quinta-feira, 30 de março de 2017

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 31.03.2017


 Cada coisa, cada ser na Criação, tem dois polos.
Observai uma árvore: pelos seus ramos e pelas suas folhas, ela alimenta-se de ar e de luz, ao passo que pelas suas raízes, alimenta-se de água e de terra.
O homem, tal como a árvore, recebe forças de cima e forças de baixo.

Quando Adão e Eva viviam no Paraíso, no jardim do Éden, era como se vivessem nas flores.
As flores estão expostas ao ar, à luz do Sol, são visitadas pelas borboletas, pelas abelhas: é uma vida celeste e irradiante que se vive nas flores.
Mas, no dia em que, sob a influência da serpente, Adão e Eva deixaram as flores e desceram através do tronco até às raízes da Árvore Cósmica, ficaram sujeitos à escuridão e ao frio; então, sentiram o peso da matéria  e tudo se tornou mais difícil: mexer-se, alimentar-se, etc.
E continua a ser essa a situação da humanidade.
Mas o trabalho do discípulo é precisamente o de aprender a dominar e a utilizar as forças subterrâneas que ele capta pelas suas raízes, para produzir, no cume do seu ser, flores e frutos.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 30.03.2017

As animosidades e os ódios entre os humanos vêm de eles nunca pensarem, quando estão uns perante os outros, que se encontram em presença de um espírito, de uma centelha, que procura manifestar-se, e que, para ajudar o espírito que ali está, vale a pena ser bom, paciente, compreensivo, generoso.
Dada a maneira como eles têm o hábito de se considerar e aquilo que vêem uns nos outros quando se encontram, é inevitável que acabem por ter vontade de se matar entre si.

Mesmo os cristãos que, supostamente, colocaram o amor ao próximo como fundamento da sua religião, continuam a viver em hostilidades e confrontos.
E porquê?
Precisamente porque se detêm sempre nas manifestações inferiores dos seres.
Se eles pensassem que há nos outros uma alma e um espírito com os quais podem entrar em relação, sentir-se-iam obrigados a ter uma atitude diferente.

MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

quarta-feira, 29 de março de 2017

AS DUAS ÁRVORES DO PARAÍSO






Capítulo  V  (parte)  -  CAMINHAI  ENQUANTO  TENDES  A  LUZ


A felicidade encontra-se ao vosso lado sem vos aperceberdes.
Vós quereis que ela se assemelhe à ideia que fazeis dela, mas não, isso nunca acontecerá.
Porém, não desanimeis, pois, repito, não estais sós, há muitos seres invisíveis que pensam em vós e que estão sempre a instruir-vos e a aconselhar-vos.
Só que vós deveis fazer esforços sinceros e preparar-vos para receber essa ajuda que vem das regiões superiores, a fim de serdes úteis a vós mesmos, à vossa família, aos vossos amigos, a toda a humanidade.
Não há nada mais importante do que isto.
Mas despachai-vos!
Não fiqueis à espera de que a ciência verifique a existência da alma, de que ela nos diga que o pensamento tem poder e que o coração dispõe de energias que é preciso pôr a trabalhar.
A ciência avança com segurança e rapidez, não duvido, mas é extraordinariamente lenta no que respeita às descobertas relativas à vida interior.
Portanto, não fiquei à espera da sua opinião para acreditar em Deus, no mundo invisível, e para começar um verdadeiro trabalho espiritual.
Por que é que se dá mais crédito aos aparelhos exteriores do que aos aparelhos interiores?
Acaso necessitais de um aparelho científico para verificar se estais descontentes ou inquietos, se tendes fome ou se estais saciados?
Trabalhai todos os dias com a vossa alma, com o vosso coração, com o vosso pensamento, com o vosso espírito!
Não desanimeis!
Todo o bem que os vossos pensamentos e os vossos sentimentos projectarem no espaço voltará a vós um dia.
Eu já vos disse que existe em vós uma circulação, uma troca, entre a subconsciência e a consciência, a autoconsciência e a supraconsciência, que deve permitir-vos realizar o vosso alto ideal, mas, muitas vezes, vós interrompeis essa circulação, crendo que a realização do ideal é impossível.
Por isso, eu vos digo: persisti nos vossos esforços e conseguireis pôr de novo em funcionamento os processos de realização, conseguireis restabelecer as condições favoráveis.
Caminhai à luz do Novo Ensinamento pois, mais tarde, quando a noite vier, já não podereis trabalhar.
Doravante, apreendei essa luz, abri-lhe o vosso coração!
Observai a Natureza: quando o Sol nasce, surgem todas as condições para uma vida activa; quando ele se põe, deixa de haver essas condições, só resta dormir.
Estou a falar de um modo geral, é claro.
Mas já pensastes que, quando vós estais acordados, há outros seres humanos na terra que estão a dormir?
Quando aqui é dia, é noite na China, no Japão...
Portanto, quando vós estais acordados e entregues às vossas ocupações, há almas chinesas e japonesas que vêm a França inspirar-vos toda a espécie de pensamentos e de sentimentos.
Por vezes, há pessoas que dizem que falaram com um espírito, mas talvez fosse apenas a alma de um Chinês que está a dormir.
Existe uma ligação extraordinária entre os seres de um extremo ao outro da terra.
Quando estais a dormir, sois vós que ides visitar os seres do outro lado da terra e também eles, por certo, vos tomam por anjos que vieram visitá-los!
Reflecti sobre esta questão e descobrireis as relações que existem entre a face iluminada e a face não iluminada da terra.
Em nós, também existem dias e noites, um fluxo e um refluxo, como no oceano; a nossa consciência ilumina-se e obscurece-se, enche-se e esvazia-se...
É preciso compreender que nós estamos submetidos às mesmas alternâncias que se manifestam na Natureza e, devemos estar conscientes da época em que cada fenómeno vai ocorrer.
Suponhamos que se aproxima o período difícil; se não souberdes isso, assumireis, imprudentemente, este ou aquele compromisso, mas quando chegar o momento de o concretizar, não tereis inspiração nem alegria e sentir-vos-eis desamparados.
Poderíeis evitar isso se soubésseis antecipadamente quando viriam os dias de escuridão, em que estaríeis fracos, deprimidos.
Todos os erros são cometidos nas trevas, quando a consciência está obscurecida.
Aprendei a perceber quando vêm esses dias e não empreendais nada nesse período.
Orai, meditai, lede, mas não vos lanceis em ocupações importantes, pois o período das trevas não é propício para trabalhar.
A Lua cresce e decresce; é um fenómeno que também devemos transpor para a nossa vida interior.
Quanto mais a Lua se esvazia de um lado, mais se enche do outro.
Talvez isto não aconteça em conformidade com a Astronomia, mas explica como a nossa consciência passa da sombra à claridade e inversamente.
Instintivamente, os homens agem com grande sabedoria: quando o inverno se aproxima, fazem reservas de lenha, de carvão, e preparam roupas quentes para resistir ao frio que vai chegar.
Também devemos saber preparar-nos para o inverno que vivemos interiormente, aprovisionando o combustível necessário para o aquecimento.
Aqueles que sabem que o período de escuridão vai chegar preparam-se enquanto têm possibilidades de o fazer.
Aqueles que não se preparam, quando chega o período sombrio só sabem lamentar-se e dizer que a vida não tem qualquer sentido, se não disserem ainda pior.
Nós devemos preparar os elementos espirituais tendo em vista o inverno que vai vir; assim, quando fizer frio no exterior, haverá fogo a arder dentro de nós.
Os Iniciados são previdentes; eles sabem que existem períodos sombrios e horas banhadas de luz.
Eles compreendem que, quando Jesus dizia: «Caminhai enquanto tendes a Luz, para que as trevas não vos surpreendam», isso queria dizer: «Aproveitai as boas condições, para poderdes enfrentar as dificuldades.»
Tendes diante de vós um grande futuro e começais agora a viver.
Está a formar-se um novo tipo de homens, uma nova cultura, a cultura dos filhos de Deus, a Fraternidade entre os homens.
A Fraternidade está a nascer e espalhar-se-á pelo mundo inteiro.
A humanidade passou pelos estádios da subconsciência, da consciência, da autoconsciência e, pouco a pouco, está a entrar na supraconsciência.
Das profundezas da vida subconsciente, o homem sobe e ergue-se, progressivamente, para uma vida mais elevada, a vida do desapego, do sacrifício.
No sacrifício começa a brilhar a manifestação da Divindade.
O homem da nova raça que está a surgir é aquele que compreendeu o sacrifício; a sua consciência é semelhante ao Sol nascente.
É a nova vida que vem, é a ressurreição!

