundo inteiro.
Embora todos os homens tenham necessidade de criar, infelizmente poucos são capazes de se tornar verdadeiros criadores no plano espiritual.
Muito poucos se elevam até esse nível e sabem que, para produzir obras sublimes, é preciso conhecer certas leis e exercitar-se de uma maneira especial.
Já ireis compreender qual é essa maneira...

Como é que a terra, que no Inverno se encontra adormecida, nua e estéril, na Primavera se cobre de uma vegetação tão bela e colorida - ervas, flores, árvores e frutos?
É que nessa época ela fica muito mais exposta ao sol e começa a receber dele determinados elementos.
Ela põe-se a trabalhar e supera-se, produz «obras-primas» extraordinárias, coloridas, açucaradas e perfumadas que oferece a todas as criaturas.
Portanto, se o homem também quiser criar e produzir obras notáveis, deve descobrir um sol, um ser mais poderoso e inteligente que ele, com o qual possa unir-se e fazer trocas.

Compreendeis agora porque é que nós vamos todas as manhãs ver o sol nascer?
É para aprendermos a criar obras que se assemelhem a ele, obras novas, límpidas, plenas de luz, de calor e de vida.
Mas, na realidade, aqui o sol é um símbolo... um símbolo de Deus, junto do qual nós devemos ir para nos unirmos a Ele, pois é graças a estas trocas com o Senhor que nos tornaremos criadores como Ele.
Aqui temos a razão de ser da oração, da meditação, da contemplação e de todos os exercícios espirituais.
Mas não sei se isto já estará bem claro para vós e tentarei aprofundar ainda mais esta questão.

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