segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A RESPIRAÇÃO (Cont.II)

dimensão espiritual
e aplicações práticas

Agora, para ajudar a compreender melhor o fenómeno da respiração e as suas leis, podemos compará-lo com o que se passa na nutrição.
O que é que se faz quando se come?
Antes de se dar os alimentos ao estômago, eles são mastigados.
A boca é como uma pequena cozinha onde se prepara os alimentos, onde eles são cortados, cozidos e temperados com um pouco de óleo, isto é, saliva, e são certas glândulas que se ocupam deste trabalho.
Por isso é aconselhável mastigar durante muito tempo os alimentos até eles se tornarem quase líquidos.
Se eles forem engolidos sem terem sido suficientemente mastigados, não estarão bem preparados e o organismo não poderá assimilá-los completamente, o que gera muitos resíduos.
Se os alimentos chegarem ao estômago insuficientemente mastigados, o organismo é obrigado a despender muita energia para os assimilar, e isso gera muitas fadigas.
Não penseis que a fadiga vem sempre de se trabalhar muito. Não, muitas vezes ela é provocada por um desperdício de forças.
E, precisamente, quando se engole a comida sem a ter mastigado bem, mas também sem a ter impregnado suficientemente com os seus pensamentos e sentimentos, ela é mais difícil de digerir e o organismo tem muita dificuldade em a assimilar.

Vós deveis saber que, para empreenderdes um trabalho espiritual em boas condições, é necessário introduzirdes primeiro a harmonia na vossa maneira de vos alimentardes e de respirardes.
Ora, estes dois processos são regidos pelas mesmas leis.
É mau respirar depressa sem que o ar tenha tempo de descer profundamente nos pulmões, para os encher, para os dilatar.
Deve-se respirar lentamente, profundamente, e até, de quando em quando, reter o ar nos pulmões durante alguns segundos, antes de o soltar.
Porquê?
Para o "mastigar".
Sim, os pulmões sabem mastigar o ar como a boca sabe mastigar os alimentos.
O ar que nós aspiramos é como uma "colherada", uma colherada cheia de forças incríveis.
Se ela for expelida muito depressa, os pulmões não poderão "cozê-la", "digeri-la", assimilá-la suficientemente para que o organismo beneficie das forças que ele contém.
É por isto que há tantas pessoas fatigadas, nervosas, irritáveis: elas não sabem alimentar-se de ar, correctamente; não o "mastigam", expelem-no imediatamente.
Elas respiram apenas com a parte superior dos pulmões e o resultado é que o ar viciado não pode ser expelido e substítuido por ar puro.
A respiração profunda é um exercício magnífico que se deve praticar, pois ele renova as energias.
Reparai: vós tendes um automóvel ou uma mota e dais-lhe um alimento líquido, a gasolina.
Quando a chispa do motor inflama a gasolina, esta transforma-se em gás (isto é, em elemento ar).
Liberta-se então uma energia, e é graças a essa transformação geradora de energia que os vaículos a motor podem funcionar.
Pois bem, acontece o mesmo quando nós comemos: à medida que os alimentos se desagregam na nossa boca, no nosso estômago, e assim por diante, eles passam sucessivamente por várias etapas e, de cada vez, isso liberta energia.
Acontece também o mesmo com o ar que nós respiramos.
Para se retirar do ar o máximo das suas riquezas, há que comprimi-lo, retê-lo nos pulmões. Durante esta compressão, o organismo trabalha: ele provoca o equivalente às fases de ignição e de explosão num motor.
Como o ar não pode sair, a Natureza abre-lhe pequeníssimos caminhos no organismo a fim de ele poder aí circular.
Se o expelis imediatamente, se o deixais sair, toda a energia que ele contém se perde.
Graças à retenção, a energia segue todos os canaizinhos que a Natureza preparou para ela.
A Natureza diz-lhe: «Vem por aqui! Passa por ali!...», pois dispõs, no percurso da energia, certas engrenagens que devem ser accionadas para começarem a mover-se.

continua

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

www.prosveta.com


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