Paris, 5 de Novembro de 1938


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV


PENSAMENTO QUOTIDIANO - 29.03.2017


 Não existe, verdadeiramente, realidade objectiva: para todos os seres humanos, a única realidade é o que eles vivem, o que eles sentem.
Considerai o caso de alguém que tem alucinações: essa pessoa sente-se perseguida por monstros, fica aterrorizada e foge aos gritos.
Fisicamente, visivelmente, ninguém está a atacá-la; mas ela sente-se perseguida, sofre e, quando alguém sofre, ide dizer-lhe que é uma ilusão!
O seu sofrimento é real.
Do mesmo modo, certos seres vivem iluminações, êxtases, no meio das piores condições materiais e, também neste caso, quem é que vai convencê-los de que isso não é uma realidade?
Eles estão realmente mergulhados na alegria.

O sofrimento ou a alegria que uma pessoa vive talvez sejam as únicas coisas de que ela não duvida.
Com efeito, pode duvidar-se daquilo que se vê, daquilo que se ouve, daquilo em que se toca, mas daquilo que se sente, daquilo que se vive, nunca se pode duvidar; é uma realidade.
Neste sentido, pode dizer-se que o ser humano é dono da realidade, porque, se ele decidir ser habitado pelo Céu, consegui-lo-á e, quaisquer que sejam as condições, será o Céu que ele sentirá.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

terça-feira, 28 de março de 2017

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 28.03.2017

Em cada ano, na primavera, com o regresso da luz e do calor, todas as sementes enterradas no solo começam a germinar e a desenvolver-se.
Vós sabeis que é assim, já vistes isso acontecer, mas não compreendestes que pode ocorrer um fenómeno idêntico em vós, pois também em vós existem sementes: as qualidades e as virtudes que Deus depositou desde a origem; e, se elas não germinam e não se desenvolvem, é porque vós não pensais em expor-vos aos raios do Sol espiritual.

É com o objectivo de darmos às nossas sementes as melhores condições para crescerem e se manifestarem, que nós vamos todas as manhãs, desde os primeiros dias da primavera, ver nascer o Sol, que é a mais pura imagem da Divindade.
Ninguém deve considerar-se suficientemente inteligente ou sábio para menosprezar esta prática: no plano espiritual, tal como no plano físico, as sementes só germinam e se desenvolvem pela acção do Sol.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

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segunda-feira, 27 de março de 2017

O QUE É UM MESTRE ESPIRITUAL?






Capítulo  IX  -  A  DIMENSÃO  UNIVERSAL  DE  UM  MESTRE

Continuação

Agarrai-vos somente ao Ensinamento que eu vos trago e estareis incessantemente comigo.
Quando eu vejo uma alma que trabalha para a luz, sou atraído para ela como as borboletas para a luz de uma lâmpada.
Mas só nesta condição: que ela trabalhe para a luz.
Senão, não haverá nada a fazer, nem as promessas nem as ameaças me farão ceder.
Eu amo a luz, a beleza, a pureza: se vós trabalhardes para desenvolver estas qualidades eu estarei incessantemente convosco, o meu pensamento estará convosco para vos apoiar, para vos ajudar, para vos proteger.
Mas se eu vejo que quereis açambarcar-me só para vós e não deixar nada para os outros, perante esse egoísmo e essa incompreensão, eu tenho medo e faço tudo para vos escapar.
Não é para me monopolizardes que vós deveis vir aqui, mas para vos instruirdes e trabalhardes.
Ficai sabendo que, enquanto me procurardes unicamente no plano físico, eu jamais poderei satisfazer-vos, porque, materialmente, não tenho tempo para me ocupar fisicamente de todos vós.
Quando vos encontro, posso oferecer-vos uma avelã, um pistáchio, um bombom, um sorriso, apenas isso...
Mas se vós vos elevardes até ao domínio do pensamento, do espírito, aí eu posso ocupar-me de vós todos ao mesmo tempo e incessantemente.
Todos os dias, a cada momento do dia e da noite, vós recebeis alguma coisa, pois um Iniciado, que aprendeu a trabalhar com o pensamento, sabe criar correntes de forças no domínio subtil.
Por isso ele pode estar em toda a parte, por todo o Universo, e penetrar com a sua quinta-essência as plantas, os oceanos, as estrelas...
Direis vós: «Que orgulho, que vaidade!»
Pensai o que quiserdes, eu digo-vos a verdade.
Se me procurardes no plano físico, eu não vos servirei de grande coisa, mas se conseguirdes procurar-me noutras regiões, sentireis que eu me ocupo incessantemente de vós.
Como?
Isso é comigo; mas só isso me interessa: ocupar-me de vós e de muitos outros que não conheceis.
Se vós não sentis que recebeis qualquer coisa, é porque estais fechados, é porque não soubestes subir às regiões luminosas para compreender que tudo o que procuro é alimentar-vos com os elementos mais substanciais.
Eu vos digo com toda a humildade e simplicidade: noutras regiões, eu ocupo-me incessantemente de vós.
E também outros, entidades luminosas, se ocupam de vós...
Pois um Mestre, um verdadeiro Mestre, que está consciente do valor do trabalho divino, está sempre ligado ao Céu.
E, mesmo quando tem de ausentar-se para fazer outros trabalhos, ele permanece em comunicação com a sua Fraternidade.
Por isso, nesses momentos de ausência, existem sempre outras entidades do mundo invisível que vêm manifestar-se para o representar, para sustentar e apoiar a colectividade.
O discípulo nunca perde o que quer que seja se tiver confiança e amar o seu Mestre.
Ele será sempre apoiado, ajudado, esclarecido, vivificado, se não for pelo próprio Mestre, por aqueles a quem ele está continuamente ligado e que estão sempre presentes.
Muitos verificaram isto: quando eu estava ocupado noutro lugar e nem sequer estava ao corrente das suas dificuldades, eles recebiam ajuda.
Eles pensavam que ela vinha de mim, mas não, não era eu que os ajudava, mas sim amigos do mundo invisível que se manifestavam por mim.
Eles não são orgulhosos nem vaidosos e não os incomoda assumirem o meu rosto para se apresentarem diante de vós.
Mas eu, sou o último a ficar ao corrente do que se passou.

Recebi, há algum tempo, uma carta de um físico, investigador do CNRS* que me dizia: «Oh, Mestre, que clareza, que luz existe nos seus livros!
Eu conheci muitos movimentos espiritualistas, li muitos livros esotéricos, mas nunca encontrei em parte alguma os problemas essenciais explanados com uma tal clareza.
Eu gostaria de me encontrar consigo, mas a sós, porque não gosto da colectividade.
Pode receber-me?»
Bem, o que achais que eu devo responder-lhe?
É melhor ele não vir, pois não está preparado!
Não quero aqui pessoas que só se interessam pelas nossas ideias com o objectivo de depois se servirem delas só no seu interesse pessoal, egoísta.
Eu necessito de seres que gostam da colectividade e que desejam participar num trabalho colectivo para a vinda do Reino de Deus à face da terra.
Por isso, quando certas pessoas me dizem terminantemente que não gostam da colectividade e que querem encontrar-se só comigo, questiono-me sempre sobre como é que elas irão utilizar o que eu lhes disser e não tenho grande vontade de as receber.
Honra-me muito que queiram dar-se ao esforço de vir ter comigo, mas não tenho necessidade desses egoístas.
Eles que vão onde quiserem, mas não aqui!
E irei até mais longe.
Suponhamos que eu decido deixar de fazer conferências, não vos revelar mais nada.
Pois bem, isso não seria razão para já não virdes à Fraternidade.
Não se vem a um Ensinamento espiritual somente para adquirir conhecimentos, como se faz nas escolas e nas universidades, onde, uma vez terminados os estudos, os estudantes deixam os professores.
Aqui, vós vindes, é certo, para vos instruirdes, mas essa instrução deve servir-vos para fazerdes um trabalho.
E esse trabalho é formarmos todos juntos uma pilha de uma potência extraordinária a fim de iluminarmos e ajudarmos os humanos mergulhados nas trevas e nos sofrimentos...
Até ao dia em que conseguiremos, finalmente, trazer o Reino de Deus à terra.
O vosso objectivo nunca devo ser eu nem deve ser a ciência, mas o trabalho espiritual para o bem da humanidade.
E é um trabalho que pode perdurar eternamente.

* Centre National de Recherche Scientifique  (Centro Nacional de Investigação Científica)

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 27.03.2017

 Certas pessoas não suportam o silêncio, pois sentem-no como um vazio, uma ausência: ausência de movimento, ausência de vida.
Na realidade, há silêncio e silêncio, e pode dizer-se, de uma forma geral, que ele é de dois tipos: o da morte e o da vida superior.

É o silêncio da vida superior que devemos amar e cultivar em nós.
Este silêncio não é uma inércia, mas um trabalho intenso que se realiza no seio de uma harmonia perfeita.
Ele também não é um vazio, uma ausência, mas uma plenitude comparável à que é sentida pelos seres unidos por um grande amor: eles vivem algo tão profundo que não conseguem exprimi-lo, nem por gestos nem por palavras.
O verdadeiro silêncio é a expressão de uma presença, a presença divina.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

domingo, 26 de março de 2017

O QUE É UM MESTRE ESPIRITUAL?

MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV


Capítulo  IX  -  A  DIMENSÃO  UNIVERSAL  DE  UM  MESTRE


Não deveis vir à Fraternidade por mim, mas pelo Ensinamento, pois o Ensinamento é rico, vasto, infinito.
Se vierdes por mim, porque um dia eu vos fiz um sorriso, quando por acaso eu não vos sorrir, vós já não vireis.
Isso não é uma atitude séria.
Um Mestre está ocupado, sobrecarregado até e, nem sempre tem tempo para lançar olhares e fazer sorrisos.
Os discípulos não devem esperar isso dele, senão acabarão por perder o Mestre e o Ensinamento.
O que pode fazer o Mestre de um discípulo que só se agarra à sua pessoa e não às suas ideias?
Ele sente que esse discípulo só pensa em monopolizá-lo, em absorvê-lo e, como sabe quão perigoso isso é para si, faz tudo para se afastar dele e escapar-lhe.
Mas se ele vê que o discípulo vem pelo Ensinamento, apoia-o, ajuda-o, e assim esse discípulo inteligente conquistou ambos: o Ensinamento e o Mestre.
Como vedes, é claro: se quereis aproximar-vos de mim, ligai-vos ao Ensinamento.

Quantas cartas eu recebi, ao longo da minha vida, de certas mulheres - que, aliás, tinham grandes qualidades, não o nego - em cujas cabeças tinha entrado uma ideia bizarra: queriam casar comigo a todo o custo.
Por mais que eu lhes dissesse que já era casado, que a Fraternidade Branca Universal é a minha esposa, a minha noiva, não havia nada a fazer!
Eu explicava-lhes isto com toda a delicadeza (embora, por vezes, a mostarda me tivesse subido ao nariz), mas elas não conseguiam compreender que eu não podia aceitar os seus convites.
E digo-vos francamente que, quando vejo certos irmãos e irmãs que se agarram somente à minha personalidade, tenho medo, pois conheço todas as complicações daí decorrentes que me esperam e faço tudo para me afastar.
Como hei-de fazê-los compreender que pretendem algo impossível e perigoso?
Quando se sabe ler e decifrar o livro da Natureza viva, compreende-se que a ordem e a harmonia reinam no Universo porque o Sol está no centro deste e aí permanece.
Por isso, um Iniciado, um Mestre, que é responsável pela evolução de tantos seres humanos, deve ter de quando em quando uma conversinha com o Sol: «Ouve lá, querido Sol, há tantas pessoas que me amam e que gostariam de me atrair para elas!
O que é que me aconselhas?
Que devo eu fazer?»
O Sol responder-lhes-á: «Olha para mim e faz como eu.
Os planetas também me amam muito, giram à minha volta, mas eu permaneço no centro, não me desloco para ir ter com um ou com outro.
No entanto, eles dizem-me:"Ó querido Sol, se eu pudesse enroscar-me em ti, se eu pudesse abraçar-te!...
Vem junto de mim..."
Mas eu reflicto e penso: Eu também os amo e até mais; o amor de todos estes planetas juntos não pode comparar-se à imensidão do meu amor, porque no meu amor não existe qualquer interesse, mas somente a luz, o calor e a vida.
Mas, para o seu bem, eu sou obrigado a manter-me no meu lugar, a não correr atrás deles, senão isso causaria um cataclismo universal.
Estás a ver?
Eu tenho que permanecer no centro para manter a harmonia e a felicidade por todo o Universo.
Então, faz tu também como eu; nada te impede de amar todos os seres humanos, de lhes transmitir luz, de os inspirar, de os elevar e de os conduzir para as regiões celestes, mas não deixeis de estar no centro. - Sim, mas pedem-me que o faça! - Ora essa!, responderá o Sol, se fores contentar os desejos e os caprichos de uns e de outros, desconjuntar-se-á tudo!...»

Uma Escola Iniciática é como um sistema solar: existem nela numerosos planetas e até cometas, infelizmente, que se aproximam e depois se afastam...
E o Mestre, que está no centro como o Sol, deve permanecer no centro: ele dá a sua força. o seu calor, a sua luz, as suas bênçãos, as suas ideias, mas não sai do seu lugar, permanece no centro.
Alguns, que ignoravam que a sua decisão poderia provocar uma verdadeira catástrofe, aceitaram uma das suas discípulas como mulher, e os outros discípulos, ao verem o Mestre casar-se, abandonaram-no.
Os Mestre que agem assim não são verdadeiros sóis; simbolicamente, eles são antes... luas, pois, enquanto símbolo, a lua é mais influenciável, mais instável, mais sentimental, e é atraída pela terra.
Já existiram diversas luas no nosso sistema solar; os continentes são luas que caíram sobre a terra...
Talvez não acrediteis no que eu estou a dizer, mas isto está escrito nos arquivos da Ciência Iniciática.
Todos os Iniciados que têm este lado lunar, isto é, uma emotividade e um sentimentalismo muito desenvolvidos, são atraídos pelos humanos, mudam de lugar, deixam o centro.
Mas os verdadeiros sóis raciocinam, reflectem e permanecem imutáveis.
Isso não quer dizer que são frios, gelados, egoístas, não; eles dão o seu amor, a sua luz e as suas forças, mas mantêm o seu lugar no centro.
Eles permanecem imóveis mesmo diante das jovens mais encantadoras, mesmo diante das princesas, e dizem: «Eu enviar-vos-ei os meus raios, dar-vos-ei o meu afecto, mas deixai-me ficar onde estou.»

Continua





PENSAMENTO QUOTIDIANO - 26.03.2017


 «Saber, querer, ousar, calar-se.»
Estes quatro verbos resumem o programa daquele que percorre o caminho da Iniciação.
Perguntareis vós: «Mas porquê calar-se?»
Porque a partir do momento em que sabeis qual é o trabalho a fazer, tendes vontade de o fazer e ousais empreendê-lo, já nada há a acrescentar.
Será todo o vosso ser que apresentará os resultados desse trabalho.
Quando viveis um estado de paz, de alegria, é necessário dizê-lo aos outros?
Não, eles vêem-no, sentem-no.
E se fordes atravessados por uma tempestade interior, bem podereis dizer que viveis em serenidade e em harmonia, que ninguém acreditará em vós ou até se rirão na vossa cara!
Porque neste domínio também transparece tudo: a desordem, a cacofonia...

Os humanos falam, explicam...
Eles crêem que, dizendo muitas palavras e frases, conseguirão convencer os outros.
Se eles vivessem verdadeiramente aquilo que dizem, nem sequer precisariam de falar.
Por isso, meditai neste preceito tão significativo: "calar-se".


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV
 

sábado, 25 de março de 2017

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 25.03.2017

MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV


Aquele que quer adquirir o domínio do seu destino não deve dar muita importância ao que lhe vem do exterior: dificuldades ou facilidades, perdas ou benefícios.
Ele deve, simplesmente, trabalhar sabendo que todas as possibilidades estão nele próprio.
Deste modo, reforçar-se-á e tornar-se-á cada vez mais capaz de enfrentar todas as situações: os insucessos..., mas também os sucessos, pois tanto os sucessos como os insucessos comportam riscos.

Seja em que domínio for, não vos fieis em nenhuma aquisição exterior, em nenhum sucesso exterior.
Se eles vierem, serão bem-vindos, evidentemente, mas não conteis com eles, porque nada do que é exterior é definitivo nem vos pertence verdadeiramente; mais dia, menos dia, isso acaba por escapar-vos.
Deveis trabalhar só para serdes fortes interiormente - no vosso coração, no vosso intelecto, na vossa alma, no vosso espírito -, pois só o que tiverdes adquirido nesse domínio vos pertencerá eternamente.
E será assim que vos sentireis sempre livres e independentes.

sexta-feira, 24 de março de 2017

PENSAMENTO ESPIRITUAL - 24.03.2017

Os homens e as mulheres que se enamoram desejariam que o seu amor nunca terminasse.
Isso é possível, na condição de se conhecer certas regras e de as aplicar.
Se quereis realmente preservar o vosso amor por um ser, não vos apresseis a aproximar-vos dele fisicamente, pois, uma vez passadas as grandes ebulições, depressa ficareis fartos e começareis a ver aparecer os lados maus um do outro.
Para protegerdes a vossa inspiração, procurai manter uma certa distância.

Aqueles que querem conhecer tudo e provar tudo rapidamente, depressa deixam de sentir curiosidade um pelo outro e já nem sequer têm vontade de estar juntos, porque viram demais, "comeram" demais, estão saturados, e pronto, acabou-se!
Eles sacrificaram esse amor que lhes trazia todas as bençãos, que lhes trazia o Céu, por alguns momentos de prazer.
Por que não tentam eles estar mais vigilantes?
Por que se privam tão depressa dessas sensações subtis e poéticas que fariam perdurar o seu amor?


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

quinta-feira, 23 de março de 2017

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 23.03.2017

Há tantas coisas a descobrir quando assistimos ao nascer do Sol, tantos exercícios que podemos fazer para nos impregnarmos daquela vida, daquela luz, daquele calor!
Logo desde a aurora, prepara-se no Céu um verdadeiro acontecimento...
Todas as nuvens escuras ou claras que aparecem e desaparecem...
Depois, todas as cores da aurora, que são como outros tantos sinais anunciadores dessa presença deslumbrante: o Sol.

