sábado, 31 de janeiro de 2015

O SOL, INICIADOR DA CIVILIZAÇÃO (Cont. III)

Conheci um dia um homem cuja maior paixão era encontrar ouro.
Tinha procurado toda a espécie de livros sobre tesouros, assim como sobre as práticas mágicas que permitem descobri-los.
Durante um certo tempo deixei-o andar, sem lhe dizer nada (evidentemente, ele não encontrava coisa nenhuma), e depois, um dia, perguntei-lhe: «Porque fazeis olhinhos bonitos à criada de quarto em vez de tentar ganhar a amizade da castelã?»
Ele ficou indignado: «Eu? Mas eu sou casado, não faço olhinhos bonitos a ninguém!-
Eu sei que sois casado e que sois um marido fiel, mas apesar disso vejo que tentais seduzir a criada de quarto.»
Ele continuava a não compreender.
Então, expliquei-lhe: «Ora bem, vós procurais ouro, mas o ouro é apenas a criada de quarto. A castelã é a luz do Sol, cuja condensação nas entranhas da Terra deu o ouro.
E quando a castelã vê que em vez de tentar obter as suas graças, os seus sorrisos, vós perseguis a criada de quarto, sente-se ofendida e fecha-vos a porta
Doravante dirigi-vos directamente à castelã, à luz do Sol, fazei o possível por amá-la, por compreendê-la, por atrair a s suas graças e, mais cedo o mais tarde, o ouro virá.
Porque não vos dirigis mais acima?
Se fordes amigo do rei, todos os seus súbditos terão consideração por vós. Mas se apenas ganhastes a amizade do porteiro, ficareis com o porteiro e os outros não vos conhecerão.»
Ele estava estupefacto: «Compreendi», disse.
Mas eu não acredito, pois ele continuou a piscar os olhos à criada de quarto.

Não é somente o ouro que é uma condensação da luz solar, mas também o carvão, o petróleo, a madeira e todos os materiais de que se faz toda a espécie de objectos.
Tudo o que as indústrias fabricam, e até o vestuário que usamos, foi produzido pelo Sol.
Toda a economia está baseada nos produtos do Sol, mas o Sol, esse, é esquecido.
Despreza-se o creador para correr em busca das cascas, dos restos, dos detritos das suas creações.
Há, pois, algo de errado na compreensão dos humanos, e está aí a origem dos seus maiores males, porque quando se abandona o essencial pelo secundário, o centro pela periferia, é inevitável que bata com a cabeça nas paredes, e é o que lhes acontece.
Por isso é necessário, agora, que eles restituam o primeiro lugar àquele que é a causa de tudo: o Sol.
A situação corrigir-se-á primeiro nas suas cabeças, em seguida na sociedade, e tudo irá muito melhor.
Direis: «Mas como é que a maneira de considerar o Sol pode ter semelhantes consequências?
É apenas um detalhe.»
Sim, parece ser apenas um detalhe, mas, com o tempo, esta inversão de valores acabou por acarretar consequências extremamente graves e complicadas em todos os domínios da vida.
Basta reflectir um pouco para compreender que o Sol é a origem de tudo o que existe na Terra.
Pedi-lhe que vos explique como é que ele meditou e trabalhou para fazer viver os humanos, como lhes preparou condições favoráveis de atmosfera, de temperatura... como doseou a luz e o calor para que a vida aparecesse.
Em primeiro lugar foram os vegetais, depois os peixes, os pássaros, os mamíferos e, finalmente, o homem.
Foi o Sol que preparou tudo para que nascessem uma cultura e uma civilização.
Foi ainda o Sol o primeiro agrónomo, visto que dele depende a distribuição da vegetação e também o seu crescimento e desenvolvimento.
É ele quem faz a miséria ou a riqueza, a fome ou a abundância.

Quando cheguei a França, em 1937, eu disse que no futuro a humanidade deixaria de utilizar a madeira, o carvão e o petróleo para produzir energia, e utilizaria unicamente os raios solares.
É evidente que nessa época não me acreditavam, mas agora começam a dar-me razão, pois cada vez mais se dá conta de que as fontes de energia utilizadas actualmente, estarão esgotadas dentro em pouco, e que será necessário recorrer às energias de natureza mais subtil, que são inesgotáveis.
No futuro, será graças à energia solar que nos iluminaremos, que nos aqueceremos, que viajaremos...
Alimentar-nos-emos, até, da luz do Sol.

Continua

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