MESTRE OMRAAM MIKHAËL AÏVANHOV
Conferência improvisada
Bonfin, 11 de Agosto de 1974
Acontece com as nações, os países, os povos, o mesmo que com cada ser humano ou cada coisa que nasce, que cresce, que depois envelhece e deve ceder o lugar a outras.
Estas seguem a mesma curva: dão o que têm a dar e depois extinguem-se; dir-se-ia que repousam para poder um dia acordar e dar novamente tesouros e riquezas.
Verificou-se isto com todas as civilizações e, é também esse o destino das religiões: cada uma tem o seu arranque, estende pouco a pouco a sua influência, atinge um ponto culminante e, depois começa a ter menos impacto, entra em decadência e perde as grandes chaves da vida.
Reparai: mesmo os Mistérios, mesmo os templos do antigo Egipto que possuíam as chaves, o saber, o poder, que resta deles agora?
Onde estão todos esses hierofantes?
Onde estão todas essas ciências?
Todos seguiram as leis imutáveis da vida: cada coisa ou cada ser que nasce, deve morrer e ceder o seu lugar.
Só o que não tem princípio, não tem fim.
Pensai naquilo que a Grécia foi no passado, em todas as creaturas extraordinárias que ela deu ao mundo: poetas, dramaturgos, pintores, escultores, arquitectos, filósofos...
E agora...
Um país pode ser comparado a um rio: o leito é sempre o mesmo, mas a água que corre é sempre diferente, sempre nova.
Os habitantes do rio, as gotas de água, chegam e passam, mas vêm outras para as substituir à medida que elas se escoam para o mar.
Chegadas ao mar, são aquecidas pelo Sol, tornam-se leves, subtis, e elevam-se na atmosfera até ao dia em que voltarão a cair sob a forma de neve ou chuva, para de novo descerem pelos vales em torrentes e rios.
Portanto, tudo muda, tudo corre, tudo varia.
E um país, o que é?
Um país não é muito mais do que um rio onde se reencarnam sucessivamente seres, sempre diferentes e, que vêm de outros lugares, ou de outro modo, é como uma casa cujo destino é ser habitada durante uma dezena de anos, por exemplo, por determinados locatários e, depois, nos cinco anos seguintes, por outras pessoas...
Durante dez anos, ouvem-se cânticos, existe música, harmonia; depois os habitantes mudam e reina uma atmosfera diferente, prosaica ou agitada.
Contudo, a casa continua a ser a mesma.
É desta maneira que se explica o destino de numerosos países: a Grécia continua a ser o mesmo país, mas os seus habitantes não são os mesmos de há dois ou três mil anos.
E para os outros países é a mesma coisa.
Vós podeis dizer, talvez: «Mas, então como é que se explica que os Tibetanos, por exemplo, tenham conservado quase as mesmas concepções, as mesmas ideias, os mesmos costumes desde há milhares de anos?»
É porque tudo se passa como no organismo humano: as células que o habitam não são sempre as mesmas, renovam-se, mas fazem sempre o mesmo trabalho; ou, então, como numa fábrica: quando se renova o pessoal, mandam-se embora certas pessoas e contratam-se outras que trabalham, umas com um determinado computador, outras num determinado aparelho óptico, outras num dado circuito eléctrico, etc...
O novo pessoal que toma o lugar do antigo, possui os mesmos conhecimentos e já se exercitou nestes mesmos trabalhos para poder desempenhar esta ou aquela função.
Podeis, assim, compreender que os espíritos que vão encarnar-se no Tibete são aqueles que trabalharam neste sentido, que têm afinidades com os Tibetanos e estão preparados para ir para lá.
E os Tibetanos que se preparam para ser como os Franceses, vêm reencarnar-se em França.
É por isso que existem muitos antigos Tibetanos em França, mesmo entre as crianças da Fraternidade.
Direis vós: «E os Judeus, que foram perseguidos durante séculos?»
Os Judeus que foram martirizados eram seres vindos de outros povos do mundo inteiro e reencarnados nas famílias judias, porque, em virtude do seu carma, deviam ser perseguidos ou massacrados; mas eles próprios não eram judeus desde sempre.
Num dado momento, o Céu fê-los nascer em famílias judias para pagarem certas dívidas...
E, portanto, também na Grécia foram outras almas que vieram reencarnar-se, talvez Búlgaros, porque estes dois países detestaram-se durante muito tempo.
E muitos Gregos foram reencarnar-se na Bulgária para aí serem, ou recompensados ou punidos, não sei.
Porque muitas pessoas vão reencarnar-se junto dos seus antigos inimigos.
Quando detestais uma pessoa ou quando a amais, acontece exactamente a mesma coisa: estabeleceis de imediato uma ligação com essa pessoa.
O ódio é tão forte como o amor.
