domingo, 11 de janeiro de 2015

A RESPIRAÇÃO (Cont. VIII)

dimensão espiritual
e aplicações práticas

Pela respiração, pode-se captar no ar uma quinta-essência muito preciosa a que os yoguis hindus chamam "prâna".
O "prâna" está na base de todas as energias do Cosmos.
É de manhã, ao nascer do sol, que ele é mais abundante.
Ao fazer-se passar conscientemente o ar pelas narinas, põe-se a funcionar certas fábricas no corpo que começam a trabalhar para extrair esta quinta-essência.
Uma vez captada, ela começa a circular ao longo dos nervos.
Os yoguis, os sábios da Índia, que estudaram o sistema nervoso, compreenderam que este "prâna" tão subtil circula como fogo nas ramificações nervosas situadas de ambos os lados da coluna vertebral.
Do mesmo modo que o sangue circula através das veias, das artérias e dos vasos capilares, este fluído muito subtil, o "prâna", circula através do sistema nervoso.
É um alimento que aumenta a vitalidade, o equilíbrio, a lucidez.
Há muito tempo - eu ainda não devia ter dezassete anos, pois não tinha ainda encontrado o Mestre Peter Deunov... -, eu fazia imensos exercícios de respiração, e como era muito jovem e não dispunha de um instrutor para me guiar, não tinha qualquer noção da medida certa e acabei por adoecer. Mas recordo-me de que um dia, durante um desses exercícios de respiração, tive subitamente a sensação de ter aspirado um fogo que descia até aos meus pulmões.
Foram instantes de uma alegria, de uma felicidade, de uma iluminação indescritíveis.
Evidentemente, nessa altura eu não sabia o que estava a acontecer-me.
Anos mais tarde, compreendi que talvez fosse isso o Espírito Santo, esse fogo divino que o homem recebe em si por intermédio do ar.
A respiração tem grandes poderes, ela pode mesmo permitir, àqueles que se treinaram, saírem livremente do seu corpo e viajarem no espaço para conhecerem as realidades do mundo invisível de que nos falam os Iniciados.
Do modo de respirar depende também o despertar dos chacras e a aquisição das faculdades espirituais.
Há que aprender a respirar conscientemente, isto é, a ligar o pensamento à respiração, para se poder chegar às forças ocultas no subconsciente.
A respiração consciente e profunda traz bênçãos incalculáveis para a vida intelectual, para a vida emocional e para a vida física.
Precisais de observar os seus efeitos positivos no vosso cérebro, na vossa alma, em todas as vossas faculdades; é um factor muito importante para todos os domínios da vida.
Nunca deixeis esta questão de lado.
Nos pequenos factos da vida quotidiana, nas vossas relações com os outros, pensai também em respirar, isso permitir-vos-á controlardes-vos.
Antes de uma reunião, por exemplo, para que a conversa não degenere em disputa, ou quando tiverdes de fazer reprimendas a uma criança ou castigá-la, deveis afastar, com o auxílio de uma respiração profunda, tudo o que pode perturbar-vos: os pensamentos acalmar-se-ão e clarificar-se-ão.
Estudai-vos, observai-vos quando passais por um sofrimento, quando estais prestes a ceder à cólera ou à sensualidade: a vossa respiração perde a regularidade, a profundidade, torna-se desordenada, ofegante.
Uma respiração irregular desperta as forças negativas.
Respirai deste modo somente durante cinco minutos e desencadeareis forças negativas em vós... e vice-versa.
Já notastes que o ritmo respiratório abranda imenso durante o sono?
Como durante o sono, não se age, gasta-se apenas uma pequeníssima quantidade de materiais e necessita-se de muito pouco ar para alimentar a combustão.
Pelo contrário, no estado de vigília e sobretudo durante certas actividades, o ritmo respiratório acelera, porque é necessária uma quantidade de combustíveis muito maior.
Os pulmões permitem que os gastos de energia se façam sem que o homem pereça.
Se ele não respirasse, não receberia nada do ar ambiente para reanimar as suas energias e feneceria como uma vela que se consumiu completamente.
É por isso que eu digo que os humanos são cegos e ignorantes quando julgam que podem passar por todas as efervescências sexuais sem se esgotarem.
O seu ritmo respiratório durante essas efervescências prova-lhes, pelo contrário, que eles fazem grandes dispêndios de energia.


Na parte posterior do cérebro estão situados os centros do amor: amor à família, aos amigos, faculdade de trocas, de comunicação com os humanos, e mais abaixo, no cerebelo, o centro do amor sexual.
Assim quando o sangue aflui um pouco mais abundantemente a este último, vós sois impelidos a dar livre curso à vossa sensualidade.
Para escapar a esta tentação, deveis respirar profundamente: pouco depois, manifestar-vos-eis de um modo mais feliz, mais benéfico.

Continua

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

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