segunda-feira, 22 de maio de 2017

NATUREZA HUMANA E NATUREZA DIVINA


Capítulo  III  -  À  PROCURA  DA  NOSSA  VERDADEIRA  IDENTIDADE

Continuação (2)

A primeira descoberta que faz aquele que começa a reencontrar-se pelos métodos da meditação e da identificação é que não existe uma multidão de seres separados, mas um Ser único que trabalha através de todos os seres, que os anima e se manifesta através deles, sem eles o saberem; sim, um único Ser, que dirige e ordena todas as suas manifestações.
Os que compreenderam esta verdade já não podem criar divisões nem fazer guerra; para eles, o mundo inteiro é um ser colectivo.
Vou dar-vos uma imagem.
Imaginai que nesta mesa estão vários copos de cores, matérias, formas e dimensões diferentes.
Em todos estes copos eu deito um mesmo perfume: os recipientes são diferentes mas o conteúdo é o mesmo, é a mesma essência perfumada.
Ora, eu noto que os copos estão imóveis e conservam uma forma fixa, mas a essência começa a elevar-se, a expandir-se e, como ela é subtil, etérica, opera-se no ar uma fusão: o perfume de cada copo mistura-se com o do copo vizinho, encontram-se todos em cima e formam apenas um, uma unidade indivisível.
Esta imagem pode fazer-nos compreender que aquele que, levado pela personalidade, só vê separação por toda a parte, vive na ilusão.
Se ele aceitar essa ilusão, enganar-se-á eternamente acerca da realidade das coisas, adoptará uma filosofia materialista enganadora ou, digamos antes, uma filosofia verídica no que respeita à matéria, à forma, ao recipiente, mas enganadora no que diz respeito ao conteúdo, quer dizer, à alma, ao espírito, aos pensamentos e aos sentimentos, onde tudo se funde e é apenas um.
Imaginai agora algumas pessoas reunidas à volta de uma mesa e que têm amizade e amor umas pelas outras.
Aparentemente elas estão separadas: dum ponto de vista materialista, no plano físico, são criaturas distintas.
Mas esse ponto de vista é limitado, porque entre elas circulam correntes e, portanto, produzem-se trocas, fusões de forças e de energias; pelo facto de se amarem, num certo plano elas formam apenas um.
Quer se trate de copos, quer se trate de corpos físicos, somos mais ou menos obrigados a ter em conta a forma, os contornos, os limites, mas quando nos ocupamos do perfume, da vida subtil dos seres, deixa de haver contornos e limites.
Já não podeis dizer: «Eis os limites do perfume ou da vida, eis onde eles terminam.»
Isso é impossível, porque não se pode fixar limites a tudo o que é móvel, vivo, irradiante, subtil.
Reparai em mim, por exemplo: vós podeis desenhar exactamente os contornos do meu corpo físico, do meu rosto, do meu perfil.
Mas será que esse corpo que desenhais é "eu"?
Será que "eu" tenho contornos?
Não, eu não sou o corpo físico, sou este ser que pensa, que sente, que age, e até pode acontecer que seja um pouquinho mais vasto do que o corpo que vedes...
E isto é igualmente verdade para vós.
E o sol?...
Ele está lá no céu, com contornos, uma forma, uma determinada dimensão...
No entanto, como é que, àquela distância, ele consegue tocar-nos?
Ele está lá em cima, muito longe e, no entanto, toca-nos.
Portanto, ele consegue dilatar-se ao ponto de chegar até nós.
Pois bem, se o sol é capaz de fazer isso, nós também somos: sim, enviando através do espaço os raios que são os nossos pensamentos.
Quando enviais o vosso pensamento a alguém, mesmo que essa pessoa esteja a milhares de quilómetros, vós podeis chegar até ela.
O pensamento não é mais do que emanações e projecções exactamente semelhantes à quinta-essência que o sol não cessa de enviar para a terra e ainda para além dela, a milhares de anos-luz, para o Universo inteiro.
Os raios do sol são a sua alma, que ele projecta no espaço infinito, são os seus pensamentos, e os seus pensamentos são ainda ele.
E os planetas?...
Reparai na terra: a parte líquida é mais vasta do que a parte sólida; a parte gasosa, a atmosfera, mais vasta que a parte líquida, e a parte etérica estende-se ainda muito mais além, para lá do sol.
E como esta observação também é válida para Mercúrio, Júpiter, Vénus... pode concluir-se  que todos os planetas se tocam, se impregnam, se interpenetram e formam uma unidade.
Exteriormente, eles estão separados e afastados uns dos outros, mas interiormente (quero dizer, na parte subtil), fundem-se.
Também nós, como os planetas, nos tocamos todos por intermédio dos nossos pensamentos, das nossas emanações...
Eis a verdadeira ciência, a verdadeira filosofia.

Continua

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