quinta-feira, 27 de março de 2014

O MUNDO DIVINO É A NOSSA TERRA INTERIOR

Se o homem despreza o elo que o une ao mundo divino, separa-se das suas verdadeiras raízes e perde o sentido da vida.
É preciso que isto fique claro para vós.
O mundo divino não é como um país estrangeiro, exterior a vós, que possais ignorar sem que isso acarrete consequências.
O mundo divino é a vossa terra interior, é o mundo da vossa alma e do vosso espírito e, cortando a ligação com ele, privais-vos dos recursos de que mais necessitais para viver.
Nas provações e dificuldades da vida, algumas pessoas retomam instintivamente o contacto com essa realidade superior.
Mas isso não basta.
É em todos os instantes da vida quotidiana que o homem deve estar consciente da presença, nele próprio, desse mundo tão rico e tão poderoso, e no qual ele pode captar incessantemente recursos espirituais: força, coragem, inspiração...
Por isso, a filosofia materialista que agora circula por esse mundo fora é uma filosofia criminosa; aliás, são cada vez mais visíveis os seus efeitos catastróficos na juventude, que assim fica privada de tudo o que poderia dar um sentido à sua vida.
Apesar do que pensam algumas pessoas, educar os jovens fazendo-os tomar consciência de que o mundo da alma e do espírito é uma realidade, não dá o mesmo resultado, do que se os privarem dessas noções.
Os acontecimentos da vida desenrolar-se-ão, para eles, de um modo completamente diferente. Ou melhor, eles encontrarão as mesmas dificuldades, os mesmos obstáculos que toda a gente, mas, como dispõem de meios, de forças, de poderes desconhecidos daqueles que não mantiveram o contacto com o mundo divino, em condições em que os outros fraquejam, desanimam ou seguem por caminhos tortuosos, eles, pelo contrário, progridem, aperfeiçoam-se e são um apoio, uma luz, para aqueles que os rodeiam.
É tão fácil de compreender!
Imaginai que acabais de pôr a funcionar uma tomada de corrente eléctrica: de imediato, podeis ligar o forno, a lâmpada, o rádio, o ventilador, o irradiador...
Enchei de gasolina o depósito do vosso carro: podereis partir imediatamente para uma longa viagem. Mas, se desligardes a tomada ou deixardes esvaziar o depósito do carro, ficareis paralisados, não podereis prosseguir as vossas actividades.
Pois bem, a maioria dos humanos encontram-se nesse estado: desligaram tudo, cortaram tudo, esvaziaram tudo e, evidentemente, ficaram bloqueados, diminuídos, no vazio, e para eles a vida já não pode ter sentido.
Aliás, são eles que o dizem, e é normal, pois na cabeça de alguns seres a vida não pode ter sentido.
Como se explica então, que ela seja maravilhosamente plena de sentido na cabeça de outros?...
A vida é o que o próprio homem é.
Se disserdes: ela é bela, é porque sois belos; e se pensardes que ela é absurda e feia, não estareis, de certo modo, a ver-vos ao espelho?...
A vida é à nossa imagem, só vemos nela o que trazemos em nós.
É por isso que encontramos sempre vidas diferentes umas das outras.
Na realidade, a vida é sempre a mesma... a mesma desconhecida!
Ninguém sabe o que é a verdadeira vida.
A vida de que se fala não é ainda a verdadeira vida, mas apenas uns reflexos pálidos ou enevoados dela.
Quantas pessoas dizem: «Pois é, meu velho, o que queres? É a vida!»
Um homem está doente, infeliz, arruinado, foi enganado pela mulher, e diz: «É a vida!»
Mas, de que vida se está a falar?...
Há vida e vida.
Há a vida do sapo, do javali, do crocodilo, mas também a vida da pomba, do anjo...
As pessoas dizem "a vida" e crêem que sabem do que estão a falar, imaginam que toda a gente possui o mesmo grau e a mesma qualidade de vida.
Não; ao dizer "a vida", cada pessoa fala apenas ao seu próprio nível e pronuncia-se exclusivamente em função da sua própria vida.
Mas a verdadeira vida, em toda a sua amplitude, grandeza e imensidão, essa, as pessoas não a conhecem, apenas podem aproximar-se dela; e ninguém se aproxima dela a menos que seja capaz de restabelecer a ligação com o mundo da alma e do espírito.


de  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

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