domingo, 30 de abril de 2017

A LIBERDADE, VITÓRIA DO ESPÍRITO






Capítulo  VI  -  A  VERDADEIRA LIBERDADE  É  UMA  CONSAGRAÇÃO

Continuação (2)

Para todos aqueles que não têm um objectivo divino, uma ideia divina, um ideal sublime nas suas mentes, o Diabo encontra ocupações: loucuras, paixões, aventuras medonhas...
Sim, porque eram livres!
Para se ser livre e ao mesmo tempo protegido é preciso estar-se comprometido como Céu, preenchido, ocupado pelo Céu.
O vazio não existe, por isso devemos apressar-nos a não ser livres e a colocar-nos à disposição das forças celestes, senão seremos apanhados pelas forças infernais.
Nós estamos situados entre um mundo sublime de harmonia e luz e um outro mundo, caótico, tenebroso.
Estes dois mundos, a que se chama Céu e Inferno, guerreiam-se através de nós e, na nossa ignorância, permitimos ao mundo tenebroso que se infiltre e viva em nós.
Em consequência, somos incessantemente assediados e sentimo-nos infelizes.
A solução do problema da liberdade está numa compreensão correcta destes dois processos: aproximação e afastamento.
Só quando nos comprometemos com o Céu, nos submetemos ao Céu, é que encontramos a liberdade, porque as forças celestes não são forças que reprimam ou escravizem; pelo contrário, elas organizam, harmonizam e embelezam.
Os humanos consideram a liberdade um bem tão precioso que estão dispostos a dar a vida por ela, mas, infelizmente, ainda não entendem bem essa liberdade que amam e procuram.
Um país não quer ser subjugado por outro; bom, compreende-se; mas suponde que esse outro país é o Céu...
Não será melhor ser governado, dirigido, por um país inteligente?
Reparai no que frequentemente acontece: um país quer libertar-se do domínio de outro, mas, uma vez que o consegue, são os cidadãos ditos "livres" que tentam agora impor-se uns aos outros, se subjugam mutuamente e se massacram!
É lícito que um país adquira e proteja a sua independência, mas é insuficiente colocar o problema da liberdade unicamente nesse plano.
A liberdade é uma questão interior.
Muitas pessoas são livres exteriormente, mas não o são interiormente, porque os pensamentos e sentimentos que as perseguem privam-nas da liberdade.
A liberdade deve ser considerada como um estado interior produzido pelos pensamentos e pelos sentimentos.
É desejável, claro, que as pessoas sejam livres fisicamente, mas a liberdade física nunca deve preceder a liberdade interior, porque é precisamente a liberdade física que poderá levá-las a cair em armadilhas.
Quantas vezes se viu isso!
Vós julgais que sois livres porque não estais na prisão nem sois escravos, algures.
Sim, mas interiormente, não sois obrigados a servir tiranos?
Se vos analisardes, vereis que todas as escolhas que julgais ter feito livremente, foram ditadas, na realidade, por certos desejos, certas paixões, que vos dominam e às quais não conseguis resistir.
Trata-se, pois, de uma liberdade enganadora...
Quantas lutas os humanos travaram para serem livres no domínio social ou político!
É pena não terem feito os mesmos esforços, não terem empreendido os mesmos combates, para serem livres espiritualmente.
Muitas pessoas são como aqueles cavalos que o fazendeiro ata a uma estaca com uma corda: enquanto não tentam ultrapassar o limite, são livres de se mover, mas se tentam ir mais longe, a corda estica e impede-os de o fazer.
Do mesmo modo, enquanto se trata de dar satisfação aos seus apetites materiais ou aos seus desejos grosseiros, as pessoas não se sentem limitadas, mas se um dia quiserem chegar às regiões mais subtis, mais espirituais, serão obrigadas a constatar o quanto são limitadas, pesadas, escravizadas.
A verdadeira liberdade é não ficar preso por qualquer amarra.
Sempre que obedeceis a um desejo inferior, vós sois escravos, e na terra só se vêem escravos, pobres infelizes que, empurrados constantemente para um lado e para o outro, pensam justificar as suas asneiras dizendo: «Foi mais forte que eu.»
Quando um homem pronuncia estas palavras já é um escravo, está à mercê de alguém.
Um homem livre nunca diz «foi mais forte que eu», pois essa é a frase da capitulação, o cartão de visita onde se pode ler: eu sou escravo, sou fraco, sou um zero.
«O quê?
Mas no meu cartão está escrito: Presidente disto, Director daquilo, Inspector...»
Ah, é possível, mas eu leio algo completamente diferente.
Que quereis?
Quando se é deformado como eu, lê-se nas entrelinhas!

Continua

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