Existem duas formas de conhecimento, o intelectual e o espiritual; então, se se puder desenvolver os dois, melhor ainda.
Não podemos esquecer-nos de que a própria Natureza, ou seja, a Inteligência Cósmica, tem os olhos postos na evolução da humanidade: ela previu o desenvolvimento do ser humano nos dois sentidos, rumo à matéria e rumo ao espírito.
Mas como é extremamente difícil desenvolver os dois aspectos ao mesmo tempo, ela concedeu-lhe séculos, milénios, para trabalhar numa só direcção, mas deixou alguns canais abertos na outra direcção, para que a sua evolução espiritual não fosse entravada.
Então, o Espírito Cósmico decidiu permitir aos humanos que, na presente época, se desenvolvessem no domínio das sensações: da visão. da audição, do paladar, do tacto, etc. ...
Ele deixa-os descer à matéria para que se apoderem dela, a toquem, a explorem, a conheçam e, sobretudo, façam um trabalho com ela.
Não vos surpreendais, é assim mesmo, é uma passagem.
O espírito humano tem de descer cada vez mais profundamente na matéria para a conhecer, até ao ponto de esquecer quase por completo a sua pátria celeste onde vivia num passado longínquo.
Mas, ao conhecer cada vez melhor a matéria, ele vai fazendo aquisições e, sobretudo, começa a dominar a sua própria matéria.
Claro que, de momento, há apenas uma minoria que consegue isto, mas a finalidade da existência terrena do homem é descer ao corpo físico a fim de se tornar senhor das suas faculdades e de as utilizar para trabalhar sobre o mundo exterior.
Quando eu digo que o espírito humano «desce à matéria» quero dizer, antes de mais, «ao corpo físico», para se instalar nele, se apossar e se tornar senhor dele.
Seguidamente, quando já está bem «em sua casa», ele trabalha e age, então, sobre o meio exterior.
Também aí manipula as coisas com mestria: transforma, constrói, destrói...
É todo um período de involução, de descida à matéria.
Mas como tem projectos grandiosos para o ser humano, o Espírito Divino não permitirá que ele desça indefinidamente, abismando-se por completo, perdendo todo o contacto com o Céu e esquecendo as suas origens.
A partir do momento em que ele tiver atingido um estádio de suficiente controlo sobre si mesmo - sobre o seu cérebro, os seus membros e todas as suas faculdades -, de conhecimento de todas as propriedades dos elementos, outras influências, outras forças, outras correntes começarão a dirigi-lo, a elevá-lo e, progressivamente, ele recuperará as faculdades que possuía no passado distante: conhecerá em simultâneo a matéria e o espírito.
Está escrito no Génesis que Adão e Eva comeram do fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.
Isso significa que eles não se contentaram em conhecer apenas o espírito e quiseram descer à matéria; começaram, pois, a descer e, através da alegria e do sofrimento, da saúde e das doenças, é sobretudo o mal que eles têm estudado durante milhões de anos.
Estava nas suas mãos permanecer no Alto, no Paraíso, e comer apenas os frutos da Árvore da Vida Eterna, mas levados pela curiosidade, quiseram ver o que existia em baixo, e foi então que começaram a sofrer com o frio, a escuridão, as doenças, a morte.
E a humanidade continua ainda na sua descida...
Algumas religiões chamam a esta descida o «pecado original».
Mas também se pode interpretá-la como certos estudos em que o ser humano quis lançar-se.
Sim, esta Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal eram estudos que havia que fazer, estudos difíceis, pois o homem enfrenta uma matéria cada vez mais densa.
Mas que mal há nisso?
Ele escolheu descer para se instruir, e desceu; agora está mergulhado até ao pescoço nos seus estudos e vai-se dando conta do inferno em que se meteu.
Por agora, ele estuda o mal, mas um belo dia há-de reerguer-se para estudar o bem.
Eu conheço os projectos e os planos da Inteligência Cósmica, sei que, quando tiverem controlado e dominado a matéria graças aos cinco sentidos, os homens começarão a sua escalada de regresso às alturas para desenvolver então os seus sentidos espirituais.
Por isso, todos aqueles que desejam avançar pelo caminho da evolução devem começar a reduzir um pouco as sensações vividas por intermédio dos cinco sentidos e passar a procurar dentro de si.
O seu interior é vasto, é rico... mas é preciso procurar!
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