quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

O YOGA DA ALIMENTAÇÃO






I

ALIMENTAR-SE,  UM  ACTO  QUE  DIZ  RESPEITO  À  TOTALIDADE  DO  SER


Continuação

Deve-se comer lentamente e mastigar bem, não só porque isso favorece a digestão, é claro, mas também por uma outra razão: porque a boca, que é a primeira a receber o alimento, é o laboratório mais importante, pois é o mais espiritual.
A boca desempenha, num plano mais subtil, o papel de um verdadeiro estômago; ela absorve as partículas etéricas dos alimentos, as energias mais subtis e mais poderosas, sendo depois enviados para o estômago os materiais grosseiros.
A boca contém aparelhos extremamente aperfeiçoados, glândulas situadas sobre e sob a língua, que têm por missão captar as partículas etéricas dos alimentos.
Quantas vezes não fizestes vós a seguinte experiência: sentíeis uma fome imensa, estáveis quase inanimados e, começastes a comer.
Logo às primeiras garfadas, antes mesmo que a comida pudesse ter sido ingerida, já vos sentíeis restabelecidos, reanimados.
Como é que isso pôde ter acontecido tão depressa?
Graças à boca, o organismo já recebeu energias, elementos etéricos, que foram alimentar o sistema nervoso.
Antes de o estômago receber os alimentos, o sistema nervoso já está alimentado.
Não fiqueis admirados por eu falar dos elementos etéricos que devemos procurar captar nos alimentos.
Um fruto, por exemplo, é constituído por matérias sólidas, líquidas, gasosas e etéricas.
Toda a gente conhece bem as matérias sólidas e líquidas.
Mas há muito menos pessoas que dão importância aos perfumes, que já são mais subtis e pertencem ao domínio do ar.
Quanto ao lado etérico, que está ligado às cores do fruto e sobretudo à sua vida, esse constitui, pode dizer-se, um domínio totalmente ignorado e descurado, mas é, no entanto, da maior importância, pois é graças às partículas etéricas existentes na comida que o homem alimenta os seus corpos subtis.
Como o homem não possui unicamente um corpo físico, mas também outros corpos mais subtis, sedes das suas funções psíquicas e espirituais (corpos etérico, astral, mental, causal, búdico, átmico), ele vê-se, pois, perante a questão de saber como alimentar esses corpos subtis que, devido à sua ignorância, muitas vezes não estão a ser alimentados.
O homem sabe mais ou menos o que deve dar ao corpo físico (digo «mais ou menos» porque a maioria dos humanos come carne, o que é nocivo para a sua saúde física e psíquica), mas não sabe alimentar os outros corpos - o corpo etérico (ou corpo vital), o corpo astral (sede dos sentimentos e emoções), o corpo mental (sede do intelecto) - e ainda menos os outros corpos superiores.
Dizia-vos há momentos que é preciso mastigar bem os alimentos, mas a mastigação é relativa sobre tudo ao corpo físico.
Para o corpo etérico, há que acrescentar a respiração.
Assim como o ar aviva a chama - como sabeis, para activar o fogo é necessário soprara - também as respirações profundas durante a refeição produzem uma melhor combustão.
A digestão não é mais do que uma combustão, tal como a respiração e a reflexão; só o grau de calor e a pureza da matéria diferem de um processo para o outro.
Portanto, quando comeis, deveis deter-vos de vez em quando e respirar profundamente para que esta combustão permita ao corpo etérico retirar dos alimentos partículas mais subtis.
Sendo o corpo etérico o portador da vitalidade, da memória e da sensibilidade, só beneficiais com o seu bom desenvolvimento.
Quanto ao corpo astral, esse alimenta-se de sentimentos, de emoções; por conseguinte, de elementos que são constituídos por uma matéria ainda mais fina do que as partículas etéricas.
Se vos detiverdes durante alguns instantes, com amor, sobre os alimentos, preparais o vosso corpo astral para extrair deles partículas mais preciosas do que as partículas etéricas.
Quando o corpo astral tiver absorvido esses elementos, terá  todas as possibilidades de suscitar sentimentos de uma ordem extremamente elevada: o amor pelo mundo inteiro, a sensação de ser feliz, de estar em paz e de viver em harmonia com a Natureza.
Infelizmente, os humanos estão a perder cada vez mais esta sensação: deixaram de sentir este desejo de protecção, esta solicitude, este amor, esta amizade pelos objectos, pelas árvores, pelas montanhas, pelas estrelas; vivem inquietos, perturbados, e mesmo quando se refugiam em suas casas, mesmo durante o sono, sentem-se ameaçados.
Trata-se de uma impressão subjectiva, pois na realidade não estão tão ameaçados como isso, mas há algo, interiormente, que se vai desagregando e eles já não se sentem protegidos pela Mãe Natureza, porque o seu corpo astral não recebeu o alimento de que necessita.

Continua

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