quinta-feira, 22 de setembro de 2016

A REENCARNAÇÃO (Continuação)

MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV


Vidélinata (Suiça), 11 de Dezembro de 1966

...
E se ainda não estiverdes convencidos, eis mais alguns argumentos.
Um dia, Jesus recebeu a informação de que João Baptista acabava de ser feito prisioneiro, e o texto diz unicamente: «Ao saber que João Baptista tinha sido entregue, Jesus retirou-se para a Galileia.»
Algum tempo depois, João Baptista foi decapitado por ordem de Herodes.
Após a transfiguração, os discípulos perguntaram a Jesus: «Porque afirmam os escribas que primeiramente virá Elias?»
E Jesus respondeu: «É verdade que Elias há-de vir e restabelecer todas as coisas, mas eu vos digo que Elias já veio, que eles não o reconheceram e o trataram como quiseram.»
E o texto acrescenta: «Os discípulos compreenderam que ele falava de João Baptista.»
Portanto, é claro que João Baptista era a reencarnação de Elias.
Aliás, o Evangelho refere também que quando um anjo apareceu a Zacarias, pai de João Baptista, para lhe anunciar que a sua mulher, Isabel, iria dar à luz um filho, foram estas as suas palavras: «Ele caminhará perante Deus com o espírito e a força de Elias.»
Vejamos agora a vida do profeta Elias e tentemos saber aquilo que ele fez, para que lhe tenha sido cortada a cabeça quando ele reencarnou mais tarde sob a forma de João Baptista.
É uma história muito interessante.
Elias vivia no tempo do rei Achab.
Achab tinha desposado Jesebel, filha do rei de Sidon, e por causa dela, rendia culto a Baal.
Elias apresentou-se perante o rei Achab para lhe reprovar a sua infidelidade ao Deus de Israel e disse-lhe: «Não haverá estes anos nem orvalho, nem chuva, senão pela minha palavra.»
Depois partiu e, por ordem de Deus, foi esconder-se nas montanhas para escapar às buscas que o rei mandara fazer.
Ao cabo de três anos, a seca tinha causado grandes prejuízos em toda a região: o povo sofria os efeitos da fome, e Deus enviou Elias novamente à presença do rei Achab.
Logo que o viu, o rei acusou violentamente Elias de ser a causa daquela seca.
«Não, disse o profeta, és tu a causa porque abandonaste o Eterno para render culto ao deus Baal.
Vamos ver agora quem é o verdadeiro Deus.
Ordena que todos os profetas de Baal se reúnam no Monte Carmelo.»
Todos os profetas foram reunidos e Elias disse: «Agora, tragam dois touros; ergueremos dois altares, um para Baal e outro para o Eterno.
Os profetas invocarão Baal e eu invocarei o Eterno.
O Deus que responder pelo fogo será o verdadeiro Deus.»
Os profetas começaram; desde o nascer-do-sol até ao meio-dia, fizeram invocações: «Baal... Baal... Baal... responde-nos...»
Mas não houve resposta, e Elias fazia troça deles: «gritai um pouco mais alto para que ele vos oiça, pois pode estar absorto com alguma coisa ou andar em viagem, ou então estar a dormir.»
Os profetas gritavam com mais força e, como conheciam a prática da magia, chegaram até a fazer incisões nos seus próprios corpos, porque tinham a esperança de atrair,  através do sangue que corria, larvas e outros elementais que fariam cair o fogo sobre o altar.
Mas nada aconteceu.
Então, Elias disse: «Agora basta!
Tragam-me doze pedras.»
E com essas pedras fez um altar, à volta do qual cavou um fosso; colocou madeira sobre as pedras e, sobre a madeira, o touro cortado em pedaços.
Depois, mandou regar tudo com água e encher o fosso também com água.
Então, estando tudo preparado, Elias invocou o Senhor:«Ó Eterno, Deus de Abraão, de Isaac e de Israel, que se saiba que tu és Deus em Israel, que eu sou teu servidor e que fiz todas estas coisas pela Tua palavra.»
E o fogo caiu do céu, com uma potência tal que consumiu tudo: não restou nem vítima, nem madeira, nem pedras, nem água.
Todo o povo, aterrorizado, reconheceu que o verdadeiro Deus era o Deus de Elias.
Nessa altura, Elias, que sem dúvida, após esta vitória, cedeu um pouco ao seu orgulho, mandou conduzir os 450 profetas de Baal para junto de uma torrente, onde os decapitou.
Eis a razão pela qual era de esperar que também ele, por sua vez, tivesse a cabeça cortada.
Pois existe uma lei que Jesus enunciou no jardim de Gethsémani, no momento em que Pedro, precipitando-se sobre o servidor de Caifás, lhe cortou a orelha: «Pedro, guarda a tua espada, porque todos os que se servirem da espada, pela espada morrerão.»
Ora, numa mesma existência nem sempre se vê a veracidade destas palavras.
E Elias, justamente, como é que ele morreu?
Não só não foi massacrado, como até lhe enviaram um carro de fogo no qual foi transportado ao céu.
Mas recebeu a punição da sua falta quando voltou à terra na pessoa de João Baptista.
Jesus sabia bem quem ele era e que destino o esperava.
Foi por esta razão que, apesar de ter proferido acerca dele estas palavras magníficas: «Entre aqueles que nasceram de mulheres, não há ninguém maior do que João Baptista», Jesus nada fez para o salvar, porque a justiça devia seguir o seu curso.
Compreendemos agora por que razão ele abandonou a região quando lhe anunciaram a sua prisão: é que ele não devia salvar João Baptista.
A lei é a lei.


Continua


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