Vale a pena sentir o que representa o nascer do dia.
Há milhões e milhões de anos, cada novo dia repete incansavelmente o primeiro amanhecer do mundo...
E há imensas criaturas, visíveis e invisíveis, que assistem connosco a esse prodigioso aparecimento da luz!
Liguemo-nos a elas para saudar as forças da vida.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

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quarta-feira, 22 de março de 2017

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 22.03.2017

A esperança não é uma vaga aspiração a uma existência mais fácil, mais agradável.
É uma sabedoria que permite utilizar o passado e o presente para se projectar no futuro e agir sobre ele.
A esperança é a capacidade de viver uma realidade magnífica que ainda não se tornou actual.

Podemos dizer, assim, que a esperança é um antegozo da vida perfeita.
Graças a ela, vós comeis, bebeis e alimentais-vos de uma felicidade que ainda não tendes, mas que é a verdadeira realidade, pois a verdadeira realidade não está no plano físico, mas no mundo divino.
A verdadeira realidade é que vós sois herdeiros do Céu e da terra.
Como sois muito jovens e inexperientes, ainda não podeis tomar posse da vossa herança, mas ela existe e deveis saber que ela vos aguarda.
A esperança é isso.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

terça-feira, 21 de março de 2017

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 21.03.2017


Quereis atrair a boa vontade das entidades celestes, para que elas favoreçam a realização dos vossos projectos?
Trabalhai para criar a harmonia.

Aonde quer que estejam, as entidades luminosas são atraídas pela atmosfera que todos aqueles que se reúnem para servir uma ideia divina sabem criar.
Elas dizem entre si: «Ao contrário de tantos outros humanos, que só se juntam para combater inimigos, reais ou imaginários, eis seres que decidiram trabalhar juntos para preparar o Reino de Deus.
Vamos até junto deles e ajudemo-los.»
De cada momento de harmonia que vós conseguis criar, liberta-se um perfume, um perfume de que os humanos talvez não se apercebam, mas que essas entidades sentem.
E até as estrelas, lá em cima, no céu, vos sorriem e vos enviam mensagens de amor.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

segunda-feira, 20 de março de 2017

UMA FILOSOFIA UNIVERSAL



Capítulo  VIII  -  A  FRATERNIDADE,  UM  ESTADO  DE  CONSCIÊNCIA  SUPERIOR

Continuação

                                                                           III

Existem pois, no homem, elementos e tendências que jamais se poderá mudar, mas poder-se-á mudar a sua orientação: far-se-á convergir esses elementos e essas tendências para um único ponto, para o Cume.
Reparai nas pirâmides.
A pirâmide é um símbolo que nos ensina que tudo deve convergir para um só ponto, no Alto: a Causa Primeira, o Senhor.
Enquanto os elementos estiverem demasiado dispersos, demasiado divergentes, a paz não poderá instalar-se.
Foi dito: «Conhece-te a ti mesmo.»
É preciso conhecer o homem tal como ele é exteriormente, mas também interiormente.
Pois bem; interiormente, no plano espiritual, não há nenhuma diferença entre os seres: seja qual for a raça a que pertençam ou o seu grau de instrução, todos foram criados, formados, nas oficinas do Senhor com base no mesmo modelo.
Por ora, como desceram às regiões mais baixas da matéria, não podem deixar de se detestar; é impossível agirem de outra maneira.
Ide ver o que se passa nos pântanos ou na selva: todos se devoram uns aos outros.
Mas ide bastante mais alto, junto das hierarquias angélicas, e vereis seres que não cessam de se abraçar e de trocar presentes.
Sim, no Alto é assim, mas em baixo é a luta, é o ódio.
É por isso que os humanos, que desceram tão baixo, não podem fazer outra coisa que não seja exterminarem-se.
Depois, tiram conclusões sobre a vida e dizem que o homem é um lobo para o homem, que na terra reina a lei da selva... sim, é verdade; enquanto se fica em baixo.
Mas, quanto mais subirdes, mais encontrareis amor, amor, amor...
Se os humanos pudessem elevar-se bastante alto, ficariam tão maravilhados, tão deslumbrados com essa realidade, que estenderiam a mão uns aos outros, e isso seria a Idade de Ouro.
Vejo-me forçado a repetir que, sem a luz do Ensinamento da Fraternidade Branca Universal nunca se chegará a lado algum.
Mas com esta luz tudo é possível.
Alguns já compreenderam e trabalham nessa direcção, mas como não podem influenciar os homens que estão no poder, estes fazem o que querem, e a miséria do mundo continua.
Mas se nós prosseguirmos no nosso trabalho e se permanecermos verdadeiramente unidos, ligados, um belo dia conseguiremos sacudir os que governam com crueldade e injustiça e eles serão obrigados a mudar ou a dar o lugar a outros melhor preparados.
É preciso ir ao ponto de os obrigar.
Sem armas, claro, sem ameaças, sem nada além do poder da luz, mas é preciso obrigá-los.
Se fôssemos numerosos, eles seriam forçados a tomar-nos em consideração.
Perante uma tal luz, diante de um tal amor, de uma tal harmonia, todos capitulariam.
Temos o direito de obter vitórias, mas servindo-nos unicamente do poder da luz e do amor.
Pelas revoltas e pelos massacres, jamais se chega ao que quer que seja.
Muito pouco tempo depois é ainda pior.
Eu sou um revolucionário, ninguém é tão revolucionário como eu, mas não o sou à maneira de todos os outros.
Após cada revolução, são as mesmas desordens, as mesmas desonestidades, as mesmas devastações, as mesmas injustiças...
As vítimas e os carrascos mudaram de campo, mas há sempre vítimas e carrascos.
Então, onde está o progresso?
Não são as transformações exteriores que produzirão as verdadeiras melhorias.
É a mentalidade humana que é preciso mudar, é nela que se deve dar a verdadeira revolução.
É certo que muitos trabalham para a felicidade dos homens, para a paz no mundo, mas como não sabem com que bases trabalhar, tudo o que conseguem é fazer buracos na água.
Os verdadeiros progressos, as verdadeiras mudanças, fazem-se no pensamento, no coração, na alma, e graças à luz.
Não se pode mudar verdadeiramente o que quer que seja se se conservar a mesma mentalidade egoísta, desonesta, pérfida.
Como quereis que as mudanças sejam eficazes se a mentalidade continua a ser a mesma?
É das mentalidades que temos de ocupar-nos, porque, ao mudá-las, mudar-se-á automaticamente a sociedade.
Tudo depende das mentalidades.
E só se pode mudar as mentalidades com uma filosofia nova, verídica e eficaz!
Todos dizem que as coisas não vão bem no mundo, todos falam e escrevem para explicar que é preciso fazer mudanças, mas ninguém aponta verdadeiras soluções.
Há demasiadas palavras, demasiados livros; o que falta é o cimento que pode ligar os humanos: o amor.
É verdade que, presentemente, por todo o mundo os jovens procuram formar movimentos, associações.
Eles mostram-se inflamados, efervescentes; é formidável!
Mas como não estão bem instruídos, não sabem como hão-de agir.
Lançam-se nessas iniciativas sem saber como a natureza humana é complicada e difícil e, após algum tempo, entram em conflito, dilaceram-se uns aos outros e separam-se ao perceber que não fizeram melhor que os adultos que criticavam.
É magnífico querer revolver o mundo, mas é preciso ser instruído na Ciência Iniciática, senão apenas se fará tentativas infrutíferas.
É preciso estudar a natureza humana nas suas manifestações inferiores e nas suas manifestações superiores.
Enquanto só se conhecer o homem nos planos inferiores, poder-se-á dizer que ele é uma fera.
É preciso ir-se mais longe para se ver que também há nele uma divindade oculta.
A questão está em saber como fazer aparecer esta divindade que está no homem, e para isso o conhecimento da Ciência Iniciática é extremamente necessário.

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 20.03.2017

Na Natureza, tudo respira: as flores, as árvores, os oceanos e até as pedras...
Direis vós: «Mas não se pode conceber o fenómeno da respiração sem ser através dos pulmões!»
Por que não?
A vida não necessita, forçosamente, dos mesmos órgãos para assegurar as mesmas funções.
Observai uma árvore: ela não tem pulmões, nem estômago, nem fígado, nem intestinos; contudo, respira, alimenta-se, assimila, elimina, reproduz-se.
E muitas árvores até vivem bastante mais tempo do que os homens!
Elas resistem às intempéries, dão flores e frutos perfumados, ao passo que o homem, com todas as suas faculdades, é tão frágil que a mínima coisa pode destruí-lo.

