segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O ANO NOVO (Cont. V)

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Não vos faço grandes promessas; não vos digo que, ao entrardes para o Ensinamento, tereis todas as riquezas, todas as glórias e a amizade de todos os príncipes.
A única coisa que posso dizer-vos é que, se conseguirdes dirigir o intelecto, o coração e a vontade para um mesmo objectivo, haverá uma modificação na vossa consciência.
Inicialmente, esta modificação será minúscula, mas conterá o Céu e a terra.
Lembrai-vos do que disse Jesus acerca do grão de mostarda: «É a mais pequena de todas as sementes, mas, depois de crescer, torna-se a maior planta do horto e transforma-se mesmo numa árvore, a ponto de virem as aves do céu abrigar-se nos seus ramos.»
O que conta não é, pois, a grandeza ou a pequenez do grão, mas o seu vigor.
Podereis interpretar o grão de mostarda como um pensamento ou um sentimento, que, aparentemente são imperceptíveis, mas, que se forem intensos e lhes derdes condições adequadas, poderão ocasionar realizações gigantescas. «As aves do Céu vêm abrigar-se nos seus ramos», diz Jesus.
As aves são os espíritos do mundo invisível que vêm visitar-vos e até procurar abrigo em vós.

Não vos faço, pois, grandes promessas; apenas vos digo que, se me compreenderdes bem, se aceitardes com amor a pequena promessa que hoje vos faço, se cuidardes dela, se a alimentardes, daí resultará uma grande árvore, onde até os anjos virão abrigar-se.
A semente que hoje vos dou é a ideia de que deveis associar os três factores "intelecto", "coração" e "vontade" e dar-lhes o mesmo objectivo, porque só nestas condições é que são possíveis as grandes realizações.
Como estes factores são de origem divina, cada um deles contém tesouros extraordinários e, uma vez unidos e ligados ao Céu, estão em permanente comunicação com ele.
Quando o intelecto tem as raízes no terreno do Céu, a sua luz aumente e ele recebe incessantemente, inspirações e revelações.
Quando o coração está ligado ao Céu, onde tem a sua origem, bebe o elixir da vida imortal, bebe o amor, está sempre maravilhado, deslumbrado, e torna-se vasto como o Universo.
E também a vontade constantemente exercitada se torna tão poderosa que ultrapassa todos os obstáculos; unida ao Céu, ela pode tornar-se poderosa como o próprio Deus.
Diz-se que a união faz a força, mas até agora, essa união tem sido sempre compreendida exteriormente, nos domínios social, político e militar: as pessoas unem-se para destruir, unem-se para construir, mas tem sido sempre uma união exterior.
Doravante, é necessário compreender a união interiormente.
Devemos estar unidos pelo nosso ideal, por uma ideia divina, pelo amor fraternal, devemos estar unidos nos trabalhos que executamos pela realização do Reino de Deus.
Então, sim, a união torna-se um poder extraordinário.
A união exterior não é má, mas é incompleta.
As pessoas associam-se por um tempo, mas depois essa associação desfaz-se e cada uma volta para a sua casa.
Ao passo que a união de que falamos, a união que faz a verdadeira força, dura eternamente.
Quando vos unis aos Anjos, ao Céu, ao vosso Eu superior, não o fazeis por um ou dois dias ou mesmo por alguns anos; não vos unis para obter um resultado qualquer, após o qual mergulhais novamente na ignorância e nas trevas; não, é uma união para sempre, para a eternidade...
Eis o que deveis compreender.

É hoje o primeiro dia do ano e, pelo menos durante doze dias, deveis conseguir vigiar-vos, estar atentos às vossas palavras, aos vossos sentimentos, aos vossos gestos, e ter sempre em vista o Reino de Deus e a Fraternidade Universal.
Evidentemente, é muito difícil, porque há sempre coisas imprevisíveis; mas se a vossa consciência estiver vigilante, se ela orientar, corrigir, podereis fazer um trabalho glorioso, um trabalho divino.
Poderá suceder que, durante estes doze primeiros dias, tenhais tentações, provações, solicitações de criaturas muito inferiores...
Há que contar com isso, não vos prometo que tudo será fácil nestes doze dias, nem para vós nem para mim; mas, pelo menos, todos unidos, juntos, poderemos ajudar-nos mutuamente.
O mais importante é a união, mas em primeiro lugar, a união do coração, do intelecto e da vontade em nós.
Um dia, quando tiverdes a possibilidade de recordar todos os acontecimentos que se deram nos diversos momentos da vossa existência, sereis obrigados a constatar que todos os minutos que passastes com a Fraternidade nas meditações, nos cânticos e na oração foram os mais importantes e mais preciosos da vossa vida.
Por agora vós não vedes nem sabeis isso, mas um dia, quando virdes as coisas com mais clareza, compreendereis em que trabalho participastes, e então direis:«Deus seja louvado! Bendito seja Deus por me ter permitido participar nesta obra grandiosa!»
E quando vos for dado conhecer os resultados deste trabalho, as maravilhas que ocorrem no mundo inteiro graças a ele, ficareis deslumbrados, porque o trabalho em que vos peço que participeis já foi empreendido no Alto pelos anjos e pelas divindades, e nós, aqui na terra, queremos apenas abrir uma portazinha, para que esse trabalho divino possa produzir os seus resultados também no plano físico.

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OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

Sèvres, 1 de Janeiro de 1963  (manhã)




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