terça-feira, 21 de outubro de 2014

A REENCARNAÇÃO (Cont. IV)

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A questão da reencarnação foi estudada muito seriamente; mas não irei alargar-me sobre ela, pois existe um número suficiente de livros que tratam deste assunto... ou não fosse assim que os lamas tibetanos escolhem o Dalai-Lama.
Relatar-vos-ei apenas um caso extraordinário que conheci na Bulgária.
Um dia veio à Fraternidade de Sófia, um casal que se sentia muito preocupado porque o seu filho dizia coisas incompreensíveis.
Eles contavam: «Um dia, levámo-lo a um local que ele nunca tinha visto e ele exclamou: 'Oh!, mas eu conheço este sítio, já aqui vim'
Fez até a descrição exacta dos arredores; no entanto, nunca ali tinha estado.
(Contudo, os pais sabiam que o seu primeiro filho tinha ali estado.)
'Não se recordam?
Quando eu ia para a escola, escondia-me ali... e foi acolá que me afoguei no rio.'»
Com efeito, era ali que o seu primeiro filho tinha morrido afogado, mas ele não tinha conhecimento de nada, ninguém lhe falara a esse respeito.
Portanto, o seu primeiro filho tinha vindo encarnar-se novamente na sua família.
É raro uma criança vir encarnar-se duas vezes na mesma família, mas pode acontecer.
Se interrogarmos as crianças até ao sétimo ano de idade, elas recordar-se-ão de muitas coisas.
Mas, em vez de as escutar, há mães que lhes dão uma palmada e lhes dizem: «Cala-te, não digas asneiras...»
Uma vez, duas vezes, três vezes... por fim, as crianças já não ousam contar nada.

Já vos demonstrei que, apesar de a palavra «reencarnação» não estar escrita nos Evangelhos, certas passagens comprovam que esta crença pertence à tradição.
Posso dar-vos ainda outro exemplo.
Há uma passagem em que Jesus diz: «Sede perfeitos como o meu Pai Celeste é perfeito.»
Que pensar desta frase?
Ou Jesus fala sem reflectir, pois está a pedir a homens tão cheios de imperfeições que atinjam em alguns anos a perfeição do Pai Celeste, ou não tem a mínima ideia da grandeza do Pai Celeste e imagina que é fácil para as pessoas tornarem-se como Ele.
Em ambos os casos, isso não abona muito a favor de Jesus.
Na realidade, também esta frase subentende a reencarnação.
Jesus não pensava que o homem seria capaz de se tornar perfeito numa única existência, não, mas sabia que, à força de desejar a perfeição e de trabalhar para a obter, ao cabo de uma série de encarnações ele acabará por atingir o objectivo.
E o que foi que Moisés escreveu no início do livro do Génesis, quando fez o relato da criação do homem?
«E Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem e à nossa semelhança, e que ele domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos... Deus criou o homem à Sua imagem, à Sua imagem o criou.»
E onde reside essa semelhança?
Deus tinha, sem dúvida, a intenção de criar o homem à Sua imagem e à Sua semelhança, isto é, perfeito como Ele, mas não o fez.
Ele criou-o somente à Sua imagem, com as mesmas faculdades, mas sem lhe dar a plenitude dessas faculdades, a semelhança.

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