terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A RESPIRAÇÃO (Cont.III)

dimensão espiritual
e aplicações práticas
Do mesmo modo, se, ao assistirdes ao nascer do sol, não pensardes em reter os seus raios, se os deixardes passar sem nada fazer, eles ficarão inutilizados e serão ineficazes.
Mas, se os captardes conscientemente e se os acumulardes e comprimirdes em vós, abrir-lhes-eis um caminho no vosso espírito.
Eles circulam como uma força formidável, desencadeando centros poderosos, e vós sentireis que vos tornais como um turbilhão de fogo.
O grande segredo consiste sempre em fazer passar os elementos a um maior grau de subtilidade: tornar líquidos os elementos sólidos, tornar gasosos os elementos líquidos, tornar etéricos os elementos gasosos.
Aqueles que conseguem fazê-lo possuem o segredo de beber eternamente na Fonte.
Todos os seres o fazem já um pouco inconscientemente, é por isso que estão vivos, mas não o fazem de um modo pleno, fazem-no maquinalmente, sem pensar nisso.
Ora, o processo realiza-se em moldes diferentes, consoante se tem consciência dele ou não.
Subtilizar a matéria é libertar a energia que ela contém.
Tudo o que é espesso, compacto, pesado, representa uma matéria não organizada na qual a energia se mantém aprisionada.
Quanto mais energia uma pessoa aprisiona em si, como fazem os grandes comilões, por exemplo, pior ela faz a si própria.
Deve-se, pelo contrário, libertar a energia.
É esse, aliás, o papel da respiração durante as refeições: ela permite libertar melhor as energias contidas nos alimentos.
Eu já vo-lo disse muitas vezes: a nutrição é uma combustão; ora, o fogo necessita sempre de ar para ser avivado, é por isso que se sopra sobre ele.
Se fizerdes umas quantas respirações enquanto comeis, a combustão dos alimentos far-se-á melhor.
Para isso, basta fazerdes três ou quatro paragens durante uma refeição para respirardes profundamente: os alimentos libertarão assim, mais energias.
A nossa tarefa não é condensar, materializar, a energia, ela já está suficientemente condensada.
O que temos de fazer é libertá-la,
Os grandes Iniciados, que conhecem esta lei da desintegração da matéria, desagregam alguns milésimos de miligrama do seu cérebro, e graças à energia assim libertada fazem milagres.
Eles operam esta desintegração pelo pensamento.
É um segredo que conhecem há milénios. Eles aplicam a fissão do átomo ao seu próprio cérebro, que é uma matéria de uma riqueza inesgotável.

Alguém dirá: «Mas eu também sei desagregar a matéria; tive quarenta graus de febre e perdi cinco quilos!»
Não, de uma verdadeira libertação de energia vós deveis retirar forças. Convosco aconteceu o contrário, essa febre enfraqueceu-vos, destruiu numerosas células; vós perdestes matéria sem ganhar forças.
Ao passo que aqueles que meditam, desagregam, pela concentração, algumas partículas ínfimas de matéria que libertam energia, e isso é tanto mais benéfico e salutar quanto outras partículas mais puras, mais luminosas, vierem substituí-las.
O que não acontece no caso de uma doença ou de qualquer outro dispêndio de energia.
Há que conseguir discernir entre os dispêndios de energias, aqueles que vos enriquecem e aqueles que vos empobrecem.
Para se libertar os elementos etéricos do ar, é necessário pois, como eu vos dizia, "mastigá-lo".
Os pulmões compõem-se de várias regiões: uma é comparável à boca, outra ao estômago, mas com uma inversão de cima para baixo.
Aliás, observai os pulmões: não se assemelham eles a uma árvore invertida, com o tronco, os ramos e as folhas?
A árvore tem as folhas na sua parte superior ao passo que os pulmões têm as suas "folhas", os alvéolos, em baixo.
Por intermédio das suas folhas, a árvore faz trocas com a atmosfera gasosa exterior, ao passo que os pulmões deixam o ar penetrar neles "pelo tronco e pelos ramos".
Se agora quisermos levar mais longe a observação, aperceber-nos-emos de que a parte inferior dos pulmões funciona como uma boca e a parte superior como um estômago.
Quando comemos, nós introduzimos os alimentos em cima, na boca, para os mastigar e, depois eles descem para o estômago.
Quando respiramos, acontece o inverso: uma respiração profunda enche os pulmões de ar até abaixo, até ao fundo dos alvéolos, e estes "mastigam" o ar como uma boca; senão, a respiração é apenas superficial, o ar fica retido na parte superior dos pulmões (o seu "estômago") sem ser mastigado.
Deve-se praticar a respiração profunda, a respiração abdominal: se não se fizer descer o ar até à parte inferior dos pulmões, só se absorverá as suas partículas mais grosseiras.
Mas se se enviar o ar até abaixo, a ponto de fazer pressão sobre o diafragma, tendo o cuidado de o reter durante alguns instantes, a "boca" entra em funcionamento e é ela que retira as partículas etéricas mais subtis a fim de as enviar para todo o organismo.

Continua
OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

Sem comentários:

Enviar um comentário