Se quereis libertar-vos de alguém, não voltar a vê-lo, então não o detesteis nem o ameis, sede indiferentes.
Se o detestardes, ligais-vos a esse alguém através de cadeias que ninguém poderá desligar, estareis sempre ligados a ele e mantereis essa relação durante séculos.
Sim, isto não sabíeis vós.
As pessoas imaginam que detestando alguém se afastarão dessa pessoa.
Pelo contrário, o ódio é uma força que vos liga à pessoa que odiais, tal como o amor.
Mas o elo, evidentemente, é diferente.
O amor trar-vos-á certas coisas e o ódio trar-vos-á outras, mas com tanta certeza e tão poderosamente como o amor.
Eis algumas verdades que todos os povos devem aprender para verem como é ridículo detestarem-se.
Mas não fiqueis admirados, não fiqueis melindrados, se eu vos disser que a França vai começar a perder os génios que ainda possui.
Os seus artistas, os seus escritores, os seus filósofos, deram ao mundo inteiro riquezas extraordinárias, mas se ela continua a cortar a ligação com o Céu, que é exactamente donde vêm essas riquezas, todos os seus génios irão reencarnar-se noutros lugares.
Porque os espíritos não fazem grande questão em ter esta ou aquela nacionalidade, são cidadãos do Universo.
São os povos que os reclamam para si, mas eles, se lhes perguntardes a sua opinião, respondem: «Nós estamos bem em qualquer parte do Universo; a nossa pátria é o Universo.»
Quando eles chegam ao outro mundo, a questão da nacionalidade não tem qualquer importância.
Se pudésseis ter visto, durante a guerra, os soldados franceses a alemães, mortos nos combates a encontrarem-se lá em cima!
Eles davam vivas, riam todos juntos e achavam-se tremendamente estúpidos por se terem morto uns aos outros, quando todos eram filhos de Deus!
É tão fácil para o mundo invisível fazer um país afundar-se rapidamente ou fazer evoluir um outro!
Porque faz ele isso?
Ele é que sabe.
Reparai, por exemplo, naquilo que a Bulgária representava há alguns séculos: nada de nada, um país sempre pobre, miserável, espezinhado; nele não existiam nem pensadores, nem artistas, nem sábios.
E agora as coisas começam a mudar, porque nem a glória de um país nem a sua decadência, duram eternamente.
E a China?
Quantos séculos esteve ela adormecida, atrasada, cloroformizada?
E agora desperta e mete medo ao mundo inteiro.
Como explicar isto?
Quem dirige tudo isto?
Por que razão?
Tudo é dirigido de cima: são as Hierarquias celestes que decidem e, para elas é fácil.
As coisas passam-se como para a ajuda aos países pobres.
Imaginai um país muito miserável, subdesenvolvido sob todos os pontos de vista...
Mas eis que um outro país, mais avançado e mais rico, lhe envia uma equipa completa de engenheiros, de economistas, de técnicos: em poucos anos eles põem o país de pé.
O mundo invisível faz a mesma coisa: envia engenheiros, sábios, isto é, uma equipa completa de almas de élite, e pronto, eles endireitam toda uma cultura.
Por vezes, basta um político de alta craveira para endireitar um país ao cabo de alguns anos.
Pode acontecer que alguns de vós se sintam melindrados e descontentes por me ouvirem dizer que o seu país está adormecido.
Mas isso não depende de mim, eu limito-me simplesmente a constatar, não sou chauvinista, não tenho nenhuma ideia pré-estabelecida: não sou nem búlgaro, nem francês, sou um cidadão do Universo, sou um filho do Sol.
Sim, eu nem sequer pertenço à Terra.
Então, porque hei-de andar a discutir a propósito da Bulgária, da Grécia ou da França?
Eu estou acima das fronteiras.
Mas constato que é nos países eslavos que presentemente os cientistas estão conseguindo ir mais longe nas descobertas parapsíquicas: a telepatia, a psícometria, a clarividência, a radiestesia.
Ainda que, aparentemente, a situação não evolua nada nesse sentido, a Rússia abandonará um dia a filosofia marxista e os comunistas tornar-se-ão irmãos da grande Fraternidade Branca Universal.
Mas, o que os Russos descobriram até ao momento no domínio da parapsicologia não é mais do que um centésimo daquilo que eu vos revelei durante anos.
Eu vos predigo que a Ciência Iniciática será um dia difundida no mundo inteiro.
Mas, evidentemente, não nos seus níveis mais elevados, porque haverá um limite, uma zona de interdição, nem tudo será ainda revelado; os humanos não terão acesso aos segredos últimos, não estão ainda preparados para conhecê-los, porque, por natureza, estão sempre prontos a utilizar todas as descobertas, para dominar, aproveitar, absorver.
Mas, em breve, certas realidades serão conhecidas e virão à luz do dia no mundo inteiro, e isso constituirá o advento da Cultura Solar.
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