sexta-feira, 28 de outubro de 2016
A CADEIA VIVA DA FRATERNIDADE BRANCA UNIVERSAL (Continuação - 2)
PREFÁCIO
Agnès Lejbowicz
...
Foi ainda muito jovem que o Mestre começou a experimentar o poder do pensamento.
Apenas com 13 ou 14 anos, escondido atrás de uma árvore do parque de Varna, a sua diversão era concentrar-se sobre um dos seus amigos que, sem razão aparente, se punha a coxear, a procurar um objecto pelo chão, a censurar uma pessoa que passava...
Um dia, perante vários camaradas, decidiu mesmo hipnotizar alguém e ele próprio ficou surpreendido com a força do seu pensamento, porque a pessoa teve dificuldade em voltar a si.
Cedo se sentiu na posse de um grande poder que poderia utilizar, quer para o bem, quer para o mal, e teve uma assombrosa visão que o advertiu do resultado de cada uma dessas duas possibilidades.
Viu apresentar-se diante de si, um ser pesado, violento, mas todo-poderoso, invencível, cujo olhar duro e cruel penetrava e dilacerava tudo aquilo sobre o qual era dirigido.
Em seguida, teve a imagem de um outro ser, que emanava a alegria, a bondade, a doçura, a harmonia, um amor e uma abnegação tão grandes que o seu rosto e todo o seu corpo resplandeciam de uma beleza inexprimível.
Ele compreendeu que se encontrava no entroncamento de duas estradas e, que agora tinha que escolher a sua via.
«Optei, diz ele, pelo caminho da luz, do desinteresse, do sacrifício, porque compreendi que Deus, que é tudo isso, é também a beleza maior, a mais perfeita.»
Tendo vivido até aos 7 anos numa pequena vila da Macedónia, perto do Monte Pelister, por vezes acompanhava o pai à floresta onde, com outros aldeões, este ia partir lenha para fazer carvão.
Ele amava a floresta e todos os seres invisíveis que a habitam, a água que brota na primavera sem que se saiba donde ela vem.
A pequena nascente murmurante mergulhava-o em estados de êxtase que só eram equivalentes àquele em que o espectáculo do fogo o induzia.
Ele próprio acendia o fogo para melhor o contemplar.
Um dia, foi a própria granja dos pais que incendiou!...
Enquanto os carvoeiros trabalhavam na floresta, um amigo do seu pai, para lhe ocupar o tempo, deu-lhe a ler o Evangelho de S. João.
Ele ficou bastante perturbado: descobriu que comparado com Jesus, era um grande pecador e decidiu tornar-se bom, justo e piedoso.
Esquecido este estado de arrependimento, recomeçou a comportar-se como todas as crianças...
Mas cerca dos 11 anos, e depois por volta dos 16, experimentou novamente esta imensa necessidade da misericórdia e da protecção divinas.
Ele tinha um desgosto tão profundo por tudo aquilo que sentia em si, de pequeno, medíocre, que desejava ardentemente que o Senhor viesse viver no seu lugar, habitar nele.
E foi nessa época, aos 16 anos, que um acontecimento extraordinário modificou por completo o rumo da sua vida.
Ele mencionou-o pela primeira vez em 1968, por ocasião de um ciclo de conferências sobre o Sol, 52 anos depois de o ter vivido, e confiou-nos nessa altura que a sua vida estava ainda profundamente marcada por aquilo que então lhe acontecera.
Ele tinha lido uma pequena brochura que falava de exercícios de respiração e então, durante várias horas consecutivas, dedicava-se a fazer respirações ritmadas muito prolongadas.
Numa certa manhã, iniciou a leitura de uma obra cujas descrições do mundo invisível o encheram e o elevaram a uma altura tal que, num dado momento, ele sentiu que absorvia uma gota de fogo celeste.
A beleza dessas regiões, mais reais para aqueles que as visitam do que as regiões terrestres, mergulhava-o em estados de deslumbramento, de êxtase, de adoração tão intensos, que ele perdeu a cabeça.
Se, por um lado, as leis que regem o mundo superior são as mesmas que regem o mundo inferior, é certo que entre estes dois mundos existe tudo aquilo que separa o visível do invisível, o opaco do transparente, o espesso do subtil, o limitado do infinito, o efémero do eterno, o fixo do brilho perpétuo de uma Creação que nunca esgota o seu poder de renovação.
Este êxtase, esta iluminação, esta comunhão com todo o Universo na sua mais perfeita beleza, provocaram-lhe como que uma queimadura interior da qual jamais veio a curar-se.
Ele tinha pois, conhecido muito cedo os numerosos problemas colocados pela vida secreta da alma e tinha vivido estados excepcionais que a muito poucas pessoas são dados viver durante a sua existência.
Mas, ao mesmo tempo, tinha-se visto na necessidade de enfrentar dificuldades económicas, sociais e políticas que afectaram a sua família e o seu país.
Continua
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