domingo, 23 de outubro de 2016

O DEVER DE SER FELIZ - Fascículo Nº. 3

MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV


14º. Capítulo  -  REENCONTRAI  OS  MOMENTOS  DE  FELICIDADE


Fostes a um concerto, escutastes, suponhamos, uma sinfonia de Beethoven ou uma Missa de Mozart que vos "transportou".
Vivestes então momentos sublimes e, ao regressar a casa, pensais que gostaríeis de ouvir novamente essa música para poderdes mergulhar na mesma atmosfera, repetir as mesmas sensações de deslumbramento.
Então, o que fazeis?
Sabeis que essa música está gravada, comprais o disco e depois podeis escutá-lo sempre que quiserdes: ele passa a pertencer à vossa discoteca.
Pois bem, ficai a saber que nós também possuímos toda uma discoteca em nós próprios.
Sim, o mínimo acontecimento que vivemos na nossa existência está registado em nós.
Em psicologia, chamam-se a estes registos, memória ou subconsciente.
Mas pouco importa como se lhes chama, o essencial é saber utilizá-los.
A partir do momento em que conseguistes viver um segundo divino, a eternidade infiltrou-se nesse segundo.
Obtivestes um cliché e esse cliché viverá eternamente, permanece em vós, impossível de apagar.
Então, quando vos sentis mal dispostos, perturbados, no vazio, entrai na vossa discoteca interior e, esforçai-vos por reproduzir esses estados de consciência maravilhosos graças aos quais, pelo menos durante alguns segundos, compreendestes que a existência pode ser luz, paz, beleza, amor, plenitude.
Mesmo que, de momento, estejais numa situação e num estado de espírito muito distantes desses momentos de felicidade, eles não se apagaram em vós, podeis reproduzi-los e sentir-vos atravessados pelas suas vibrações benéficas.
Vós tendes possibilidades incríveis, mas não as conheceis e, é essa ignorância que vos impede de compreender, de avançar, de crear.
Tendes tudo no vosso interior, mas não fazeis nada, porque ninguém vos revelou as vossas possibilidades.
Então, o tempo passa, a vida vai-se e nada foi feito.
Até a criatura mais infeliz, mais desprovida de meios, teve na vida alguns momentos de felicidade dos quais se pode recordar para neutralizar os pensamentos e os sentimentos que a oprimem.
Porquê repisar incessantemente as decepções, as mágoas?
A ignorância, sempre a ignorância...
Observai-vos e constatareis que não fazeis grande coisa para retomar os momentos de felicidade que vivestes.
Em compensação, com que facilidade mantendes as recordações penosas e dolorosas!
Porquê?
Para que serve isso?
Não vivestes momentos de felicidade na vossa família, com os vossos amigos?...
E com livros, obras de arte, música... ou diante de certos espectáculos da Natureza...
Então, procurai esses momentos, mesmo que sejam só três ou quatro ou apenas um.
Regressai a eles frequentemente... recordai-vos do local, das circunstâncias, das pessoas, concentrai-vos para retomar os mesmos pensamentos, os mesmos sentimentos, as mesmas sensações.
Pouco a pouco, tereis a impressão de estar a viver de novo esses estados com a mesma intensidade como se estes vos fossem proporcionados agora, por uma causa real.
O essencial não é o que se passa objectivamente, no exterior de vós, mas o que sentis interiormente.
Procurai, de hoje em diante, todos os momentos em que compreendestes, sentistes que a vida é bela e tem um sentido.
Que todos esses momentos estejam à vossa disposição para o dia em que precisardes deles!
E fazei de modo a poderdes escolher, porque, consoante as circunstâncias, da mesma forma que uma música é mais apropriada do que outra, uma determinada recordação será mais benéfica do que outra.
E, quando tiverdes reunido esses momentos, regressai a eles frequentemente.
Desse modo, estareis a amplificá-los, a vivificá-los e, ao contrário dos discos que comprais, que acabam por ficar gastos, quanto mais "tocais" esses discos gravados no vosso coração, na vossa alma, mais eles se tornam sólidos e resistentes.
Aliás, quer eles sejam benéficos quer sejam nocivos, aplica-se a mesma lei: quanto mais os utilizais mais eles se reforçam.
Será que me comprendestes?
Quando alguém se sente infeliz, desanimado, pode sempre regressar a esses minutos em que sentiu a realidade da vida divina.
Recordai-vos de que houve um dia, na vossa vida, em que uma voz magnífica cantava árias celestes.
Entrai na vossa discoteca interior e colocai esse disco na vossa aparelhagem: ficareis de novo cativados, tomados de encanto...
Pouco a pouco, ireis reerguer-vos e retomar o caminho com coragem e esperança.

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