sábado, 13 de maio de 2017
A LUZ, ESPÍRITO VIVO
Capítulo I - A LUZ, ESSÊNCIA DA CRIAÇÃO
Diz-se que Deus é um fogo devorador e, na maior parte das mitologias, o deus mais poderoso é o do fogo.
Evidentemente, não se trata aqui, do fogo que conhecemos: o fogo físico não passa de um aspecto do fogo universal.
Na realidade, existem múltiplas espécies de fogo: o que arde no coração dos homens, o que está adormecido na base da coluna vertebral, o do sol, o do inferno, o que está escondido no coração das pedras, dos metais, etc. ...
Mas já reparastes que o fogo só é perceptível se for acompanhado de luz?
Sim, a luz é a matéria através da qual o fogo se manifesta.
Transpondo esta imagem, descobrir-se-á que a luz é essa substância que Deus, o fogo primordial, emanou de Si mesmo na origem do mundo, ao dizer: «Haja luz!»
Esta luz é precisamente o Verbo mencionado no início do Evangelho de São João: «No começo era o Verbo, e o Verbo era com Deus, e o Verbo era Deus...
Tudo o que foi feito, foi feito por ele...»
A luz é o Verbo que o Criador pronunciou e pelo qual criou o mundo.
O mundo físico, tal como o conhecemos, não é mais do que uma condensação da luz primordial.
Deus, o princípio activo, projectou a luz e trabalhou sobre essa luz, como sobre uma matéria, para criar o Universo.
É aqui que se começa a perceber a manifestação dos dois princípios - masculino e feminino - que estão na origem da criação, posto que Deus, o fogo, o princípio masculino, tirou de Si mesmo e projectou o princípio feminino, a luz, a matéria em que Ele ia criar.
Diz-se que Deus criou o mundo a partir do nada.
Nada exterior a Ele, sim, e é isso que para nós é difícil de compreender, pois só podemos construir algo com materiais e instrumentos exteriores a nós.
Na realidade, não se pode criar a partir do nada, e esta ideia duma criação a partir do nada apenas significa que foi de Si mesmo que Deus tirou a matéria da Criação.
O Universo é precisamente essa substância extraída d'Ele e tornada exterior a Ele, mas que continua a ser Ele.
Com o que é que o bicho da seda tece o seu casulo e a aranha a sua teia?
Com o que é que o caracol fabrica a sua casca?
Com uma substância que conseguem extrair de si mesmos.
Se soubermos observar a Natureza, quantos fenómenos nos podem ser revelados por aquilo que os pensadores consideram como os mistérios mais impenetráveis!
A própria ciência descobrirá um dia que a luz é a matéria primordial na qual o Universo foi criado, e o homem, se conseguir aprender como proceder, também poderá tornar-se criador como Deus.
Segundo o Génesis, o primeiro acontecimento do mundo foi a criação da luz.
Deus disse: «Haja luz!»
Mas de que luz se trata?...
Em búlgaro, existem duas palavras diferentes para designar a luz: svétlina e vidélina.
A palavra svétlina designa a luz física e, é formada a partir da raiz do verbo que significa «brilhar».
A palavra vidélina designa a luz espiritual e, é formada a partir da raiz do verbo que significa«ver».
Vidélina é a luz que permite ver o mundo espiritual, o mundo invisível; foi vidélina que, ao materializar-se, deu origem a svétlina, a luz física.
Compreendereis melhor esta ideia se eu vos lembrar a experiência do tubo de Crookes: nas duas duas extremidades dum tubo, em que previamente se fez o vácuo, estão colocados dois eléctrodos ligados a uma fonte de energia eléctrica; quando se faz passar a corrente, o cátodo emite um fluxo de electrões na direcção do ânodo, mas ele permanece escuro e, é na região do ânodo que aparece uma luminescência.
A luz que o sol nos envia não é a do primeiro dia, que o Génesis refere.
Para lá do sol físico existe um sol invisível, obscuro, o sol negro, que continuamente envia energias ao sol visível.
Este transforma-as e envia-as, por sua vez, sob a forma de luz.
A luz que vemos não é aquela que Deus criou no começo quando disse: «Haja luz!»
Ela veio depois.
O primeiro sol enviou a luz primordial, vidélina, que o sol visível transforma e reenvia sob a forma de raios (svétlina).
Vidélina, a verdadeira luz, só revela as coisas ao embater nelas.
Se nada se encontra na sua passagem, ela permanece invisível.
Só o obstáculo que encontra a pode revelar.
No começo era vidélina, isto é, o primeiro movimento que se manifestou no espírito de Deus sob a forma de jorro, de irradiação para fora, para o exterior d'Ele.
Antes de criar, Deus projectou à sua volta um círculo luminoso a que se poderia chamar a sua aura.
Através desse círculo de luz, Ele fixou os limites do Universo e, logo que esses limites foram fixados, projectou na luz da sua aura, vidélina, imagens que se materializaram, que se cristalizaram.
Foi, pois, vidélina que forneceu a matéria para a Criação.
E quando São João diz, no início do seu Evangelho: «No começo era o Verbo, e o Verbo era com Deus, e o Verbo era Deus...», «o Verbo era com Deus» significa que nada foi feito sem a participação de vidélina, a aura de Deus.
O Verbo divino é a luz.
Continua
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