MESTRE OMRAAM MIKHAËL AÏVANHOV
Continuação - (parte 4)
A descida do Espírito Santo é um símbolo que se encontra em todas as tradições, mas muito poucos compreenderam o seu significado, por isso eu vou-vos explicar.
O Espírito Santo não é uma coisa estranha ao homem; é o seu Eu superior, é o símbolo de tudo o que é divino, celeste, resplandecente, luminoso e potente.
Direis vós: «dado que já muitos homens receberam o Espírito Santo, então é porque existem vários?»
Não, só existe um Espírito Santo, divino, cósmico, e cada Eu superior, dada a sua natureza divina, recebe dele a sua chispa e torna-se como o Espírito Santo.
Quando o homem recebe o Espírito Santo, é o seu próprio espírito que desce nele, o seu próprio espírito que é o seu Eu superior e que habita lá no Alto, no Sol.
Tenho-vos dito, frequentemente, que o homem está ligado ao seu Eu superior, o qual espera para entrar e tomar posse dele, mas é o próprio homem que, pelas suas impurezas, obstrói o caminho.
Se ele se purificar verdadeiramente e se chegar, um dia, à verdadeira santificação, descerá nele, o Espírito Santo, isto é, o seu Eu superior que pode realizar maravilhas, profetizar, curar e conhecer tudo.
Mas o Espírito Santo não se divide, o Espírito Santo é um Espírito Cósmico, é a própria Divindade, e o nosso Eu superior é da mesma natureza que o Espírito Santo, é feito da mesma quinta-essência, da mesma luz, é uma chispa, a gota de água no oceano divino que nós ainda não podemos receber porque ela é demasiado pura.
Tenho-vos dado a imagem do mercúrio, o qual, se o vertermos sobre uma mesa, por exemplo, se espalha em múltiplas e minúsculas gotas.
E cada gota é de tal modo viva, de tal modo ágil...
É extraordinário!
Porque é que se costuma dizer que as crianças são vivas como um azougue?
Porque elas se mexem muito, porque são vivas*.
Fazei uma experiência: colocai alguns grãos de poeira sobre uma mesa e procurai espalhar aí um pouco de mercúrio: as gotitas não podem reunir-se; mas noutro lugar, que não tenha poeira, assim que elas se tocam, formam um único corpo.
No primeiro caso, a pequena camada de poeira invisível impediu as gotas de mercúrio de se juntarem e de se fundirem numa só.
Em nós apresenta-se o mesmo fenómeno: a alma universal, a nossa alma, não se pode unir a nós porque há camadas de impurezas que o impedem.
Compreendeis agora por que é necessário que as pessoas se purifiquem a fim de que esta fusão se possa realizar.
Nesse momento, nós tornamo-nos Um, o nosso Eu superior e o nosso eu inferior reúnem-se de novo, são unicamente Um e, então possuímos o saber, podemos profetizar e fazer milagres.
Mas se esta fusão não se realiza, o nosso Eu superior permanece algures, separado de nós; ele tem os seus poderes, os seus conhecimentos, a sua riqueza, mas não no-los pode trazer.
É infeliz, vê que nós sofremos mas nada pode fazer por nós, não nos pode ajudar, salvo, através de outros seres.
Já que o Eu superior tudo sabe, porque é que em certos casos ele nos deixa fazer asneiras e enganarmo-nos?
Ele podia advertir-nos, isso era muito fácil para ele, mas é-lhe impossível fazê-lo porque está separado de nós, e nós sofremos por causa dos nossos erros.
Isto são coisas muito subtis sobre as quais as pessoas não reflectem e, no meu caso, foi isto que eu estudei e ainda outras coisas que vos vou revelando pouco a pouco.
* Jogo de palavras entre «vif-argent» (azougue, mercúrio) e «vivants» (vivas)
que só é possível em francês tal como aparece no original.
Continua
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