sábado, 17 de janeiro de 2015

A MEDITAÇÃO (Cont. III)

 Eis o que desde sempre os Iniciados sabem e nos ensinam: a meditação é uma questão psicológica, filosófica, um acto cósmico da maior importância.
E uma vez que o discípulo provou o sabor deste mundo superior, a sua convicção reforça-se e ele sente que as suas faculdades começam a obedecer-lhe: quando ele quer activar o seu pensamento, este é activado, quando quer pará-lo, ele pára, como se as células de todo o organismo tivessem decidido submeter-se.
Enquanto não conseguir este domínio, o discípulo precisa de horas e horas para se apaziguar, porque as suas células continuam a agitar-se, não o escutam e dizem-lhe: «Pensas que me metes medo?
Eu rio-me de ti, não tremo, não tenho respeito nenhum por ti, porque mostraste que és bastante estúpido, bastante ignorante» e só fazem o que lhes apetece.
Isto diz-vos alguma coisa, não é verdade?
Porém, há dias em que elas vos obedecem porque, por acaso ou conscientemente, fostes mais alto, desencadeastes forças superiores, ganhastes autoridade, e as células, como reconhecem a hierarquia, obedecem ao seu amo, ao seu senhor.
De resto, é assim que tudo se passa na vida: nas empresas, nos organismos públicos, no exército, cada um tem tendência para querer subir ao escalão superior para se tornar director, presidente, chefe de gabinete, general, porque nessa altura, e sobretudo quando se tem umas dragonas e umas condecoraçõezitas, os outros obedecem, inclinam-se.
Mesmo que se trate de um imbecil ou de um carrasco, não faz mal, obedecem-lhe.
Donde vem este sentido de hierarquia?
Não foram os seres humanos que o inventaram, porque eles não têm possibilidade de inventar seja o que for.
Eles apenas podem, por intuição, por tentativas ou por instinto, descobrir o que já existe a certos níveis da Natureza: em toda a Natureza existe uma hierarquia.
No céu (as estrelas, as constelações), na terra (os rios, as montanhas, as árvores, os animais), e até no homem, tudo está hierarquizado...
E já que as pessoas sabem muito bem que é preciso subir mais alguns degraus para se tornarem chefes e se imporem aos outros, porque não compreendem que no domínio espiritual é igualmente necessário subirem mais um degrau para que os habitantes do seu interior lhes obedeçam também?
É o mesmo princípio, a mesma regra.
E o que os Iniciados procuram é precisamente que tudo no interior lhes obedeça.
Eles não pretendem dominar as montanhas, as estrelas, os animais ou os homens, mas sim dominarem-se a eles próprios, para serem senhores do seu corpo, dos seus pensamentos e dos seus sentimentos, e trabalham para o conseguir.
Todos os exercícios espirituais, como a meditação, permitem ao homem escapar cada vez mais aos entraves, à prisão, aos grilhões que o submeteram completamente ao mundo subterrâneo.
Quantos seres foram feitos prisioneiros!
Não estavam esclarecidos e deixaram-se descambar até um mundo terrível a que se chama Inferno.
Chamai-lhe o que quiserdes, mas é um mundo real no qual muitos estão a perder-se por não terem querido servir-se dos meios de salvação que a Ciência Iniciática lhes ensina.
Julgavam-se muito inteligentes, mas na realidade eram apenas uns orgulhosos e uns obstinados, e eis onde isso os conduziu.
O único meio de sair dos tormentos, das angústias, é a meditação.

Todavia, como já vos disse, para se poder meditar é preciso ter-se resolvido primeiro um determinado número de coisas.
Quando uma mãe quer fazer um bolo, por exemplo, se todos os seus filhos estiverem à sua volta, chamando por ela, agarrando-se a ela, puxando-lhe pelo avental, ela não poderá fazer nada.
Para ficar tranquila, tem de pô-los na cama, a dormir.
Passa-se o mesmo connosco.
No nosso interior, nós temos filhos, uma grande ranchada de filhos!
É necessário, pois, pôr a dormir essas crianças exuberantes para se poder fazer o trabalho e, em seguida, quando este estiver feito, voltar para junto delas e distribuir o bolo!

Continua
OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV


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