quinta-feira, 20 de abril de 2017
RESPOSTAS À QUESTÃO DO MAL
Capítulo VIII - ACERCA DO SUICÍDIO
Continuação (3)
Algumas pessoas pensam que escapam às dificuldades pondo fim à vida.
Na verdade, é ainda pior, depois, quando estiverem do outro lado, porque ninguém tem o direito de partir antes do termo; é uma deserção que terá de ser paga duas vezes, três vezes mais caro.
Lá em cima não há lugar para aqueles que quiseram desertar da terra, e não querem recebê-los: terão de sofrer tanto tempo quanto o que ainda lhes restava viver na terra.
A atitude de quem põe fim à vida é extremamente repreensível.
Em primeiro lugar, essas pessoas são ignorantes, porque não conhecem a razão das provações que têm de suportar.
Depois, são orgulhosas, porque julgam saber melhor que os Vinte e Quatro Anciãos aquilo que merecem.
Finalmente, são fracas, porque não suportam as dificuldades.
Demonstram, pois, ignorância, orgulho e fraqueza.
E o mundo invisível fica descontente com esses seres porque eles abandonaram o seu posto.
Dir-me-eis: «Mas alguns suicidaram-se porque tinham um ideal extraordinário que não conseguiram atingir.
Ao verem que não conseguiam, ficavam tão decepcionados consigo próprios que acabavam com as suas vidas.»
Ora bem: isso também não é permitido.
Quando se tem um grande ideal, o essencial é trabalhar para realizá-lo, sem fixar uma data para a sua realização.
Se não se foi bem sucedido foi porque ainda não se possuía os elementos que fariam o sucesso; é próprio do orgulho não querer admitir isso e suprimir-se.
Dever-se-ia ter perseverado!
A maioria dos humanos pensam que vieram à terra para viverem em felicidade e realizarem as suas ambições.
Mas não: eles vieram à terra para pagarem as suas dívidas, para se instruírem e se reforçarem.
É por isso que o Céu não pode ter estima por quem tomou a decisão de pôr termo à sua vida, porque tais seres colocam-se acima dos Senhores de todos os destinos, e os sofrimentos que terão de suportar a seguir são indescritíveis.
Eis mais uma das grandes verdades da Ciência Iniciática.
É claro que se pode dar ao suicídio toda a espécie de explicações.
Mas, sejam quais forem as razões porque um homem ou uma mulher se suicida, pode dizer-se que a verdadeira razão é esta: trata-se de uma criatura que não sabe que o Criador colocou nela possibilidades incríveis de triunfar em quaisquer condições de vida: possibilidades de comunicar com os seres do mundo invisível, possibilidades de criar pelo pensamento e de lançar essas criações através do espaço...
Ela não sabe que, mesmo na maior solidão e na maior miséria, é possível não se sentir pobre e só, mas visitada, rodeada e senhora de todos os tesouros; aconteça o que acontecer, ela tem dentro de si um mundo tão vasto e tão belo para se sentir feliz!
Existem seres a quem nenhum acontecimento, nenhuma situação abala, porque têm um sistema filosófico ao qual se agarram.
Porque se diz nos Evangelhos que devemos construir a nossa casa sobre a rocha?
A rocha é o espírito, e o espírito permanece inabalável em todas as circunstâncias.
O coração, o intelecto ou o corpo físico são vulneráveis, mas o espírito não.
Os humanos estão muito mal instruídos; eles não sabem o que Deus colocou neles próprios e, à mais pequena decepção, pensam que a única solução é o suicídio.
O que quer isso dizer?
Que são génios?
Que são seres tão excepcionais que não podem suportar o mal no mundo?...
Não, são pobres miseráveis privados de tudo: de inteligência, de amor, de força; só a sua fraqueza os leva a acabarem assim.
Que tenha havido na História homens e mulheres heróicos que ofereceram a vida para salvarem um exército, uma cidade, um povo, isso eu compreendo, é uma outra questão.
Eu não me refiro a esses, mas a todos aqueles - principalmente jovens - que se preparam para acabar lamentavelmente, porque se sentem sós ou incompreendidos.
Continua
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