terça-feira, 23 de maio de 2017
NATUREZA HUMANA E NATUREZA DIVINA
Capítulo III - À PROCURA DA NOSSA VERDADEIRA IDENTIDADE
Continuação (3)
O homem que se identifica com a sua natureza superior consegue reencontrar-se, "conhecer-se", isto é, tomar consciência de si mesmo como parte da própria Divindade.
Está escrito na Bíblia: «Vós sois deuses.»
Sim, os homens são deuses, e se, infelizmente, se parecem muitas vezes com animais que se devoram e se matam uns aos outros, é porque a consciência que têm de si próprios se situa demasiado baixo, na personalidade, numa região onde se vêem limitados, desligados dos outros.
Na realidade, nós somos todos um.
Por isso, antes de decidirdes fazer mal a alguém, deveis reflectir e dizer para convosco que é também a vós mesmos que ides fazer esse mal, porque vós viveis nesse ser e ele também vive em vós.
Eis o começo da verdadeira moral: compreender que o mal que fazemos aos outros é a nós mesmos que o fazemos.
Muitas pessoas verificaram que, se um ser que elas amam sofre ou tem uma infelicidade, é como se elas mesmas tivessem essa infelicidade, e se lhes acontece algo de bom, elas regozijam-se, sentem-se triunfantes como se essa felicidade lhes tivesse acontecido a elas.
Isto só pode acontecer quando a filosofia da unidade, do amor, da universalidade, penetra no ser humano, quer dizer, a filosofia do verdadeiro conhecimento de si próprio.
Senão, rejubila-se com a infelicidade do vizinho; infelizmente, é assim, as pessoas ficam felizes, rejubilam com o mal dos outros.
É a personalidade que mantém as pessoas em estados de consciência inferiores, e se elas não se apercebem disso, é justamente porque se identificam com ela, em vez de se identificarem com a sua natureza superior.
É certo que é difícil vencer certos instintos, certos desejos, mas é preciso, pelo menos, estardes conscientes de que não é o vosso verdadeiro eu que tem esses desejos.
Desligando-vos assim da vossa personalidade, enfraquecei-la e, então é mais fácil estabelecerdes uma ligação com a vossa natureza superior e identificardes-vos com ela.
Como foi possível os humanos perderem a luz ao ponto de se abstraírem deste "conteúdo", desta quinta-essência, desta alma que todos temos, a ponto de ignorarem o que é vivo, intenso, subtil, para só darem importância ao que é material, inerte?
Eles têm que compreender que não há nada mais perigoso, porque, ao concentrarem-se na matéria, identificam-se com ela, e assim ficam paralizados, imobilizados e à mercê dos inimigos.
É preciso saber mexer-se, mudar de lugar, ou mesmo voar como as aves, porque nessa altura já não se fica à mercê das circunstâncias.
Todos os seres que sabem mexer-se, que são vivos, subtis, não podem ser aprisionados; não se consegue capturá-los, eles escapam-se sempre, voam... e planam.
Vós direis: «Sim, mas há sempre o corpo físico!»
Isso é verdade; ele é pesado, material, está exposto a todos os perigos.
Mas a alma...
Tentai apoderar-vos da alma de um homem, do seu espírito, da sua consciência!...
Há algo no homem que está acima de todas as condições e circunstâncias.
Podemos apropriar-nos do corpo, sim, mas não do perfume que flutua no ar.
Aquele que desce demasiado baixo na matéria fica à mercê dos outros, que assim dispõem dele.
E é o que acontece com a maior parte dos humanos: são outros que dispõem deles, colocam-nos aqui, empurram-nos para acolá, tiram-nos, mandam-nos embora, aprisionam-nos ou matam-nos.
Por isso, a minha conclusão é a seguinte: para serdes capazes de superar todas as circunstâncias, de não vos deixardes abater por nada, por nenhuma infelicidade, nenhuma tragédia, para serdes capazes de planar acima dos acontecimentos, deveis elevar-vos, elevar-vos sem cessar, e sobretudo não vos materializar.
Desse modo, os problemas, as perturbações, os prejuízos, nada vos afectará; vós estareis acima disso, muito longe, muito alto.
Para atingir esse estado de consciência sublime, deveis meditar muitas vezes sobre a fórmula. «Eu sou Ele», e pronunciá-la.
«Eu sou Ele» quer dizer: só Ele existe, eu não existo, não passo de um reflexo, de uma sombra.
O homem não existe enquanto criatura separada, faz parte do Senhor e só Ele possui uma existência própria.
Deus é o único que existe e nós somos uma projecção d'Ele.
Então, quando dizemos «Eu sou Ele» compreendemos que não existimos fora de Deus, ligamo-nos a Ele, aproximamo-nos d'Ele até nos tornarmos um dia como Ele.
Há milhares de anos que a História nos transmite testemunhos de criaturas que conseguiram identificar-se com o Senhor, e elas obtiveram os poderes, a luz, viveram êxtases.
Enquanto o homem não conhece a sua verdadeira realidade, identifica-se com o corpo físico, com os seus sentimentos, com os seus pensamentos, sem saber que eles não são a verdadeira realidade, e é por isso que ele continua fraco e doente.
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