quarta-feira, 15 de março de 2017

UMA FILOSOFIA UNIVERSAL


Capítulo  VIII  -  A  FRATERNIDADE,  UM  ESTADO  DE  CONSCIÊNCIA  SUPERIOR

Continuação

A humanidade assemelha-se a uma grande orquestra.
Cada ser pode ser comparado a um instrumento de música: clarinete, violoncelo, trompete, violino, piano, guitarra... e a vida divina que passa através de cada ser sopra nestes instrumentos ou aflora as suas cordas.
Cada criatura produz um som determinado e a Inteligência Cósmica combinou-as todas de modo a poderem formar uma sinfonia no Universo.
Só aqui na terra é que esta sinfonia não existe, porque os humanos, arrastados pelos seus instintos e paixões não conseguem vibrar como Deus os criou, em uníssono com a harmonia universal.
Não o conseguem porque a sua natureza inferior limita o campo da sua consciência.
Mas no dia em que começarem a ter como objectivo a colectividade, ou de preferência, a fraternidade, vibrarão em sintonia com todo o Universo e, em virtude desta sintonia, receberão as melhores correntes do Cosmos, restabelecerão as vias por onde as energias celestes poderão circular e vir visitá-los.
Nada é pior do que a vida puramente pessoal, que não está em sintonia com a vida colectiva, a vida universal, porque ela entope as condutas e impede a circulação das energias.
Devemos voltar à harmonia que Deus criou no começo.
Deus criou os humanos para que eles se harmonizem entre si como uma orquestra...
Mas nunca se compreendeu o que é uma orquestra ou um coro.
O nosso corpo físico, quando está em perfeito estado, é um coro em que todas as células, todos os órgãos, cantam em conjunto para produzir o bem-estar, a alegria, a saúde.
Quando as células já não cantam em harmonia, o homem sofre, sente-se desequilibrado, infeliz e, a doença assume formas diferentes consoante os sons desarmoniosos que os órgãos produziram.
Nunca se interpretou o facto de, numa orquestra, um músico não ter o direito de tocar como lhe aprouver: ele deve respeitar as notas, o compasso, as nuances, senão é expulso.
Pois bem, acreditai em mim: a humanidade não é uma boa orquestra; ouvem-se dissonâncias!
Todos cantam como doidos e tocam como calha; é de se tapar os ouvidos.
Cada um pensa que tem o direito de cantar como lhe apetece.
Não; mas só nas Escolas Iniciáticas é que se explica aos humanos que devem harmonizar-se.
Para se harmonizarem, eles têm de compreender que a harmonia é preferível.
Depois, é preciso desejarem-na com um grande amor e, por fim, decidirem-se a fazer esforços e sacrifícios para a realizar.
E depois?...
Depois, nada mais há a dizer, a harmonia falará por si mesma.
Fixai pois, esta ideia de que deveis fazer o possível por aceitar a Grande Fraternidade Branca Universal como um ponto de partida para a vossa evolução, porque não há outro caminho.
Se a felicidade e a abundância não desceram ainda à terra é porque a humanidade está dividida.
Todos procuram exclusivamente o seu próprio bem, não se sentem impelidos a trabalhar para o bem do mundo inteiro, permanecem no círculo estreito da sua  personalidade, e nestas condições o Reino de Deus não pode vir.
O nome da Fraternidade Branca Universal subentende um outro trabalho, com outros métodos, um outro ideal: o Reino de Deus, a felicidade da humanidade.
Tudo está compreendido nestas três palavras: Fraternidade Branca Universal...
Este nome incomoda algumas pessoas; ao que parece, elas são contra.
Tanto pior para elas; não sabem do que se privam.
Imaginai que pertenceis a uma orquestra: enquanto tocais a vossa partitura ouvis elevar-se à vossa volta a harmonia que vem dos outros instrumentos e ficais dilatados, felizes.
Tocais unicamente a vossa partitura e, toda aquela harmonia, toda aquela beleza que vos rodeia, vem até vós.
Ou tomai o exemplo dum coro: vós cantais somente algumas notas e todos os outros vos bombardeiam com uma poesia e com uma harmonia maravilhosas que vos dilatam.
Tudo o que eu quero é o vosso bem, nada mais.
Se não fosse verdade, há muito que vos teria vigarizado e fugido, dizendo: «Adeus, adeus!
Até à próxima!
Vinde cá buscar-me!»
Não me faltaram ocasiões: houve mulheres extraordinariamente ricas que, não sei porquê, quiseram casar comigo e dar-me toda a sua fortuna, mas nunca aceitei, isso não me interessava.
Portanto, não me tornei rico, mas permaneci livre para vos ajudar.
Porque o que conta para mim é o vosso bem, é ver-vos claros, límpidos, luminosos, fortes, poderosos, felizes.
Por que razão?...
Para minha satisfação pessoal, muito simplesmente.
Eu quero poder dizer para comigo: «Vês?
Conseguiste!»
E aqui quem é que fala, a personalidade ou a individualidade?
Cabe a vós analisar...
Dizia-vos eu um dia que nunca existe acto algum desinteressado, que mesmo o Senhor tem um interesse em relação a vós.
O desinteresse absoluto não existe; existem somente graus mais ou menos espirituais do interesse.
E ainda que não queirais outra coisa que não seja tornar os humanos felizes, luminosos e livres, tereis ainda um interesse, que é o de quererdes assemelhar-vos ao Sol, ao Senhor.
Este interesse é tão desinteressado que entra numa outra categoria e torna-se divino, mas, na realidade, tendes sempre um interesse.
E eu tenho um, o maior de todos: o de deixar em vós marcas do mundo divino, traços indeléveis, para que, mais tarde, quando estiverdes longe de mim, possais recordá-los.

Continua


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