A maior parte das pessoas tem ideias erradas acerca da Natureza.
Na sua opinião, para realmente, se estar vivo e ser inteligente, tem de se ser constituído como elas.
Mas a Natureza não quer saber das suas opiniões e dos seus sistemas.
Para ela, não é necessário ter pulmões e coração para se respirar, nem cérebro para se ser inteligente.
Ela criou a vida sob uma tal multiplicidade de formas, que nós nunca as descobriremos completamente.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

domingo, 19 de março de 2017

UMA FILOSOFIA UNIVERSAL



Capítulo  VIII  -  A  FRATERNIDADE,  UM  ESTADO  DE  CONSCIÊNCIA  SUPERIOR

Continuação

                                                                          III


Se olharmos o ser humano tal como ele se apresenta à primeira vista, parece-nos impossível, evidentemente, que toda a terra se torne uma família.
Exteriormente, é verdade, os homens são muito diferentes: a cor, o tipo físico, os costumes, a cultura, a religião...
E se fizéssemos parisienses e esquimós viverem juntos, esquimós em Paris ou parisienses na Lapónia, seria verdadeiramente complicado.
Mas, na realidade, se estudarmos melhor a questão, compreenderemos que no seu foro íntimo os humanos são todos parecidos, porque no Alto, na sua natureza superior, têm as mesmas necessidades, os mesmos desejos, o mesmo ideal.
Só que, como eles não vivem nessas regiões superiores para se conhecerem e verem que são idênticos, que são irmãos e irmãs, quando se olham aqui sentem-se tão afastados, diferentes, opostos, até, que chegam a detestar-se, a combater-se e mesmo a massacrar-se.
Pouco a pouco, a evolução levará os humanos a conhecerem-se melhor e, então eles ver-se-ão todos semelhantes, aspirando todos à alegria, à felicidade, ao conhecimento, à luz, e sofrendo todos da mesma maneira.
Nessa altura, começarão a compreender que as suas diferenças são apenas exteriores e que são seres semelhantes sob máscaras diferentes.
Como os actores duma peça de teatro, que se combatem ou se massacram em cena, mas na realidade pertencem à mesma companhia e são amigos.
Todos os seres desempenham comédias e tragédias, mas na realidade são todos irmãos e irmãs.
Portanto, se os povos que se guerreiam tomassem consciência de que vêm da mesma pátria do Alto, cessariam de se massacrar.
Mas esta consciência ainda não se manifestou: os humanos vivem demasiado baixo, ao nível dos interesses, dos desejos e das cobiças.
É preciso que cheguem finalmente a esta consciência de que são todos filhos e filhas dum mesmo pai e duma mesma mãe, o Pai Celeste e a Mãe Divina; nesse momento, o seu comportamento mudará.
Deveis reflectir, estudar, até que chegueis a esta verdade: quanto mais conhecemos o ser humano no mundo superior, mais nos apercebemos de que todos os seres são construídos da mesma maneira, com as mesmas necessidades.
Há que fazer, pois, todo um trabalho interior para despertar em si mesmo esta sensação de unidade.
Quando os humanos admitirem que as suas almas e os seus espíritos se fundem no Alto, formarão uma grande família, a grande família da Fraternidade Branca Universal, e automaticamente deixarão de se guerrear.
Na realidade, como vos tenho dito, a necessidade de se baterem nunca desaparecerá, as suas manifestações é que mudarão.
A guerra tornar-se-á, um dia, uma guerra de amor: os humanos, tal como as estrelas, enviarão uns aos outros, através do espaço, raios de amor.
Sim, porque quanto mais se evolui, mais as trocas que se fazem se tornam luz e amor, como as trocas que as constelações e os sóis fazem entre si.
Quando eu era muito jovem, na Bulgária, acontecia-me muitas vezes dormir ao relento, acima dos lagos de Rila.
Era a dois mil e quinhentos metros de altitude; algumas vezes, nevava durante a noite e eu despertava de manhã incrustado na neve.
Ah! que recordações magníficas!
Muitas vezes eu adormecia contemplando as estrelas.
E foi assim que descobri que as estrelas declararam guerra umas às outras, combatem-se com luz, e que um dia os humanos também se combaterão com raios de amor.
A Inteligência Cósmica jamais suprimirá no homem a necessidade de fazer guerra; as formas de guerra é que mudarão e, no futuro, já não haverá a guerra com canhões e bombas, mas com a luz, as cores, o amor.
Será uma guerra bem encarniçada!
Eu sou a favor dela e declarei guerra à humanidade inteira.
Ah! não há nada mais maravilhoso que esta guerra!

Continua

                                                                      
                                             

sábado, 18 de março de 2017

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 19.03.2017

Para se compreender o sofrimento e suportá-lo, não se deve considerá-lo um castigo.
O sofrimento é, antes de mais, um aviso, uma lição para travar os humanos que estão a escorregar por uma encosta, em vias de se perderem.
Quando eles teimam em não querer compreender, só resta o sofrimento para os instruir e os salvar.

Evidentemente, seria preferível não se ter de chegar a esse ponto; mas, o que fazer?
Depois de a Inteligência Cósmica já ter tentado a sabedoria, as explicações, enviando Iniciados e, ter tentado também o amor, a paciência, enviando santos, profetas, mártires, sem que, mesmo assim, haja midanças, só lhe resta utilizar as provações e, então ela deixa os déspotas, os criminosos, os carrascos, tomarem o poder.
A Inteligência Cósmica só utiliza o sofrimento em último recurso, quando, depois de ter tentado tudo, só resta este meio para fazer os humanos reflectirem.


UMA FILOSOFIA UNIVERSAL


Capítulo  VIII  -  A  FRATERNIDADE,  UM  ESTADO  DE  CONSCIÊNCIA  SUPERIOR

Continuação
                                                                            II

Vimos na História muitas pessoas que tinham grandes faculdades, em particular faculdades de cura de cura e clarividência, mas que se serviam sempre delas para o seu próprio enriquecimento, para seu prestígio; não se preocupavam em utilizar estes dons para a vinda do Reino de Deus e da Fraternidade Universal.
Era por isso que, apesar de todos os seus dons e poderes, nunca estavam satisfeitas.
Ao passo que as que trabalham para a colectividade, para a ideia da universalidade, nadam em felicidade; mesmo que não tenham grandes faculdades nem grandes poderes, são felizes porque reforçam a egrégora da Grande Fraternidade Branca Universal.
Cada movimento religioso, político, artístico, forma uma egrégora; cada país também.
Uma egrégora é um ser psíquico formado pelos fluidos, pelos pensamentos, pelos desejos de todos os membros que trabalham para o mesmo fim.
Muitas vezes, no Alto, as egrégoras guerreiam-se, e alguns clarividentes vêem este combate de egrégoras.
Cada uma tem as suas cores, as suas formas particulares.
A egrégora da França é um galo, a da Rússia um urso, etc...
Mas nem o urso, nem o galo, nem o tigre, nem o dragão resolverão as coisas.
Agora é preciso que a humanidade inteira forme a egrégora da pomba que traz a paz.
Mas quem a formará, se todos só trabalham para si próprios?
Os cristãos?
Ide ver na Irlanda se os católicos e os protestantes trabalham para a paz!

A Fraternidade Branca Universal apareceu na terra porque os espíritos no Alto decidiram introduzir uma nova corrente entre os humanos.
Direis que já há os Rosa-Cruz, os Teósofos, os Antropósofos, os Mazdeístas, os Cavaleiros de Malta, as Testemunhas de Jeová... e até as Trombetas do Eterno e, que isso basta.
Não, porque nada de maravilhoso ainda daí resultou.
Cada um trabalha para a sua capela, cada um crê possuir a verdade única e toma-se pelo centro do Universo.
Pode mesmo dizer-se que são os movimentos espiritualistas que contribuem para impedir a vinda do Reino de Deus à terra.
Mesmo que o seu objectivo seja o bem, a luz, eles não trabalham para a colectividade.
Só a Fraternidade Branca Universal aceita toda a gente com as suas particularidades.
Ela não pretende ultrapassar os outros movimentos pelo saber, pelas qualidades, pelos poderes e, menos ainda pela riqueza.
Eles têm tudo isso, são formidáveis, eu não diminuo o seu valor, não sou curto de vista, mas falta-lhes um elemento novo que nós trazemos: o calor, o amor, as trocas fraternais.
Eu assisti a reuniões de numerosos movimentos espiritualistas: as pessoas tinham um ar frio, orgulhoso, altivo.
Não é com uma tal atitude que o Reino de Deus virá à terra.
Nós, aqui, talvez possuamos um único elemento - o espírito da fraternidade -, mas de momento ele é o mais importante.
Todos estão cheios de ciência, de poderes, de riquezas, mas para que a terra se torne uma grande família é preciso este elemento de fraternidade que ainda poucos procuram.
Mas se doravante os humanos se decidirem a trabalhar para esta vida colectiva e já não cada um apenas pelo seu poder, pelo seu prestígio, pela sua glória, pela sua riqueza, o Reino de Deus poderá vir.
É simples e claro, basta trabalhar numa outra direcção.

