domingo, 4 de janeiro de 2015

A RESPIRAÇÃO

dimensão espiritual
e aplicações práticas
I

Está escrito no Génesis que Deus formou o homem do pó da terra.
Foi deste modo que se traduziu a palavra hebraica "aphar".
Mas o verdadeiro sentido da palavra "aphar" é cinza.
Traduzir por pó ou por cinza não é a mesma coisa.
Se Deus formou o homem a partir da cinza, isso subentende que antes algo havia sido queimado e que, portanto, foi uma matéria queimada que serviu para formar o homem.
Depois, é dito: «Deus insuflou nas suas narinas um sopro de vida e o homem tornou-se um ser vivo.»
A vida do homem começou pois, por uma respiração, por um sopro, o sopro dado por Deus.

Para todo o ser humano, a vida começa pela respiração, pela primeira inspiração.
Quando uma criança nasce, o que ela deve começar por fazer para se tornar um habitante desta terra é uma inspiração; ela abre a boquinha, grita e todos rejubilam, pensando: «Pronto, está vivo!»
É graças à primeira inspiração que os pulmões se enchem de ar, começam a funcionar e desencadeiam a vida.
E anos e anos mais tarde, quando se diz de alguém que deu o último suspiro, toda a gente compreende que essa pessoa morreu.
A respiração é o começo e o fim.
A vida começa por uma inspiração e termina com uma expiração.

A vida é o maior dos mistérios.
Quantos pensadores e pesquisadores não têm trabalhado para o elucidar!
A tradição esotérica relata o caso de mágicos que teriam conseguido fabricar nos seus laboratórios, criaturas às quais davam vida e confiavam depois certos trabalhos.
Que existe de verdade em todas estas histórias?...
O que é garantido é que o mistério da vida sempre preocupou os espíritos.
Na realidade, todo o mistério da vida está contido na respiração. Mas a vida não está no ar em si mesmo, nem no facto de se respirar.
Ela provém de um elemento superior ao ar e para o qual este é um alimento: o fogo.
Sim, a vida encontra-se no fogo, no calor, e o ar tem por função manter o fogo.
A vida encontra-se no coração, é o coração que a contém como um fogo, e os pulmões são como um fole que aviva continuamente o fogo.
A origem, a causa primeira da vida é, pois, o fogo, e o ar, que é seu irmão, mantém-no e vivifica-o. Com a última expiração, o fogo extingue-se; o último suspiro extingue o fogo.
Vale pois, a pena, atentarmos no processo da respiração para reflectirmos, para compreendermos que a base da nossa existência reside nela, e exercitarmo-nos a fim de que ela se efectue cada vez melhor.
Na maior parte dos humanos este processo está entravado, diminuído ou envenenado. Por isso eles devem aprender a trabalhar com o ar a fim de animarem, purificarem e intensificarem a vida neles.

continua
OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

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