Vejamos agora esta tendência, hoje tão generalizada, de trabalhar para um grupo: um sindicato, um partido político, um país...
Esta atitude, que passa por ser generosa, na realidade é bastante egocêntrica, bastante pessoal.
Desde que não vise a felicidade e a paz de toda a humanidade, a vossa actividade é limitada, portanto é sectária.
Visto que a própria ciência nos revela que fazemos parte da vida cósmica, visto que devemos a nossa existência não só à terra, à água, ao ar, ao sol, mas também às estrelas, porque é que havemos sempre de fechar-nos sobre nós próprios?
E aliás, já decifrastes os segredos desta terra, desta água, deste ar e deste fogo graças aos quais a nossa existência é possível?
Dir-me-eis: «Quais segredos?
O que há assim de tão importante para compreender?»
Muitas coisas e, entre outras, a seguinte: observai o nosso planeta; nele as terras ocupam uma área limitada, os mares uma área mais vasta, o ar uma ainda mais vasta, e o fogo, a luz vai até ao infinito.
Isto significa que também nós devemos ir até ao infinito.
Reparai ainda: quanto tempo conseguis viver privados destes elementos?
Podeis estar sem comer durante cinquenta ou sessenta dias, sem beber só uma dezena de dias, sem respirar apenas alguns minutos, mas no momento em que o vosso coração perder o seu calor, morrereis.
Isto prova que o elemento sólido é menos importante que o elemento líquido, o elemento líquido menos importante que o elemento gasoso, e o elemento gasoso menos importante que o elemento etérico - o calor, a luz.
Como vedes, o mais necessário ao homem é este elemento etérico que enche o espaço.
Então, em vez de continuarem agarrados aos problemazinhos da vida, oprimidos e esmagados por eles, porque não procuram os homens a imensidão, a universalidade, a liberdade?
Porque têm uma mentalidade sectária!
Se olharmos para os religiosos, para os políticos, para os economistas, etc., só encontraremos sectários, mas como eles são os últimos a dar-se conta disso, ei-los lutando decididamente contra as seitas!...
Existirão, por certo, seitas maléficas - mas eu ignoro quais, porque não me ocupo disso, o meu trabalho é outro -, e é normal que lhes limitem as suas práticas nocivas.
Mas aqueles a quem cabe pronunciar-se a esse respeito devem ser pessoas honestas e sem opiniões preconcebidas, capazes de perceber quem trabalha para gerar a anarquia e a desordem e quem trabalha para trazer a paz, a justiça e a felicidade à humanidade, ou seja, o Reino de Deus e a Idade de Ouro.
Acrescentarei agora algumas palavras que serão como que o resumo, a síntese de toda a filosofia iniciática.
Existe na Bulgária uma mulher que é uma das maiores clarividentes do mundo: chama-se Vanga.
Tantas vezes ela já deu provas dos seus dons que até o governo a consulta e mandou construir um hotel perto da sua casa para acolher os que, de todo o mundo, vêm visitá-la.
O que acontece de muito particular com Vanga é que ela é cega; os que querem consultá-la devem fazer chegar às suas mãos um pedaço de açúcar em que tenham tocado, e simplesmente por intermédio desse pedaço de açúcar ela consegue dizer às pessoas tudo sobre o seu passado, o seu presente e o seu futuro, com uma precisão espantosa.
Como explicar isso?
É simples.
Cada ser emana pequenas partículas impalpáveis, invisíveis, ainda não estudadas pela ciência, partículas essas que se propagam pela atmosfera e se depositam nos objectos, impregnando-os.
Deste modo, nós deixamos nos objectos e nas pessoas com que contactamos um pouco das nossas virtudes, das nossas forças, da nossa luz ou pelo contrário, um pouco das nossas doenças, dos nossos vícios, das nossas impurezas.
Portanto, sem nos darmos conta, nós fazemos bem e, também sem nos apercebermos, fazemos mal.
Mas, mesmo que os pratiquemos inconscientemente, todos os nossos actos são registados, e um dia seremos recompensados ou punidos conforme o bem ou o mal que tivermos feito.
A verdadeira religião baseia-se, portanto, numa ciência resultante da observação de fenómenos que são visíveis para alguns seres evoluídos.
Os que recusam reconhecer esta ciência são livres de o fazer, mas um dia verão aonde isso os levará.
Em todo o caso, dir-vos-ei que quem quer ignorar esta ciência é sectário.
Sim, quem não quer tomar consciência da influência dos seus pensamentos, dos seus sentimentos e de todos os seus estados interiores sobre a colectividade, é sectário: faz o que lhe apetece, sem se preocupar com o mal que pode causar aos outros, nem com o bem que poderia fazer-lhes.
Agindo assim, limita-se; portanto, é sectário.
OMRAAM MIKHAËL AÏVANHOV
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