segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O YOGA DA ALIMENTAÇÃO




I

ALIMENTAR-SE,  UM  ACTO  QUE  DIZ  RESPEITO  À  TOTALIDADE  DO  SER


Aquilo que vou dizer-vos acerca da alimentação é da maior importância, queridos irmãos e irmãs, e muito poucas pessoas o conhecem, mesmo entre as mais instruídas e avançadas.
De início, é claro, achareis que não tem grande interesse mas, à medida que fordes ouvindo aquilo que vos digo, e sobre tudo se começardes a pôr estas verdades em prática, sereis obrigados a reconhecer que elas podem enriquecer a vossa existência, transmitir-lhe beleza e transformá-la.

Imaginai que, devido a certas circunstâncias, ficastes privados de alimentos durante vários dias: estais tão fracos que não conseguis caminhar nem fazer um único movimento.
Mesmo que sejais extremamente instruídos ou ricos, todos os vossos conhecimentos e todas as vossas posses nada valem comparados com um pedaço de pão ou com um fruto que alguém possa trazer-vos.
Com a primeira dentada, sentis-vos logo reanimados.
Não achais maravilhoso?
Esta simples dentada desencadeou tantos mecanismos e forças que uma exixtência inteira não bastaria para enumerá-los todos.
Mas, já alguma vez vos detivestes um pouco para reflectir acerca da potência dos elementos contidos nos alimentos, e acerca do facto de que, para recuperardes fisicamente, será sempre mais eficaz uma refeição do que os vossos pensamentos, os vossos sentimentos e a vossa vontade?...
São esses alimentos, aos quais atribuís uma importância meramente instintiva, e não uma importância intelectual, consciente, são eles e só eles que têm a possibilidade de vos devolver a energia e a saúde.
Graças a eles, podeis continuar a agir, a falar, a sentir, a pensar.
De entre os seus múltiplos trabalhos, os Iniciados concederam um lugar de destaque às investigações acerca da alimentação.
Eles compreenderam que os alimentos, preparados nos laboratórios divinos com uma sabedoria inexprimível, contêm os elementos mágicos capazes de conservar ou restabelecer a saúde, não apenas física mas também psíquica, e de trazer as maiores revelações.
Mas, para se beneficiar desses elementos, é necessário conhecer as condições a preencher.
Evidentemente, é impossível não se constatar que toda a gente põe a questão da comida em primeiro lugar.
Todas as pessoas procuram, antes de tudo, resolver esta questão: trabalham todos os dias e até se batem por isso - muitas das guerras e revoluções não têm outra origem!
Mas esta atitude em relação à comida não passa de um instinto que os humanos ainda têm em comum com os animais; os humanos não compreenderam ainda a importância espiritual do acto de comer, não sabem comer.
Observai como eles se comportam durante as refeições: absorvem os alimentos de uma forma mecânica, inconsciente, engolem sem mastigar, fomentam na sua cabeça e no seu coração pensamentos e sentimentos caóticos, e muitas vezes até discutem enquanto comem.
Deste modo, perturbam o funcionamento do organismo, pois nenhum processo pode continuar a desenrolar-se correctamente: nem a digestão, nem as secreções, nem a eliminação das toxinas.
Há milhares de pessoas que adoecem sem saber que os seus males provêm da maneira como se alimentam.
Basta ver o que se passa nos lares: antes da refeição, ninguém tem nada a dizer a ninguém, estão todos ocupados, cada um no seu canto, a ler, a ouvir rádio ou a fazer uns biscates...
Mas quando chega a hora de ir para a mesa, todos têm histórias para contar, ou até, contas a ajustar; e falam, discutem, descompõem-se.
Depois de uma refeição destas, as pessoas têm necessidade de repousar, ou até dormir, pois sentem-se sonolentas, pesadas, e as que têm de ir trabalhar, fazem-no sem gosto nem entusiasmo.
Ao passo que aquelas que souberam comer correctamente, sentir-se-ão lúcidas e bem dispostas.
Dir-me-eis: «Mas então, como é que se deve comer?...»
Vou falar-vos da maneira como um Iniciado concebe a alimentação.
Como a questão consiste em pôr-se nas melhores condições para receber os alimentos preparados nos laboratórios da Natureza, um Iniciado começa por se recolher e, sobre tudo, não se envolve em conversas, come em silêncio.
Não se deve considerar o silêncio durante as refeições unicamente como um hábito de convento; um sábio, um Iniciado, come em silêncio.
E quando leva à boca a primeira garfada, mastiga-a conscientemente, durante o máximo de tempo possível, até que ela desapareça na sua boca sem que seja necessário engoli-la.
Sim, porque o estado em que se come a primeira garfada é extremamente importante.
Devemos, pois, preparar-nos para fazê-lo nas melhores disposições possíveis, porque é esta primeira garfada que desencadeia interiormente todos os mecanismos.
Nunca deveis esquecer que o momento mais importante de um acto é o seu começo, é ele que dá o sinal para o desencadeamento das forças, e essas forças não se detêm pelo caminho, vão até ao fim.
Se começardes num estado harmonioso, tudo o resto se fará harmoniosamente.

Continua

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