O verdadeiro sentido da vida está em participar no trabalho destes Espíritos mais velhos que querem ajudar a humanidade e dizer para consigo: «Eu quero mudar, quero trabalhar para uma ideia divina.»
Então esta ideia crescerá e espalhar-se-á pelo mundo, levando bênçãos a toda a parte, fazendo nascer génios, santos, profetas.
Nada é mais importante que este trabalho.
Sem ele, é-se um cadáver ambulante.
Também vós compreendereis um dia que os humanos não sabem onde se encontra o seu verdadeiro interesse.
Colocando-o onde o colocam, só conseguem enfraquecer-se, ficar amarrados.
Precisam , pois, de uma nova luz, que só pode vir de seres que estudaram e sofreram para conhecer estas verdades.
Bem entendido, nada acontece de repente; são necessários tempo e esforços, mas pouco importam o tempo e os esforços, o essencial é saber que está ali o nosso interesse.
O nosso interesse está em encaminhar-mo-nos inteiramente para um objectivo celeste e, se for preciso passar por sofrimentos, isso não terá importância nenhuma.
O importante é caminhar para o que existe de melhor.

Continua

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 18.03.2017

É preciso saber utilizar alternadamente as faculdades do intelecto e as do coração, quer dizer, equilibrar a corrente fria, que circula na região da sabedoria, com a corrente quente do amor.
A verdade está neste equilíbrio.
Se não for temperado pela sabedoria, o amor leva à susceptibilidade, ao deixa-andar, à sensualidade; mas a sabedoria, sem o amor, conduz à frieza, ao menosprezo, à crueldade.
Portanto, o frio da sabedoria deve atenuar o calor do amor e o calor do amor deve moderar o frio da sabedoria.
A verdade, isto é, a vida, encontrará neste clima temperado as melhores condições.

Para o grão de trigo se desenvolver normalmente, precisa de calor, mas não demasiado, e de frio, mas também não em excesso.
Se há uma temperatura favorável para todas as sementes, por que não há-de ser também assim em relação à semente que o ser humano é?
Por que é que ele haveria de ser uma excepção?


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

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sexta-feira, 17 de março de 2017

UMA FILOSOFIA UNIVERSAL


Capítulo VIII  -  A  FRATERNIDADE,  UM  ESTADO  DE CONSCIÊNCIA  SUPERIOR

Continuação
                                                                            II

A prova de que esta questão só está meio resolvida é que exteriormente os humanos fizeram aquisições fantásticas, mas interiormente vivem ainda atormentados, infelizes, no vazio, no frio, na miséria, na escuridão.
Há pois, uma outra etapa a transpor.
Vede o que se passa nos países ocidentais: exteriormente todos os indivíduos são mais ou menos alimentados e alojados.
Mesmo os mais pobres, mesmo os mendigos, quando caem, são recolhidos e conduzidos aonde possam ser cuidados; mesmo os mais miseráveis, regra geral, há quem se ocupe deles.
Portanto, as condições exteriores são bem melhores que no passado.
Sim, mas interiormente...
E é esse o trabalho do futuro, meus queridos irmãos e irmãs: conseguir que a humanidade disponha interiormente das possibilidades de que  dispõe exteriormente.
O que é que impede os humanos de formarem a Fraternidade Branca Universal, de se tornarem todos irmãos?
O que é que os impede?
Já vo-lo tenho dito: uma ilusão!
Imaginam que serão muito mais felizes permanecendo separados, mas os anos passam e eles tornam-se cada vez mais infelizes.
É normal cada um continuar a viver a sua própria vida, ninguém vos pedirá que vos deixeis absorver pela vida dos outros.
Tendes a vossa vida, tendes o vosso organismo, sois separados, independentes, mas no mundo invisível deveis formar uma unidade.
As células do organismo não estão fundidas: uma célula do coração não é uma célula do estômago, cada uma mantém a sua individualidade, mas os seus elos, as suas afinidades, criam entre elas esse estado de harmonia a que chamamos saúde.
É assim tão difícil de compreender?
Ninguém pede a um negro que se torne branco ou a um branco que se torne negro ou amarelo.
Nem mesmo a um muçulmano que se torne budista ou a um budista que se torne cristão.
Os cristãos enviaram missionários para converter os índios, os negros, os amarelos, mas na maioria dos casos isso não deu bons resultados.
Que todos conservem pois, as suas particularidades, mas que exista entre eles uma compreensão graças à qual formarão uma unidade no mundo divino.
O ideal da Fraternidade Branca Universal é ensinar os humanos a não continuarem a trabalhar exclusivamente para eles próprios, mas para o mundo inteiro.
É difícil, eu sei, e de momento somos quase só nós a fazer este trabalho.
Mas é justamente quando é difícil que é preciso mostrar perante o Céu que se é fiel e verídico.
Quando muitos tiverem compreendido a necessidade desta atitude, nós teremos menos mérito.
É agora, em condições tão difíceis, que é meritório ser um modelo.
Se um dia o Céu me der a possibilidade de falar ao mundo inteiro, eu direi somente isto: «Vós todos, ricos e pobres, sábios e ignorantes, não sabeis onde está o vosso interesse e é por isso que estais em dificuldades inextricáveis.
Quando se trata de tirar proveito, de se divertir, de fazer guerra, logo vós apareceis, mas quando se trata de criar condições para que a humanidade inteira viva na felicidade, já não há ninguém.
Isso mostra, pois, que não sabeis onde está o vosso interesse.
Não desejais a felicidade, senão reunir-vos-íeis todos para a obter.»

Sim, quando se trata de bens materiais, de dinheiro, de casas, todos concordam em consagrar as suas energias para as adquirir.
Mas quando se trata da felicidade para todos, da liberdade, da alegria para o mundo inteiro, isso já nada lhes diz.
Como se explica isto?...
Quando os humanos conseguirem compreender qual é o seu interesse, todos os problemas serão resolvidos.
Na realidade, é a questão mais clara e mais simples que existe, mas eles não se detêm nela.
É preciso dizer-lhes: «Se tendes tantas infelicidades e dificuldades, é porque as desejais; consciente ou inconscientemente, desejai-las.
Se desejásseis o contrário, hoje mesmo isso poderia ser realizado.»
Eu vos digo que os humanos não sabem onde está o seu interesse.
Mas eu sei onde ele está: na Fraternidade Branca Universal, onde se ensina o homem a sair de todas as limitações, a fazer convergir os seus desejos, os seus pensamentos, os seus interesses e os seus trabalhos para a colectividade, para o lado universal da vida.
Dir-vos-ei ainda o seguinte: todos os movimentos espiritualistas que existem na terra são magníficos, necessários; todos procuram o saber, o poder, a realização.
Muito bem, mas eles não têm esta consciência alargada que lhes  permitiria preocuparem-se menos com a sua salvação individual, o que era próprio do passado, e fazer esforços no sentido colectivo.
Está muito certo desejar o saber e o poder, mas somente como meios para atingir um fim muito mais elevado: a fraternidade, a vida universal.

Continua

quinta-feira, 16 de março de 2017

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 17.03.2017

Para receberem as correntes benéficas que percorrem o espaço, os seres têm de se abrir.
O Senhor espalhou abundantemente todas as suas bênçãos e, se vós não as recebeis, é porque tendes uma concepção tão limitada da vida que vos separais d'Ele.
Depois, lamentais-vos: Ninguém me ouve, ninguém vem ajudar-me, estou só, estou abandonado.
Não é possível que Deus exista!»

Os humanos são extraordinários: põem-se numa situação deplorável e depois tiram a conclusão de que Deus não existe.
Nada disso!...
Eles que procurem um pouco abrir-se a Ele, comunicar com Ele, e descobrirão que Ele está sempre presente para os apoiar, para os iluminar, e que, se eles não receberam essa ajuda, essa luz, é porque se fecharam.
Aquele que se limita faz mal a si próprio.
Esforçai-vos por vos abrir, por alargar o vosso horizonte: sentir-vos-eis deslumbrados, sentireis as bênçãos da presença divina por toda a parte: acima de vós, à vossa volta e em vós.

