sábado, 10 de dezembro de 2016

O ESPIRITUALISTA NA SOCIEDADE - Fascículo Nº. 2







2º. Capítulo  -  DISTINGUIR CLARAMENTE  O  FIM  E  OS  MEIOS

O verdadeiro espiritualista é aquele que compreendeu como o espírito trabalha sobre a matéria: ele serve-se de tudo o que a Natureza pôs à sua disposição mas, em vez de o utilizar para satisfação dos seus apetites egoístas, põe-no ao serviço de um ideal superior, para si próprio e para os outros.
Infelizmente, ainda não é para este fim que os humanos trabalham; eles chamam tudo a si, procuram acima de tudo o seu interesse, o seu proveito, o seu prazer.
Reparai na maneira como eles exploram os animais, as árvores, as montanhas, os rios, o mar...
E, se algum dia tivessem meios técnicos suficientes para isso, veríeis o que eles fariam do Sol, da Lua ou dos outros planetas!
Para satisfazerem os seus apetites inferiores, estão prontos a sacrificar tudo aquilo de que podem aproveitar-se.
Nem hesitariam em utilizar as revelações mais sagradas da Ciência Iniciática; iriam mesmo bater à porta do Senhor para que Ele os ajudasse nas suas negociatas e nas suas loucuras.
Ora bem, é preciso compreender que ser espiritualista não consiste em orar, meditar e interessar-se pelas ciências esotéricas, mas em ver claramente quais as motivações e os interesses que vos impelem para essas actividades.
O essencial é o fim que procurais atingir!
Se utilizardes a prece e o poder do pensamento, como tantos livros perigosos recomendam, para satisfazer as vossas cobiças (ter êxito nos negócios, obter o amor de alguém...), estareis a agir como o pior dos espiritualistas e, em alguns casos, até como um criminoso.
O descrente, o ateu, que parte pedras para ajudar um desgraçado a construir a sua casa, é um espiritualista mais autêntico do que vós!
Para se ser um verdadeiro espiritualista é preciso ter-se resolvido de uma vez por todas a questão dos fins e dos meios, porque é aí que se originam todas as confusões, todas as ilusões.
O que são esses espiritualistas que mobilizam todas as faculdades psíquicas mais preciosas para atingirem os objectivos mais egoístas e terra a terra?
E julgais que eles se aperceberam dessa situação?
De modo nenhum!
Eles nunca tiveram tempo para perguntar a si próprios: «Mas como é que eu estou a agir?
O que é que eu procuro?»
É preciso que alguém venha sacudi-los e perguntar-lhes: «Repara, meu caro, que objectivo é o teu?
É o Inferno!
E os teus meios?
Pois bem, são o Senhor, os anjos, a ciência, a arte, a religião...
Sim, todas essas coisas santas para acabares por cair no Inferno.»
Portanto, agora tudo está claro: o que deve contar para vós é o objectivo, a direcção, a razão pela qual fazeis as coisas; seja comer, respirar, passear, trabalhar, amar, estudar... fazei-o com o objectivo de consagrar todas as vantagens daí resultantes ao bem do mundo inteiro.
Vejamos o exemplo dos estudos.
Há cada vez mais pessoas que estudam, e durante o máximo de tempo possível por terem bastantes meios à sua disposição.
Mas ao serviço de quem e de quê colocam elas esses conhecimentos?
Quantas há que tomam consciência das suas responsabilidades e dizem para si próprias: « Ora bem, com todos estes conhecimentos, tenho mesmo de fazer o bem, tenho de ajudar os outros, não sou só eu que devo beneficiar»
A maioria servir-se-á desses conhecimentos para se pavonear, para enriquecer, para despojar os outros.
Muito poucas pensarão que podem servir-se dos seus conhecimentos para se tornarem benfeitoras da humanidade.
Compete a vós, pois, decidir.
Quereis tornar-vos materialistas que se servem dos recursos do espírito para tratar dos seus assuntos ou verdadeiros espiritualistas desejosos de pôr as suas qualidades, faculdades e forças, tudo o que possuem, ao serviço do espírito?


Continua

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