quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A ALQUIMIA ESPIRITUAL


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Reparai como ficais tensos e quantas dificuldades encontrais quando lutais contra vós mesmos; trava-se em vós uma guerra terrível, e essa guerra lança-vos em toda a espécie de contradições.
Considerais que tudo o que é inferior em vós é necessariamente vosso inimigo e quereis matá-lo; mas esse inimigo é muito poderoso, pois desde há séculos que o reforçais pela guerra que travais com ele, e cada dia ele se torna mais ameaçador.
É verdade que há inimigos que vivem em nós, mas se são inimigos é sobretudo porque nós não somos bons alquimistas, capazes de tudo transformar.
O que disse S. Paulo?
«Cravaram-me um espinho na carne. Três vezes supliquei ao Senhor que o afastasse de mim, e Ele respondeu-me: - A minha graça é-te suficiente, pois a minha força manifesta-se na fraqueza.»
Aquele que possui uma fraqueza no corpo, no coração ou no intelecto, sente-se diminuído, mas está enganado, pois essa fraqueza pode ser para ele uma fonte de grandes riquezas.
Se todas as suas aspirações fossem satisfeitas, estagnaria.
Para evoluir, as pessoas têm de se sentir agrilhoadas, e é a sua imperfeição, esse espinho cravado na sua carne, que as obriga a trabalhar em profundidade, a aproximar-se do Céu, do Senhor.
O Céu deixa-nos certas fraquezas para nos fazer avançar no nosso trabalho espiritual, pois o que aparentemente é uma fraqueza, na realidade é uma virtude, uma força.
Há que pôr as fraquezas a trabalhar, para que se tornem úteis.
Vós ficais espantados e dizeis: «Mas deve-se espezinhar as fraquezas, deve-se aniquilá-las!»
Experimentai e vereis se é fácil: vós é que sereis aniquilados.
O problema é o mesmo para todas as formas de defeitos ou de vícios; seja a gula, a sensualidade, a violência, a cupidez ou a vaidade, deveis saber como mobilizá-las para que trabalhem convosco na direcção que escolhestes.
Se trabalhardes sozinhos não podereis ser bem sucedidos.
Se expulsardes todos os vossos inimigos, tudo aquilo que vos resiste, quem é que vos servirá?
Há animais selvagens que, à força de paciência, os humanos conseguiram domesticar e manter junto de si.
O cavalo era selvagem, o cão era semelhante ao lobo, e se o homem conseguiu domesticá-los foi porque soube desenvolver em si certas qualidades.
Ele poderia certamente domar e domesticar as feras, mas para isso teria de desenvolver outras qualidades.
Portanto, alegrai-vos: sois todos muito ricos porque todos tendes fraquezas!
Mas é indispensável saber utilizá-las para as fazer trabalhar.
Falei-vos há pouco dos animais, mas reparai também nas forças da natureza, como relâmpagos, a electricidade, o fogo, as torrentes...
Agora que sabe como dominá-las e servir-se delas, o homem enriquece.
No entanto, antes eram forças hostis.
Os homens acham que é normal utilizar as forças da natureza, mas se alguém lhes fala em utilizar o vento, as tempestades, as cascatas e os relâmpagos que neles existem, ficam muito espantados.
Porém, não há nada mais natural; e quando conhecerdes as regras da alquimia espiritual sabereis transformar e utilizar até os venenos que existem em vós.
Sim, pois o ódio, a cólera, a inveja, etc., são venenos; mas no Ensinamento da Fraternidade Branca Universal vós aprendereis a servir-vos deles, e até vos serão dados métodos para vos servirdes de todas as forças negativas que possuís em abundância.
Alegrai-vos, pois tendes boas perspectivas à vossa frente!

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OMRAAM  MIKHAËL AÏVANHOV
em
"O trabalho alquímico ou a busca da perfeição"

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