15º. Capítulo - NINGUÉM SE SALVA SOZINHO
A maior preocupação dos humanos é adquirirem o que precisam para si e para a sua família.
De vez em quando, pensam um pouco nos outros, mas é raro.
Por isso, a sorte da humanidade não melhora: os humanos são egoístas, não pensam na colectividade.
Crêem que basta resolverem as suas próprias questões para viverem em segurança.
Ora, isto não é verdade.
Quer estejam conscientes disso, quer não, os humanos pertencem a uma colectividade e, se nessa colectividade ocorrem perturbações ou desastres, o seu bem-estar individual não está garantido.
Por conseguinte, mesmo que dediquem todo o tempo a tratar das suas questões, na realidade estas nunca ficarão definitivamente resolvidas.
Há sempre uns inconvenientes que podem surgir da parte da colectividade, e lá vem a ruína.
Aliás, a História tem mostrado isso mesmo.
Têm existido pessoas tão ricas e poderosas que, aparentemente, nada poderia atingi-las, mas ocorrem problemas na colectividade e elas acabam por perder tudo, até a vida.
Só a melhoria da vida colectiva pode pôr cada indivíduo em segurança e ao abrigo das necessidades.
Por isso, compete a cada um substituir o seu ponto de vista limitado e egocêntrico por um ponto de vista mais vasto, mais universal: ele ganhará com isso, não apenas no plano material, mas também, e sobretudo, no plano da consciência.
A consciência desperta verdadeiramente no homem quando ele manifesta sensibilidade às noções de colectividade, de universalidade.
Esta faculdade permite-lhe sentir que os outros são um prolongamento de si próprio.
Aparentemente, é certo, cada ser está isolado, separado dos outros, mas, na realidade, há uma parte espiritual dele mesmo que entra na colectividade, que vive em todas as criaturas, em todo o Cosmos.
No momento em que essa consciência espiritual é despertada em cada um, ele sente tudo o que acontece de bom ou de mau aos outros como se fosse a si próprio e esforça-se por só lhes fazer bem, porque é a si que estará fazendo esse bem.
Assim, se frequentais uma Escola Iniciática para vos ocupardes unicamente da vossa própria evolução espiritual, isso prova que o vosso ideal ainda não é muito elevado.
«Mas nós queremos salvar a nossa alma» - dirão alguns.
Sim, salvar a sua alma é o que as religiões têm ensinado ao longo dos séculos.
Pois bem, isso não é muito glorioso, já não é tempo de estar preocupado em salvar a sua alma.
O que imaginam as pessoas acerca da sua alma?
Que valor, que importância tem ela, a "sua alma", face à multidão de criaturas e à imensidão da Criação?
É tempo de as pessoas pararem de se ocupar de si próprias e de pensarem também na alma dos outros; só então elas serão salvas!
Senão, enquanto se ocupam da salvação da sua alma, isolam-se do resto do mundo.
Mais ninguém conta: elas só pensam na sua alma!
Mas isto não tem qualquer sentido e nem sequer é belo.
Há que abandonar esta atitude.
Os espiritualistas devem renunciar a procurar apenas o seu bem ou a sua salvação pessoal e meter na cabeça o ideal da perfeição, compreendendo que essa perfeição não deve ser apenas para eles.
Aperfeiçoar-se só para si próprio representa para um ser apenas cinquenta por cento da sua tarefa.
A nossa verdadeira tarefa é aperfeiçoar-nos para nós mesmos e para os outros, a fim de sermos úteis ao mundo inteiro.
MESTRE OMRAAM MIKHAËL AÏVANHOV
F.B.U. - Portugal
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