UMA FILOSOFIA UNIVERSAL


Capítulo  VIII  -  A  FRATERNIDADE,  UM  ESTADO  DE  CONSCIÊNCIA  SUPERIOR

Continuação
                                                                             II

Por vezes, quando as pessoas não se sentem apresentáveis, por estarem mal vestidas ou mal dispostas, procuram esconder-se.
Noutros dias, pelo contrário, em que se sentem em boas condições, têm vontade de se mostrar para agradar aos outros e receber alguma coisa deles, nem que seja a sua aprovação.
É tão natural!
Mesmo nos animais e nas aves existe este instinto.
Eles sabem o que é belo e o que é feio.
Reparai no pavão: se perdeu as penas, esconde-se; caso contrário, passeia para as ostentar.
E isto não é verdadeiro unicamente em relação ao lado exterior; por isso eu ousei dizer um dia que, se uma pessoa não quer viver numa Fraternidade, é porque, interiormente, se sente detestável.
Sim, é absolutamente verdade.
Quando tendes bons sentimentos, muito amor, procurais derramá-los sobre os outros, eles correm em vós e extravasam...
E quando vos sentis fatigados, desgostosos, decepcionados, sentis necessidade de vos afastar.
Portanto, gostar de viver numa Fraternidade é já um bom sinal, ao passo que querer ficar sempre no seu buraquinho é uma péssima referência a vosso respeito.
Mesmo que vos julgueis muito inteligentes, ficai sabendo que a vossa inteligência é defeituosa.
Porque, repito, quando se é verdadeiramente rico interiormente, sente-se necessidade de dar das suas riquezas aos outros.
Todos os que amam a vida fraternal são, pois, bem vindos.
Mesmo que não tenham grandes capacidades, desde que emanem este amor fraternal serão úteis, porque é o elemento de que mais necessitamos.
Para melhorar o mundo, as qualidades intelectuais e artísticas não bastam; há até demasiados intelectuais, demasiados homens de ciência, demasiados artistas e, um número insuficiente de pessoas amantes da vida fraternal.
Quando os humanos começarem a compreender que a Fraternidade é que salvará o mundo, tudo mudará, mas isso ainda não chegou.
Bem entendido, a História mostra que, ao organizarem-se em sociedades, os humanos compreenderam, ao menos, que era vantajoso reunirem-se para viverem em conjunto, senão ainda estariam no ponto em que cada um tinha de passar todo o dia a procurar alimento nas florestas.
Quando eles viram a utilidade de se reunirem para terem vários braços e várias pernas, todos beneficiaram desta nova situação: enquanto um pescava ou ia à caça, outro fazia um tecido, outro arranjava a cabana, etc.
E eis como agora todos estão ao serviço de todos e podem aproveitar de tudo.
É desta maneira que o homem pode progredir; ele exerce somente uma pequena actividade algures e tudo está à sua disposição: as bibliotecas, os hospitais, os meios de transporte, a protecção da polícia... o que é impossível se se viver separado.
Foi desta maneira que, pela sua inteligência, o homem conseguiu organizar a vida colectiva de tal modo que agora possui meios para revolver o mundo inteiro.
Infelizmente, esta inteligência não está ainda no ponto desejável, porque é sempre desenvolvida com um objectivo egoísta.
Só aparentemente é que os humanos resolveram o problema da vida colectiva; exteriormente, formaram sociedades, mas interiormente permanecem separados e hostis uns para com os outros.
São ainda trogloditas: interiormente cada um vive isolado no seu buraquinho.
Exteriormente, vemos nações, povos, cujos membros se apoiam entre si: a defesa do território, a segurança social, os abonos de família... mas o homem ainda não compreendeu o significado deste progresso que conseguiu realizar na vida objectiva, ainda não decifrou todas estas facilidades, todas estas possibilidades, todos estes benefícios, ainda não os transpôs para o domínio interior.
Por isso, é necessário continuar-se a trabalhar para que de ora em diante seja interiormente, espiritualmente, que os seres consigam formar esta sociedade, esta unidade, caminhando todos juntos para o mesmo objectivo.
Por vezes, sem se darem conta disso, os países trabalham para a separação, para o isolamento.
Têm relações entre eles, bem entendido, e a isso chamam Ministério dos Negócios Estrangeiros, diplomacia, cooperação... mas na realidade cada um quer permanecer distinto dos outros, cada um quer mostrar-se uma potência formidável e impor-se aos seus vizinhos; no domínio interior não estão verdadeiramente ligados.
É preciso trabalhar, pois, para esta Fraternidade interior, para esta aproximação dos seres, dos povos, das nações, a fim de que eles atinjam a consciência sublime da unidade e vivam na plenitude, na abundância, na riqueza exterior e interior.

Continua

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 16.03.2017

MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

Os anais da Ciência Iniciática relatam que a espécie humana, tal como a conhecemos, não é a única que existiu na terra; foi precedida de outras humanidades e, entre elas, algumas tinham uma cultura muito mais avançada do que a nossa.
Elas desapareceram porque deram livre curso aos impulsos da sua natureza inferior; e a natureza inferior tem como único objectivo dominar e subjugar, tantos os outros como a Natureza.

É um péssimo presságio para o futuro da nossa humanidade o facto de se ver estas tendências de domínio manifestarem-se crescentemente e, tanto mais que os progressos da ciência e da técnica estão sempre a pôr novos meios à sua disposição.
Se os humanos não decidirem aprender a pôr os impulsos da sua natureza inferior ao serviço da sua natureza superior - as forças da alma e do espírito -, destruir-se-ão.
A Inteligência Cósmica, que vive na eternidade, "está-se nas tintas" para uma humanidade, deixá-la-á seguir por esse caminho.
Já desapareceram tantas humanidades que, se esta também desaparecer por sua própria culpa, isso não perturbará muito a Inteligência Cósmica; com uns quantos indivíduos que restarão, ela preparará uma nova.

quarta-feira, 15 de março de 2017

UMA FILOSOFIA UNIVERSAL


Capítulo  VIII  -  A  FRATERNIDADE,  UM  ESTADO  DE  CONSCIÊNCIA  SUPERIOR

Continuação

A humanidade assemelha-se a uma grande orquestra.
Cada ser pode ser comparado a um instrumento de música: clarinete, violoncelo, trompete, violino, piano, guitarra... e a vida divina que passa através de cada ser sopra nestes instrumentos ou aflora as suas cordas.
Cada criatura produz um som determinado e a Inteligência Cósmica combinou-as todas de modo a poderem formar uma sinfonia no Universo.
Só aqui na terra é que esta sinfonia não existe, porque os humanos, arrastados pelos seus instintos e paixões não conseguem vibrar como Deus os criou, em uníssono com a harmonia universal.
Não o conseguem porque a sua natureza inferior limita o campo da sua consciência.
Mas no dia em que começarem a ter como objectivo a colectividade, ou de preferência, a fraternidade, vibrarão em sintonia com todo o Universo e, em virtude desta sintonia, receberão as melhores correntes do Cosmos, restabelecerão as vias por onde as energias celestes poderão circular e vir visitá-los.
Nada é pior do que a vida puramente pessoal, que não está em sintonia com a vida colectiva, a vida universal, porque ela entope as condutas e impede a circulação das energias.
Devemos voltar à harmonia que Deus criou no começo.
Deus criou os humanos para que eles se harmonizem entre si como uma orquestra...
Mas nunca se compreendeu o que é uma orquestra ou um coro.
O nosso corpo físico, quando está em perfeito estado, é um coro em que todas as células, todos os órgãos, cantam em conjunto para produzir o bem-estar, a alegria, a saúde.
Quando as células já não cantam em harmonia, o homem sofre, sente-se desequilibrado, infeliz e, a doença assume formas diferentes consoante os sons desarmoniosos que os órgãos produziram.
Nunca se interpretou o facto de, numa orquestra, um músico não ter o direito de tocar como lhe aprouver: ele deve respeitar as notas, o compasso, as nuances, senão é expulso.
Pois bem, acreditai em mim: a humanidade não é uma boa orquestra; ouvem-se dissonâncias!
Todos cantam como doidos e tocam como calha; é de se tapar os ouvidos.
Cada um pensa que tem o direito de cantar como lhe apetece.
Não; mas só nas Escolas Iniciáticas é que se explica aos humanos que devem harmonizar-se.
Para se harmonizarem, eles têm de compreender que a harmonia é preferível.
Depois, é preciso desejarem-na com um grande amor e, por fim, decidirem-se a fazer esforços e sacrifícios para a realizar.
E depois?...
Depois, nada mais há a dizer, a harmonia falará por si mesma.
Fixai pois, esta ideia de que deveis fazer o possível por aceitar a Grande Fraternidade Branca Universal como um ponto de partida para a vossa evolução, porque não há outro caminho.
Se a felicidade e a abundância não desceram ainda à terra é porque a humanidade está dividida.
Todos procuram exclusivamente o seu próprio bem, não se sentem impelidos a trabalhar para o bem do mundo inteiro, permanecem no círculo estreito da sua  personalidade, e nestas condições o Reino de Deus não pode vir.
O nome da Fraternidade Branca Universal subentende um outro trabalho, com outros métodos, um outro ideal: o Reino de Deus, a felicidade da humanidade.
Tudo está compreendido nestas três palavras: Fraternidade Branca Universal...
Este nome incomoda algumas pessoas; ao que parece, elas são contra.
Tanto pior para elas; não sabem do que se privam.
Imaginai que pertenceis a uma orquestra: enquanto tocais a vossa partitura ouvis elevar-se à vossa volta a harmonia que vem dos outros instrumentos e ficais dilatados, felizes.
Tocais unicamente a vossa partitura e, toda aquela harmonia, toda aquela beleza que vos rodeia, vem até vós.
Ou tomai o exemplo dum coro: vós cantais somente algumas notas e todos os outros vos bombardeiam com uma poesia e com uma harmonia maravilhosas que vos dilatam.
Tudo o que eu quero é o vosso bem, nada mais.
Se não fosse verdade, há muito que vos teria vigarizado e fugido, dizendo: «Adeus, adeus!
Até à próxima!
Vinde cá buscar-me!»
Não me faltaram ocasiões: houve mulheres extraordinariamente ricas que, não sei porquê, quiseram casar comigo e dar-me toda a sua fortuna, mas nunca aceitei, isso não me interessava.
Portanto, não me tornei rico, mas permaneci livre para vos ajudar.
Porque o que conta para mim é o vosso bem, é ver-vos claros, límpidos, luminosos, fortes, poderosos, felizes.
Por que razão?...
Para minha satisfação pessoal, muito simplesmente.
Eu quero poder dizer para comigo: «Vês?
Conseguiste!»
E aqui quem é que fala, a personalidade ou a individualidade?
Cabe a vós analisar...
Dizia-vos eu um dia que nunca existe acto algum desinteressado, que mesmo o Senhor tem um interesse em relação a vós.
O desinteresse absoluto não existe; existem somente graus mais ou menos espirituais do interesse.
E ainda que não queirais outra coisa que não seja tornar os humanos felizes, luminosos e livres, tereis ainda um interesse, que é o de quererdes assemelhar-vos ao Sol, ao Senhor.
Este interesse é tão desinteressado que entra numa outra categoria e torna-se divino, mas, na realidade, tendes sempre um interesse.
E eu tenho um, o maior de todos: o de deixar em vós marcas do mundo divino, traços indeléveis, para que, mais tarde, quando estiverdes longe de mim, possais recordá-los.

