sexta-feira, 16 de setembro de 2016

DO HOMEM A DEUS

2º. Capítulo  - Páginas 25 a 32
Interrogar-vos-eis, por certo: «Porquê dez séfiras?
O Universo está realmente dividido em dez regiões?»
Não, e sobre este assunto há um ponto importante que deveis compreender.
A Árvore Sefirótica não se destina a ensinar-nos a astronomia nem a cosmologia.
Na realidade, ninguém pode dizer exactamente o que é o Universo nem como ele foi criado.
A Árvore Sefirótica representa um sistema de explicação do mundo, de natureza mística.
As suas bases são milenares.
Evidentemente, os espíritos excepcionais que o conceberam não possuíam telescópios, nem sequer lunetas astronómicas.
Pela meditação, pela contemplação, graças a uma vida interior intensa, eles conseguiram captar uma realidade cósmica que traduziram com a ajuda de imagens e relatos simbólicos.
É esta tradição, sempre retomada, sempre meditada ao longo dos séculos que, no essencial, chegou até nós.
A Árvore Sefirótica não é, pois, uma descrição exacta do nosso Universo, o que explica a ausência de certos planetas, a posição do sol, etc. ...
Mas voltemos às dez séfiras.
Porquê dez?
Porque este número representa uma totalidade, um conjunto acabado.
Séfira, eu já vos disse, significa numeração.
É a partir dos dez primeiros números que todas as combinações numéricas são possíveis.
Deus criou primeiro dez números, as dez séfiras, e com esses dez números Ele pode criar outros números, isto é, existências até ao infinito.
Os cabalistas mencionam, embora muito raramente, uma décima primeira séfira: Daath, cujo nome significa "Saber".
Eles colocam-na entre Kéther e Tiphéreth, mas ela não figura, geralmente, nas representações da Árvore Sefirótica.
Este quadro das séfiras, tal como o estão a ver, só representa as forças do bem.
Para o vosso aperfeiçoamento, são só elas que deveis estudar, é sobre elas que deveis concentrar-vos.
Mas a verdade é que a Cabala menciona também dez séfiras tenebrosas, chamadas kliphoth, que representam o reflexo invertido das séfiras divinas, exactamente como o Diabo é o reflexo invertido de Deus.
Estas séfiras maléficas também têm os seus nomes, as suas hierarquias de espíritos, mas eu não entrarei nos detalhes, não quero pronunciar esses nomes, pois não quero ligar-me a elas.
Por fim, para lá da séfira Kéther, os cabalistas colocam uma região a que eles chamam Aïn Soph Aur: luz sem fim, que é a região do Absoluto, de Deus não manifestado.
Para os cabalistas, o Universo é uma unidade de que a Árvore Sefirótica é a expressão perfeita.
Mas, nesta unidade, eles distinguem várias regiões.
Uma primeira divisão faz aparecer quatro planos.
De cima para baixo, esses planos são:

Olam Atsiluth ou mundo das Emanações, formado pelas séfiras Kéther, Hohmah e Binah;

Olam Briah ou mundo da Criação, formado pelas séfiras Hessed, Géburah e Tiphéreth;

Olam Iétsirah ou mundo da Formação, composto pelas séfiras Netsah, Hod e Iésod;

Olam Assiah ou mundo da Acção, formado só pela séfira Malhuth.

Também aqui existe uma hierarquização entre o mundo de cima e o mundo de baixo, que tem igualmente a sua correspondência no ser humano.
A Olam Atsiluth corresponde Neschamah, quer dizer, o plano divino da alma e do espírito.

A Olam Briah corresponde Ruah, quer dizer, o plano mental, o intelecto.

A Olam Iétsirah corresponde Néphesch, quer dizer, o plano astral, o coração.

A Olam Assiah corresponde Guph, o corpo físico.

Uma outra repartição faz aparecer três pilares.

À direita, o pilar da Clemência, denominado Yakin, que é uma força positiva, activa, e que corresponde às séfiras Hohmah, Hessed e Netsah.

À esquerda, o pilar do Rigor, denominado Boaz, que é uma força feminina, passiva, e que compreende as séfiras Binah, Géburah e Hod.

Por fim, o pilar central, que equilibra os outros dois, é composto pelas séfiras Kéther, Daath, Tiphereth e Malhuth.

Esta divisão exprime a ideia de que o Universo é governado pelos dois princípios antagonistas, o masculino e o feminino, a atracção e a repulsão, o amor e o ódio, a clemência e o rigor, e, que para se harmonizarem, essas forças devem encontrar-se no centro.

Possuís agora os elementos essenciais da Árvore Sefirótica.
Que fareis deles?...
É uma responsabilidade muito grave, para um instrutor, fazer entrar os humanos no santuário da Divindade, pois ele sabe que muito poucas pessoas estão aptas a compreender estas noções e a utilizá-las correctamente.
Isto para não falar daqueles que se servirão delas para práticas mágicas absolutamente repreensíveis; muitos, que não se apercebem do seu carácter sagrado, acham que podem, de imediato, passear-se pelo meio destes nomes como quem se passeia num jardim público e fazer malabarismos com as séfiras como se fossem bolas.
É com muita humildade e respeito que se deve abordar estes conhecimentos para deles se retirar grandes esclarecimentos.
Não é suficiente ler duas ou três vezes este quadro e fixar nomes que se mencionarão, de tempos a tempos, em conversa.
Para que se torne a base de um verdadeiro trabalho espiritual, a Árvore Sefirótica deve ser um tema de meditação permanente.
Tentai assimilar estas noções lentamente, digeri-las...
E não fiqueis admirados de me ouvir empregar termos que pertencem ao domínio da nutrição.
Esta meditação sobre a Árvore Sefirótica pode justamente ser comparada à nutrição.
Todos os dias vós comeis para estardes de boa saúde; entre um grande número de alimentos, escolheis alguns, que não são os mesmos de um dia para o outro.
Também na Árvore Sefirótica descobrireis uma imensa variedade de "alimentos", pois ela é um reflexo do Universo.
A religião e a filosofia estão representadas nela, claro, assim como a moral, a verdadeira, mas também as ciências e as artes: cabe-vos a vós aprender a alimentar-vos dela todos os dias.
É certo que muitos santos e místicos conseguiram progredir espiritualmente sem conhecer a Árvore Sefirótica, mas conhecê-la dá-nos uma visão mais clara do trabalho a realizar e, este método pode acompanhar-vos ao longo da vossa existência.
Nenhum quadro pode ultrapassar a Árvore da Vida.
Segui-o, o vosso pensamento deixará de vaguear ao acaso e vós recebereis bênçãos à medida que souberdes exercitar-vos e avançar nesta via.
Ao voltar amiúde à Árvore Sefirótica, acendereis luzes em vós e, essas luzes não só vos iluminarão, mas também vos purificarão, vos reforçarão, vos vivificarão e vos embelezarão.
Talvez nunca compreendais perfeitamente esta figura e, por maioria de razão, talvez não consigais realizar as virtudes e as forças que ela representa; mas ela não deixará de ser a representação de um mundo ideal que vos puxará sempre para o Alto.

MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

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