quarta-feira, 1 de maio de 2019

A LINGUAGEM DAS FIGURAS GEOMÉTRICAS (Continuação III)


Os Iniciados, que compreenderam o poder deste símbolo, procuram, acima de tudo, introduzir esse ponto, o espírito, em si próprios.
E todos nós também somos círculos que devem atrair esse ponto central, o Espírito Santo.
Enquanto formos um círculo sem ponto, viveremos no vazio, insatisfeitos; mas no dia em que esse ponto, o espírito, vier instalar-se em nós, animar-nos, esclarecer-nos, viveremos na plenitude.
O caroço, a semente, é a parte essencial do fruto.
Evidentemente, para vós, que o comeis, o essencial é a parte carnuda, a polpa.
Mas não, na realidade é a semente, pois, graças a ela, podeis ter milhares de hectares de
 árvores de fruto.
Para a Natureza, o essencial é a semente; a Natureza só se ocupa das sementes e dos caroços.
Se ela colocou um pouco de polpa à volta deles, foi para atrair os pássaros e os homens que se encarregarão de os plantar.
Enquanto a polpa contar tanto para nós, só comeremos mentiras e ilusões.
A realidade está na semente, no ponto.
A semente ou o caroço representam o espírito; a polpa representa a alma, o espaço onde circula a vida; e a pele, o invólucro material, o corpo físico.
Portanto, temos o espírito, a alma e o corpo...
o corpo que protege, que contém a alma e o espírito.
Nós somos feitos segundo o mesmo modelo do fruto e, como a semente em relação ao fruto, é o nosso espírito que deve desempenhar o papel essencial.
Infelizmente, a maioria dos humanos aprecia unicamente a pele do fruto, isto é, o corpo físico.
Não se pode negar que ele é importante, mas apenas como o frasco que impede o perfume de se evaporar; ele retém a alma e o espírito.
O homem verdadeiro não é o corpo, mas esse ponto imperceptível que existe algures, no seu interior, e que pensa, ama, cria.
A prova de que, para a Inteligência Cósmica, o corpo físico não é o essencial, é o facto de ela o deixar morrer e enterrar.
O espírito, que é imortal, ela condu-lo para as regiões celestes, enquanto deixa apodrecer a carcaça lá em baixo no cemitério.
Eis algo em que se deve reflectir e meditar toda a vida para se descobrir o que é esta semente,
 este ponto, este espírito.
Os Iniciados sempre ensinaram a importância de um centro ao qual o homem deve sempre ligar-se, pois eles sabem que, se não existir um ponto central à volta do qual girem as partículas, os átomos e os mundos, tudo se desconjunta: é o caos, a anarquia universal.
Sim, a condição mais importante para a harmonia, para o equilíbrio, para a vida, é a existência dum centro, dum ponto à volta do qual as partículas devem gravitar.
Atentai no que acontece a uma família quando o pai partiu, ou então a um país ou a um exército quando o chefe está ausente.
Em França, diz-se: «Quando o gato não está, os ratos dançam!...»
O homem possui naturalmente estas grandes verdades em si.
Instintivamente, ele sabe que em baixo, na terra, as coisas devem ser exactamente como são em cima, no mundo divino.
O sistema solar possui um centro, o Sol, que mantém em equilíbrio e faz girar todos os planetas na maior harmonia.
Quando uma família, uma sociedade, uma nação, não está unificada pela presença dum centro, desagrega-se.
Quando o corpo físico de um homem perdeu o seu ponto central, desagrega-se também, porque o ponto que mantinha nele a ordem e a organização partiu: as suas células, agora sem chefe, separam-se e regressam aos reservatórios do Cosmos para construirem novos corpos.
Numa família, o centro é o pai; num país, é o rei; num exército, é o general; no sistema solar é o Sol; no ovo, é a gema; no olho, é a pupila; no ser humano, é o espírito...
Deve sempre haver um centro, uma cabeça, nunca duas ou três.
Onde existem várias cabeças surge a anarquia.
No Apocalipse, a Besta é representada com sete cabeças, e na mitologia grega também
 a Hidra de Lerna tinha sete cabeças.
Estas cabeças múltiplas são o símbolo da anarquia.
Até agora, a humanidade sempre viveu na anarquia, precisamente porque é governada por várias cabeças.
A situação só poderá melhorar quando os homens aceitarem submeter-se a uma única cabeça, tal como dizem os Evangelhos: «Haverá um só rebanho e um só pastor.»
Sim, quando houver um único círculo à volta dum só centro, outras forças benéficas se manifestarão.

Continua

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