Continua


PENSAMENTO QUOTIDIANO - 15.03.2017

Enquanto os humanos tentarem resolver os seus diferendos usando a força, mesmo que durante um certo tempo, possam imaginar que foram bem sucedidos, esse sucesso não durará.
Quando se constrange alguém, provoca-se sempre a sua natureza inferior, o seu desejo de fazer frente, de ripostar, de se desforrar.
O constrangimento é sentido como uma violência e suscita sempre a hostilidade, à qual se seguem anos e séculos de confrontos, sem se conseguir resolver o que quer que seja.

A solução está em ser bondoso, amoroso, humilde.
Bem entendido, nem tudo se resolve imediatamente, pois esta atitude pode começar por fazer os outros pensarem que aquele que age assim é ingénuo, fraco e, aproveitarem-se disso para continuarem a espezinhá-lo.
Porém, após algum tempo, quando se aperceberem de que a atitude dele não é ditada pela fraqueza, mas sim por um grande poder espiritual, acabam por mostrar-se mais abertos, mais conciliadores e, então é possível criar condições para um entendimento.


terça-feira, 14 de março de 2017

UMA FILOSOFIA UNIVERSAL



Capítulo  VIII  -  A  FRATERNIDADE,  UM  ESTADO  DE  CONSCIÊNCIA  SUPERIOR

                                                                              I

Quando lançamos um olhar sobre o mundo, sobre a sociedade, sobre as famílias, constatamos que tudo está organizado para satisfazer a natureza humana, o que significa, na realidade, a natureza animal, com os seus instintos mais primitivos.
Todas as regras, medidas, normas, todos os critérios da sociedade, a própria educação, tudo está concebido em função desta mentalidade tão difundida: puxar a brasa à sua sardinha, açambarcar, ganhar, lucrar.
Eis porque se vê tanta rivalidade, tantas lutas, tantos massacres...
No entanto, quando o homem foi criado nas oficinas do Senhor, a Inteligência Cósmica colocou nele germes destinados a desenvolverem-se um dia sob a forma de qualidades, de virtudes, de gestos sublimes de abnegação e de renúncia.
De tempos a tempos, vemo-los manifestarem-se em alguns seres...
A sua conduta prova-nos, sem dúvida, que uma natureza divina se manifesta através deles.
Mas eles são tão pouco numerosos que não podem influenciar a massa humana e, por vezes até se tornam suas vítimas, porque essa massa humana, incapaz de os apreciar, lança-se sobre eles para os massacrar.
Nas minhas conferências, tenho-me debruçado muitas vezes sobre esta questão tão importante das duas naturezas do ser humano: a natureza inferior, animal, a que chamei "personalidade", e a natureza superior, a natureza divina, que se encontra ainda adormecida em cada um de nós, porque ainda não nos demos ao trabalho de a desenvolver, e a que eu chamei "individualidade".
Estas duas naturezas estão tão intrincadas no homem que nem sempre ele consegue discernir qual das duas está a manifestar-se e, muitas vezes, quando ele julga estar a agir com honestidade e integridade, na realidade está a ir atrás da sua natureza inferior e comporta-se como um animal.
E se, presentemente, a anarquia e o egoísmo se tornaram lei, é porque a maioria dos humanos acha normal seguir a natureza inferior, animal, que está sempre desejosa de só fazer o que lhe "dá na gana" e de satisfazer todos os seus caprichos à custa dos outros, como se só ela existisse no mundo.
Suponde agora que um Iniciado, um Mestre, quer fazer sair os humanos desta desordem e cria uma Fraternidade para os levar a viver numa atmosfera de paz, onde ninguém é subjugado, ninguém é enfeitiçado, pelo contrário, onde cada um vê claro, se sente livre e independente, mas num clima de harmonia colectiva...
Quando um ser que não tem qualquer ideia acerca destas novas concepções chega a essa Fraternidade, é evidente que ela não lhe agrada, ele revolta-se e não faz outra coisa a não ser criticar: «Porque é que aqui toda a gente é respeitadora?
E que silêncio é este?
É subjugação, hipnotismo, feitiçaria; tenho de rejeitar tudo isto!»
Isto é, voltar ao caos.
Com uma tal mentalidade, os humanos não podem deixar de se precipitar para as catástrofes.
É o maior dos erros pensar e acreditar, como fazem muitos, que tornando-se anárquicos e contestatários, se mostram mais inteligentes, mais livres e mais poderosos.
Se estudassem como a Inteligência Cósmica criou o organismo humano, observariam, no seu funcionamento, leis que poderiam transpor para os outros planos.
Para que o organismo funcione bem e tenha boa saúde, é preciso que as células trabalhem em harmonia, com desapego, e não unicamente para elas mesmas: o estômago não deve digerir para si mesmo, nem o coração bater para si mesmo, nem os pulmões respirar para si mesmos... nem as pernas, nem os olhos, nem os ouvidos, nem o cérebro... mas para o conjunto, para o bem-estar de todo o corpo, do homem por inteiro.
Ao passo que entre os humanos é cada um por si.
Eis porque a humanidade é um organismo doente; tão doente que corre perigo de morte.
O bom funcionamento de um organismo depende do respeito pela lei do sacrifício, da impessoalidade.
Quando há uma manifestação de egocentrismo nalguma parte - células recalcitrantes que querem formar um estado dentro do Estado - ele adoece.
Estas células são como um tumor, um cancro que corrói o organismo, porque não obedecem à lei do amor; querem viver para elas mesmas.
É através do próprio ser humano que a Inteligência Cósmica nos fala, nos explica, nos ensina.
Mas todos vão instruir-se nos livros, com pessoas carunchosas, doentes, como se elas fossem as detentoras da verdade!
E lá onde a Natureza inscreveu tudo, lá onde se encontra uma biblioteca viva - o ser humano criado por Deus - ninguém vai aprender.
A vantagem da vida colectiva é que ela obriga o homem a harmonizar-se com outros seres: ele faz progressos por causa da sincronização com a colectividade.
E como a colectividade humana tende a estar em harmonia com uma colectividade mais vasta, a colectividade cósmica, ao procurar harmonizar-se com os outros, o homem entra em contacto com a Inteligência Cósmica e recebe as suas bênçãos.

Continua

PENSAMENTO QUOTIDIANO - 14.03.2017

Vós nunca encontrareis a estabilidade e a segurança interior que procurais enquanto permanecerdes na região dos sentimentos e das emoções, o plano astral, pois nessa região o clima, as condições atmosféricas, mudam continuamente: num dado momento, o sol brilha e sentis-vos felizes, depois vêm nuvens e surge a tristeza...
Num dado momento, vós amais, depois acontece qualquer coisa e já não amais...
No plano astral, tudo é sempre instável e inseguro.

 É impossível passar sem o sentimento, evidentemente; mas não instaleis nele a vossa morada e muito menos o vosso abrigo.
Podeis descer ao plano astral para lá passear, para o explorar, estudar as agitações e as perturbações que aí ocorrem, mas não habiteis nele.
Colocai a vossa morada muito mais acima, mesmo além do plano mental, pois o mundo dos pensamentos também não é perfeitamente seguro: vós mudais tantas vezes de opinião, ao sabor daquilo que julgais serem os vossos interesses!
E, também aí, há tantas decepções!
Para estardes em segurança, deveis elevar-vos até ao plano causal.
Jesus aconselhava: «Construí a vossa casa sobre rocha.»
Esta rocha simboliza o plano causal.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV