quinta-feira, 16 de março de 2017

UMA FILOSOFIA UNIVERSAL


Capítulo  VIII  -  A  FRATERNIDADE,  UM  ESTADO  DE  CONSCIÊNCIA  SUPERIOR

Continuação
                                                                             II

Por vezes, quando as pessoas não se sentem apresentáveis, por estarem mal vestidas ou mal dispostas, procuram esconder-se.
Noutros dias, pelo contrário, em que se sentem em boas condições, têm vontade de se mostrar para agradar aos outros e receber alguma coisa deles, nem que seja a sua aprovação.
É tão natural!
Mesmo nos animais e nas aves existe este instinto.
Eles sabem o que é belo e o que é feio.
Reparai no pavão: se perdeu as penas, esconde-se; caso contrário, passeia para as ostentar.
E isto não é verdadeiro unicamente em relação ao lado exterior; por isso eu ousei dizer um dia que, se uma pessoa não quer viver numa Fraternidade, é porque, interiormente, se sente detestável.
Sim, é absolutamente verdade.
Quando tendes bons sentimentos, muito amor, procurais derramá-los sobre os outros, eles correm em vós e extravasam...
E quando vos sentis fatigados, desgostosos, decepcionados, sentis necessidade de vos afastar.
Portanto, gostar de viver numa Fraternidade é já um bom sinal, ao passo que querer ficar sempre no seu buraquinho é uma péssima referência a vosso respeito.
Mesmo que vos julgueis muito inteligentes, ficai sabendo que a vossa inteligência é defeituosa.
Porque, repito, quando se é verdadeiramente rico interiormente, sente-se necessidade de dar das suas riquezas aos outros.
Todos os que amam a vida fraternal são, pois, bem vindos.
Mesmo que não tenham grandes capacidades, desde que emanem este amor fraternal serão úteis, porque é o elemento de que mais necessitamos.
Para melhorar o mundo, as qualidades intelectuais e artísticas não bastam; há até demasiados intelectuais, demasiados homens de ciência, demasiados artistas e, um número insuficiente de pessoas amantes da vida fraternal.
Quando os humanos começarem a compreender que a Fraternidade é que salvará o mundo, tudo mudará, mas isso ainda não chegou.
Bem entendido, a História mostra que, ao organizarem-se em sociedades, os humanos compreenderam, ao menos, que era vantajoso reunirem-se para viverem em conjunto, senão ainda estariam no ponto em que cada um tinha de passar todo o dia a procurar alimento nas florestas.
Quando eles viram a utilidade de se reunirem para terem vários braços e várias pernas, todos beneficiaram desta nova situação: enquanto um pescava ou ia à caça, outro fazia um tecido, outro arranjava a cabana, etc.
E eis como agora todos estão ao serviço de todos e podem aproveitar de tudo.
É desta maneira que o homem pode progredir; ele exerce somente uma pequena actividade algures e tudo está à sua disposição: as bibliotecas, os hospitais, os meios de transporte, a protecção da polícia... o que é impossível se se viver separado.
Foi desta maneira que, pela sua inteligência, o homem conseguiu organizar a vida colectiva de tal modo que agora possui meios para revolver o mundo inteiro.
Infelizmente, esta inteligência não está ainda no ponto desejável, porque é sempre desenvolvida com um objectivo egoísta.
Só aparentemente é que os humanos resolveram o problema da vida colectiva; exteriormente, formaram sociedades, mas interiormente permanecem separados e hostis uns para com os outros.
São ainda trogloditas: interiormente cada um vive isolado no seu buraquinho.
Exteriormente, vemos nações, povos, cujos membros se apoiam entre si: a defesa do território, a segurança social, os abonos de família... mas o homem ainda não compreendeu o significado deste progresso que conseguiu realizar na vida objectiva, ainda não decifrou todas estas facilidades, todas estas possibilidades, todos estes benefícios, ainda não os transpôs para o domínio interior.
Por isso, é necessário continuar-se a trabalhar para que de ora em diante seja interiormente, espiritualmente, que os seres consigam formar esta sociedade, esta unidade, caminhando todos juntos para o mesmo objectivo.
Por vezes, sem se darem conta disso, os países trabalham para a separação, para o isolamento.
Têm relações entre eles, bem entendido, e a isso chamam Ministério dos Negócios Estrangeiros, diplomacia, cooperação... mas na realidade cada um quer permanecer distinto dos outros, cada um quer mostrar-se uma potência formidável e impor-se aos seus vizinhos; no domínio interior não estão verdadeiramente ligados.
É preciso trabalhar, pois, para esta Fraternidade interior, para esta aproximação dos seres, dos povos, das nações, a fim de que eles atinjam a consciência sublime da unidade e vivam na plenitude, na abundância, na riqueza exterior e interior.

Continua

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