quarta-feira, 19 de abril de 2017

RESPOSTAS À QUESTÃO DO MAL






Capítulo  VIII  -  ACERCA  DO  SUICÍDIO

Continuação

Deveis aceitar esta filosofia que vos mostra que sois filhos de Deus, herdeiros de um tesouro que só espera o momento em que sejais capazes de o colher.
O que faz falta aos humanos é uma filosofia, e não qualquer outra coisa; eles têm tudo em si e à sua volta e estão sempre a queixar-se.
São rabugentos - é isso! -, sempre rabugentos, porque lhes falta uma filosofia divina.
É por isso que, quando eu vejo alguém fechado sobre si mesmo, sobre os seus problemas, tenho vontade de lhe dizer: «Mas, meu pobre infeliz, como podes tu ver alguma coisa?
Tu não sais, estás sempre fechado na tua mansarda.
Passeia um pouco, para poderes ver a tua herança: todas essas florestas, essas montanhas, esses lagos, esses rios, essas estrelas...
Compreenderás que possuis uma imensidão, que nada te falta.»
Os humanos parecem-se com aquele homem que caíra num lago e gritava: «Água, água, dêem-me água!»
Eles estão mergulhados no oceano da luz cósmica, mas têm tantas carapaças que essa luz não consegue penetrar neles.
Eis o actual estado de muitas pessoas no mundo: sentem-se infelizes, queixam-se, querem até, suicidar-se.
Não conseguem compreender que só elas são responsáveis pelo seu estado.
A Inteligência Cósmica não tinha vontade alguma de reduzi-las a este extremo; foram elas que, ao mostrarem-se tão obtusas, chegaram a essa situação; e suprimem-se porque - dizem - a vida não tem qualquer sentido!
Na realidade, a vida encerra ainda tantas possibilidades insuspeitadas!...
É a maior das tolices ficar prostrado a um canto, infeliz, no vazio, por se ser incapaz de as ver!

Voltemos agora à imagem do copo meio cheio e do copo meio vazio.
É claro que, do ponto de vista da simples constatação, dizer duma maneira ou doutra vem a dar no mesmo.
Mas constatar as coisas não é ainda a verdadeira ciência.
A verdadeira ciência consiste em vermos, na nossa vida, as consequências desta ou daquela constatação.
Quando dizeis que um copo está meio cheio, fixais o pensamento na plenitude e habituais-vos, assim, a ver o lado bom das coisas.
E, mesmo quando se vos depara um acontecimento desagradável, em vez de chorardes horas inteiras para "regardes o jardim", dizei para convosco: «Oh!, existem ainda algumas possibilidades, o Céu tem boas intenções a meu respeito, quer que eu desenvolva qualidades que ainda não possuo.
Quais são?»
Vós procurais... e, quando descobris, agradeceis-lhe por vos ter dado essa provação.
É uma filosofia muito difícil de aceitar, mas é a melhor.
A partir do instante em que começardes a aceitá-la verdadeiramente, nada mais poderá voltar a entravar-vos.
Qualquer que seja a situação que vos aconteça, vós avançareis porque estareis a raciocinar bem.
E agora imaginai que os humanos se comportam muito mal convosco; durante toda a vossa vida, por mais que façais, apesar de toda a vossa gentileza, doçura e bondade, choverão injustiças sobre vós.
Então, por fim, achareis que é tudo tão cruel que vos revoltais contra o Senhor e até quereis pôr fim à vida.
Esperai!
Ainda há um ponto que não compreendestes bem: porque continua o Céu a dar-vos essas provações, sempre as mesmas?...
Suponde que numa outra encarnação fostes cruéis para com certas criaturas.
Para vos mostrarem quanto mal lhes fizeste, são elas agora que, por sua vez, vos fazem sofrer, mas vós não compreendeis que a culpa é vossa.
Se assim não fosse, toda a gente deveria amar-vos, ajudar-vos, respeitar-vos - é uma lei.
Por conseguinte, embora as «injustiças» por que passais sejam muito gritantes, deveis tirar da cabeça essa ideia de que são injustiças.
Porque na realidade, essas injustiças visíveis e reais, são a expressão duma justiça invisível.
Por uma razão ou por outra, vós mereceis o que vos acontece: ou estais a pagar uma dívida ou, então, tendes que aprender uma verdade que não conheceis, ou ainda, deveis reforçar-vos e tornar-vos um génio, um gigante, um colosso.
O que impede os humanos de evoluir é o facto de pensarem que as dificuldades ou os infortúnios são o resultado duma injustiça.
Eles pensam: «O destino é injusto, e até o Senhor é injusto, eu merecia melhor.»
E como podem eles saber se mereciam melhor?
Eles nem se conhecem, não conhecem o seu passado, nem o seu presente, nem, muito menos, o seu futuro; por isso, como poderão pronunciar-se?
Mesmo quando, num processo, os juízes condenam um inocente - e quantos erros judiciários têm acontecido ao longo da História! - na realidade, há sempre uma justiça por detrás dessa injustiça.
Pode mesmo acontecer com Santos, Iniciados e grandes Mestres: muitos foram enforcados, queimados, crucificados; aparentemente, foi injusto, mas na realidade, não.
Os Vinte e Quatro Anciãos ou Senhores do Carma são absolutamente justos - as provações por que tais seres passaram tinham-lhes sido enviadas para os fazer pagar uma dívida, ou para os ajudar a compreender algumas verdades que sem isso não teriam compreendido, ou ainda, para os incitar a tornarem-se fortes, poderosos, invencíveis.

Continua

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