segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

O ESPIRITUALISTA NA SOCIEDADE - Fascículo Nº. 2






11º. Capítulo  -  SÓ  SE INFLUENCIA  OS  OUTROS  PELO  EXEMPLO


Mal descobrem algumas verdades da Ciência Iniciática, muitas pessoas querem imediatamente instruir as outras e começam a pregar a torto e a direito e a tentar convencê-las.
E, se não o conseguem, criticam-nas e consideram-nas com desprezo.
Pois bem, elas vão demasiado depressa, ainda não aprenderam uma regra essencial da Ciência Iniciática, segundo a qual o discípulo deve começar por viver uma verdade antes de querer convencer os outros acerca dela.
E vivê-la significa experimentá-la por muito tempo, fazer exercícios com ela, ao ponto de ela se tornar carne e osso nele, ser um com ele.
Quem quer começar imediatamente a convencer os outros das verdades espirituais, não só não consegue, como até se arrisca a perdê-las.
Sim, deveis guardar essas verdades convosco durante algum tempo sem dizer nada; viver com elas, fazê-las vossas, para que elas vos tragam forças e vos ajudem a triunfar nas provações que tereis de atravessar.
Então, não só elas já não vos abandonarão, como, quando as transmitirdes aos outros, devido à vossa tónica de sinceridade elas terão uma grande força de persuasão.
Mas também neste domínio há imensas coisas a conhecer antes de se procurar transformar os outros, porque, se eles mesmos não sentirem essa necessidade, se eles não tiverem compreendido a importância de uma filosofia e de uma disciplina espirituais, não haverá nada a fazer senão deixá-los.
A sua atitude prova apenas que eles ainda são muito jovens e têm necessidade de experiências, de lições.
Sofrerão, claro, e esse sofrimento obrigá-los-á, um dia, a mudar de vida.
Mas, entretanto, deixai-os tranquilos.
Aliás, deixai toda a gente tranquila; ocupai-vos apenas de vós próprios, procurando melhorar-vos.
Só o vosso exemplo mostrará aos outros que estão enganados ou que estão a agir mal.
Sim, o vosso exemplo.
É trabalhando sobre vós próprios que trabalhais sobre os outros: eles apercebem-se de que possuís qualidades que eles não possuem e, como também desejam possuí-las, são levados a imitar-vos e a aperfeiçoar-se.
Parai, pois, de vos ocupar dos outros, para fazer notar as suas insuficiências e fraquezas, porque desse modo não só não lhes proporcionais nada de bom, como também vos tornais pessoas sem brilho e desagradáveis como eles.
Aceitai-os como são, sede pacientes e trabalhai noite e dia para vos aperfeiçoardes até lhes mostrardes que há algo de magnífico a adquirir.
Enquanto eles não souberem isso, não será por palavras que os ensinareis.
Como podereis pensar em convencer as pessoas a libertarem-se de fraquezas de que vós próprios nem sempre vos libertastes?
Como pode um medroso transmitir audácia aos outros?
Se ele gritar «avante!» com as pernas a tremer, como irá arrastar multidões?
Ficai sabendo que só a vitória sobre as vossas fraquezas vos dará poderes, e esses poderes, mais tarde ou mais cedo, transparecerão através dos vossos olhos, dos vossos gestos, do vosso rosto, da vossa voz; eles transparecerão, ainda que queirais escondê-los.
Não penseis que é fácil alguém imiscuir-se nas fraquezas dos humanos; são precisos anos e anos de trabalho sobre si próprio antes de se estar apto a fazê-lo.

Continua

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