terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A MEDITAÇÃO (Cont. VI)

Vós conheceis também a parábola dos servidores e dos talentos.
É a mesma ideia.
O criado foi punido porque tinha enterrado os talentos.
Este mau servidor representa os que nunca fizeram qualquer trabalho, que se divertem, que só pensam em enriquecer e em viver melhor na terra.
Isso não tem qualquer relação com a filosofia do Cristo.
Enviaram-nos à terra para fazermos um trabalho, e em seguida o Senhor dar-nos-á tudo, todo o Universo nos pertencerá.
Por isso, entristece-me ver como muitas pessoas, que se dizem espiritualistas, ocultistas, místicas, encaram a sua existência na terra.
Casam-se, têm filhos, fazem festas, comem e bebem exactamente como os seres humanos vulgares.
E que fazem do trabalho para o qual foram enviadas à terra?
Nada.
E quanto a vós, analisai-vos e vereis que aquilo que fazeis também não tem qualquer relação com a filosofia do Cristo.

Dei-vos hoje os dois melhores temas de meditação: como nos consagrarmos inteiramente ao serviço da Divindade e como realizarmos, concretizarmos, materializarmos na terra todo o Céu que está no Alto.
O sentido da vida está contido nestas duas actividades e o que está fora delas tem um significado, é certo, mas não um significado divino.
Deus criou o homem à sua imagem, criou o homem para que ele se torne como Ele.
Se não acreditais em mim, ide perguntar-Lhe!

Toda a minha vida procurei o que existe de melhor e encontrei-o.
Porém, encontrar não significa que em seguida se cruza os braços e não se faz mais nada.
Pelo contrário, é nesse momento que é preciso começar a trabalhar, porque aquilo que se encontrou deve-se realizá-lo também aqui na terra, como já o foi no Alto.
Não basta que muitas coisas já tenham sido realizadas no pensamento.
É preciso realizá-las também no plano físico e é isso que é moroso e difícil.

Evidentemente, haveria ainda muitas coisas a acrescentar, mas basta por hoje.
É necessário que compreendais a importância da meditação e, sobretudo, que para obterdes resultados, deveis estar atentos aos vossos pensamentos, sentimentos e actos, quer dizer, a toda a vossa maneira de viver.
Começai por meditar sobre temas simples, acessíveis, para conseguirdes chegar pouco a pouco aos temas mais sublimes, e um dia já não trabalhareis senão para vos tornardes um instrumento nas mãos de Deus e para realizardes o Céu na terra.
Não há nada mais grandioso, mais divino!
É o cumprimento de todas as leis divinas, de toda a sabedoria.
Nunca esqueçais que pela meditação tendes todas as possibilidades de abrir caminho ao vosso ser interior, esse ser misterioso, subtil, para que ele possa sair, expandir-se, lançar um olhar sobre o espaço infinito para registar todas as suas maravilhas e depois as realizar no plano físico.
Evidentemente, durante a maior parte do tempo, o que esse ser que há em nós, vê, o que ele contempla, não chega à nossa consciência.
Contudo, repetindo muitas vezes estes exercícios, pouco a pouco as descobertas que ele faz tornar-se-ão conscientes e assim instalar-se-á em nós um tesouro que ficará a ser nosso.
É preciso ganhar o gosto pela meditação, é preciso que ela entre no pensamento, no coração, na vontade, como uma necessidade, como um prazer sem o qual a vida já não tem sabor nem sentido.
Deveis esperar com impaciência esse momento em que finalmente ides mergulhar na eternidade e beber o elixir da vida imortal.
Não vejo ainda essa alegria e essa impaciência em vós.
É preciso ser como o bêbedo que só pensa no vinho e, no momento de meditar, dizer para si próprio: «Finalmente, a minha alma, o meu espírito e o meu coração vão poder abraçar o Universo, pelo menos por alguns instantes e encontrar-se face a face com a imensidão.»


Continua

OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

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