Para se ter uma visão completa e exacta das coisas, evidentemente, são necessários muitos conhecimentos; mas para o trabalho, para a prática, é preciso muito pouco.
Conhecimentos muito numerosos podem mesmo tornar-se obstáculos; os seres que se interessam por tudo, que correm de um lado para o outro para lerem, para verem, para se informarem, não fazem nada, não praticam nada, limitam-se a ingurgitar.
Enquanto outros, que não estão tão ocupados a acumular conhecimentos, mas que se concentram em dois ou três exercícios todos os dias, durante anos, chegam a realizações fantásticas.
Vós direis: «Mas então, que conselhos nos dá?»
Penso que é preciso ter-se um amplo conhecimento da vida, das criaturas, do mundo invisível, e, em seguida fazer uma triagem, isto é, deter-se em algumas noções, algumas verdades essenciais, e concentrar-se nelas para as aplicar, para as realizar.
É muito mau estar sempre a estudar sem nunca procurar realizar o que quer que seja.
Mas, antes de se realizar, é preciso ter-se alguns conhecimentos, pois se não se tiver conhecimentos suficientes, na prática haverá sempre alguma coisa mutilada; a vossa ignorância reflectir-se-á negativamente nas vossas criações, que serão como que abortos.
Portanto, na vida espiritual também é preciso saber harmonizar os dois aspectos: a teoria e a prática.
No nosso Ensinamento desenvolve-se o coração e o intelecto, mas também a vontade.
E a vontade desenvolve-se justamente pela prática, pelo exercício, que é a resultante das actividades do coração e do intelecto.
É por isso que eu considero o nosso Ensinamento como um ensinamento completo.
Tudo depende depois, da sinceridade daquele que entra neste Ensinamento.
Se ele se lamentar de que lhe falta alguma coisa, bom, muito simplesmente, é nele que isso falta: ou não estuda, ou não deseja assim tanto aperfeiçoar-se, ou é preguiçoso...
Então, não deve acusar o Ensinamento; o Ensinamento é muito rico, mas o que mais conta é o que nós fazemos dele.
Eu conheci pessoas que possuíam somente um pequenino manuscrito, alguns trechos que repetiam durante toda a sua vida e que aplicavam com afinco, e era assim que progrediam.
E os primeiros cristãos?...
Eles possuíam somente os Evangelhos, e em que estado!
Sujos, rasgados, porque os emprestavam uns aos outros para serem copiados.
Mas eles liam-nos constantemente, aplicavam-nos e recebiam a luz.
Ao passo que agora as pessoas têm na sua biblioteca todos os livros sagrados de todas as religiões - os Upanishad, os Vedas, o Zend-Avesta, o Tao-Te-King, o Livro dos Mortos dos Egípcios e o dos Tibetanos, o Talmude, o Zohar, a Cabala, a Bíblia e outros mais - mas não progridem.
Então, não digais que precisais de procurar ainda outro Ensinamento porque este não é suficiente!
Jesus disse: «Seja feita a Tua vontade assim na terra como no Céu.»
Isso significa que a terra deve ajustar-se ao Céu.
Para ter as mesmas formas, a mesma beleza, o mesmo esplendor, é preciso que ela se ajuste.
O Céu vibra tão intensamente que, se a terra quiser ajustar-se a ele, deverá intensificar as suas vibrações.
Voltamos à questão da intensidade das vibrações do ponto central.
O ponto central permanece inacessível enquanto o homem não vibra no mesmo comprimento de onda que ele.
Sim, enquanto não conseguir vibrar como ele, o homem nunca poderá saber o que é esse ponto, o que ele diz, o que ele contém, o que ele traz.
«Assim na terra como no Céu.»
A terra somos nós; é, digamos, o nosso actual estado de consciência.
Nós devemos fazer esforços - e pouco importa o tempo que eles demorarão - até que esta parte da periferia que nós somos consiga ajustar-se e vibrar em uníssono com o centro do círculo, que é a Fonte Primordial.
Nessa altura, a circulação faz-se, as correntes passam, atravessam-nos, e nós sabemos tudo o que esse ponto sabe, sentimos tudo o que esse ponto sente, fazemos tudo o que esse ponto faz,
por todo o lado, no Universo.
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