domingo, 18 de janeiro de 2015

A MEDITAÇÃO (Cont. IV)

Para meditarmos, precisamos de conhecer a natureza do trabalho psíquico.
Por exemplo, nunca devemos exigir ao cérebro que se concentre bruscamente sobre um assunto, senão violentamos as células nervosas, bloqueamo-las e ficamos com dores de cabeça.
A primeira coisa a fazer é distendermo-nos e ficarmos, por assim dizer, passivos, velando pelo apaziguamento de todas as células.
É claro que sem treino não conseguiremos isto rapidamente, mas com o tempo bastarão apenas una segundos.
Portanto, antes do mais, é preciso trabalharmos com doçura, paz, amor e, sobretudo, não forçarmos.
É este o segredo para uma boa meditação.
E quando sentirdes que o vosso sistema nervoso está em boas condições, bem recarregado (porque esta atitude passiva permite ao organismo recuperar forças), podereis então orientar o vosso pensamento para o tema escolhido.
Para podermos fazer o trabalho todos os dias sem fadiga, para estarmos sempre aptos, activos, dinâmicos, temos de saber usar correctamente o nosso cérebro.
Isso é muito importante.
Se quiserdes continuar durante muitos anos com a vossa actividade espiritual, a partir de hoje tende o cuidado de não vos lançardes repentinamente sobre um tema, mesmo que o aprecieis, mesmo que ele vos interesse muito, porque isso desencadeará uma reacção violenta.
Começai docemente, tranquilamente.
Mergulhai no oceano da harmonia cósmica a fim de aí irdes buscar forças.
E quando, finalmente, vos sentirdes recarregados, avançai, lançai-vos num trabalho em que todo o vosso ser participa.
Sim, porque não é somente o intelecto, mas todo o vosso corpo, todo o conjunto das vossas células que deve estar mobilizado para fazer o trabalho espiritual.
Nos primeiros momentos, procurai, pois, não pensar, lançai apenas um olhar ao vosso interior para constatardes que tudo funciona bem.
Mas ocupai-vos também da respiração: respirai regularmente, não penseis em nada, senti simplesmente que respirais, tendo somente a consciência, a sensação de respirar...
Vereis como esta respiração irá introduzir um ritmo harmonioso nos vossos pensamentos, nos vossos sentimentos, em todo o vosso organismo; isto será muito benéfico.
Alguns dirão: «Mas eu não sei o que é a meditação, nem quero saber. Farei sacrifícios, serei caridoso, farei bem aos outros, e isso chega.»
Não, isso não chega porque, ao agirdes, podereis transgredir leis, podereis ensarilhar e destruir tudo, se não começardes por meditar.
Porquê?
Porque só a meditação vos permite ter uma visão clara das coisas: quem ajudar. como e em que domínio...
Podemos meditar sobre toda a espécie de assuntos: a saúde, a beleza, a riqueza, a inteligência, o poder, a glória... os anjos, os arcanjos e todas as hierarquias celestes.
Todos os temas de meditação são bons, mas o melhor é meditarmos sobre o próprio Deus, para nos impregnar do Seu amor, da Sua luz, da Sua força, para vivermos um momento na Sua eternidade... e meditarmos com o objectivo de O servir, de nos submetermos a Ele.
Não existe meditação mais poderosa nem mais benéfica.
Todas as outras têm como móbil o interesse, o proveito, a vontade de utilizar as forças ocultas a fim de se enriquecer ou de escravizar os outros.
Os Iniciados compreenderam que o mais vantajoso é precisamente não procurarem o que é vantajoso para eles, mas sim procurarem apenas ser servidores de Deus.
Tudo o resto é mais ou menos magia negra ou feitiçaria.
Por isso, sem se darem conta, a maioria dos ocultistas chafurdam na bruxaria, porque se servem das forças invisíveis para obterem mais posses, para dominarem, para subjugarem as mulheres, e não para servirem Deus.
Como vedes, na meditação há graus e graus...
Evidentemente, há que começar por meditar sobre temas acessíveis.
O ser humano foi criado em moldes tais que não pode viver naturalmente num mundo abstracto.
Deve, por isso, agarrar-se em primeiro lugar ao que é visível, tangível, próximo de si, àquilo de que gosta.
É muito fácil, como sabeis, uma pessoa concentrar-se nos alimentos quando não come há muito tempo.
Sem o querer, ela fica como o gato que se concentra no rato.
Nem é preciso esforçar-se!
As coisas correm por si.
E vede também como um rapaz se concentra na jovem que ama!
Sim, horas inteiras, dias inteiros, porque ela lhe agrada.
E também ele não precisa de fazer esforços. Que meditação!
Ele nem consegue interrompê-la...

Continua

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

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