terça-feira, 4 de abril de 2017

RUMO AO REINO DA PAZ






Capítulo I  -  PARA  UMA  MELHOR  COMPREENSÃO  DA  PAZ

Continuação (3)

A paz tal como geralmente é compreendida não é a verdadeira paz.
Se, por alguns minutos ou algumas horas, não sentis interiormente nem agitação nem desordem, isso não é ainda a paz, porque não é um estado duradouro.
Uma vez que a verdadeira paz se instale, não mais podereis perdê-la.
Sim, a paz não é somente sentir-se bem, calmo e sem preocupações durante uns momentos, é algo mais profundo, muito mais precioso...
A paz, como vos disse, é um resultado.
Quando os instrumentos de uma orquestra estão perfeitamente afinados, quando todos os músicos, à força de tanto terem trabalhado com o maestro que os dirige, o conhecem, gostam dele e lhe obedecem, resulta daí uma extraordinária harmonia.
No ser humano, a paz é também uma harmonia, uma sintonia perfeita entre os elementos, as forças, as funções, os pensamentos, os sentimentos, as actividades.
Esta paz profunda, inexprimível, é muito difícil de obter, porque para isso são necessários a vontade, a paciência, o amor e um grande saber.
Só quando o discípulo começa a apreender e a compreender a natureza e as propriedades de cada elemento, de cada pensamento, de cada sentimento, de cada desejo, a fim de nunca introduzir em si nada que possa perturbar a sua harmonia interior e, finalmente, quando ele consegue eliminar do seu organismo tudo o que não vibra em uníssono, é que ele obtém a paz.
Se fumardes, se comerdes e beberdes não importa o quê, introduzireis no vosso organismo certos elementos nocivos que vos tornam doentes e não podereis ter paz.
Se tiverdes dores de dentes, se tiverdes cólicas ou palpitações, como quereis ter paz?
Introduzistes em vós partículas que provocam obstruções ou fermentações e agora é preciso eliminá-las
Esta lei aplica-se também no domínio psíquico.
Enquanto ignorardes a natureza dos vossos sentimentos, dos vossos pensamentos, dos vossos desejos, das vossas paixões, dos vossos instintos, e os respirardes e vos alimentardes deles sem saber se vos farão bem ou mal, nunca estareis em paz.
A paz é, pois, a consequência de um saber profundo sobre a natureza dos elementos de que o homem se alimenta em todos os planos.
E a par deste saber, bem entendido, como tenho vindo a dizer-vos, é necessária uma grande atenção, uma vontade poderosa para nunca deixar que se introduzam elementos perturbadores.
Os Iniciados dão tanta importância à pureza porque verificaram há muito tempo que, à menor impureza no seu corpo físico, nos seus sentimentos ou nos seus pensamentos, perdiam a paz.

A paz, como acabo de dizer-vos, é o resultado de uma harmonia entre todos os elementos que constituem o homem: o espírito, a alma, o intelecto, o coração, a vontade e o corpo físico.
E ela é tão difícil de obter justamente porque estes elementos raramente estão em harmonia.
Determinado homem tem pensamentos lúcidos, sábios, mas eis que o seu coração, onde se introduziu um sentimento inferior, o pressiona a fazer disparates.
Ou, se ele está animado dos melhores desejos, é a vontade que está paralisada.
Como quereis que, nestas contradições, ele se sinta em paz?
A paz é a última coisa que o homem pode obter.
Mas quando, após toda a espécie de sofrimentos e lutas, de reveses e de vitórias, ele consegue finalmente fazer triunfar a sua natureza divina sobre todas as revoltas e todos os alaridos da sua natureza inferior, então, e só então, ele pode encontrar a paz.
Antes, talvez consiga viver momentos deliciosos, mas isso não dura muito.
Assim, ouve-se muitas pessoas dizerem: «Perdi a paz.»

Continua


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