segunda-feira, 1 de maio de 2017

A LIBERDADE, VITÓRIA DO ESPÍRITO






Capítulo  VI  -  A  VERDADEIRA  LIBERDADE  É  UMA  CONSAGRAÇÃO

Continuação (3)

A única liberdade que existe é a consagração.
Quando um Iniciado quer projectar forças sobre um objecto para o consagrar, começa por purificá-lo, por exorcizá-lo, porque esse objecto já recebeu a influência das pessoas que o tocaram ou dos acontecimentos que tiveram lugar junto a ele, que depositaram nele camadas fluídicas opacas, impuras.
Essas camadas impedem que o pensamento mágico possa impregnar o objecto, pois formam como que uma barreira, uma tela que se torna um obstáculo.
Só depois de exorcizar o objecto, através de fórmulas e de vapores de incenso, é que o Iniciado procede à sua consegração.
Consagra-o a uma entidade, a um princípio, a uma virtude, e o objecto fica reservado.
É como se ostentasse um letreiro.
Está impregnado de boas influências e os maus espíritos já não podem vir instalar-se nele e servir-se dele.
Na Natureza há leis e interdições que até os espíritos maus conhecem.
Eles sabem que, se transpuserem determinadas barreiras, serão punidos.
Mas, evidentemente, onde a entrada é livre nem mesmo o Senhor pode impedi-los de penetrar para se alimentarem, conspurcarem e saquearem.
Têm esse direito, a porta está aberta.
Alguns cristãos perguntam a si próprios como é possível o Senhor permitir que os espíritos do mal penetrem neles...
Que pergunta tão tola!
Se eles próprios não se protegem, porque é que o Senhor haveria de protegê-los?
Há regras e leis que devemos conhecer.
Se tiverdes um jardim e ele não estiver protegido por um muro ou uma vedação, não é de admirar que os frutos das vossas árvores sejam roubados.
E se fordes queixar-vos à justiça, dir-vos-ão: «Não havia qualquer vedação a assinalar que o pomar era propriedade sua; nada podemos fazer.
Deveris ter colocado uma vedação.»
Pois é, as pessoas querem ser livres, livres, mas livres de quê e de quem?
Ah, livres dos instrutores que as tornariam sábias e conscientes, livres do Céu, livres do Senhor!
Mas nessa altura ficam à disposição do Inferno, que lhes inspira toda a espécie de loucuras e de crimes.
Ficam constantemente rodeadas de forças que as espreitam para as induzir em erro e se regalarem à sua custa; e depois sofrem, ficam doentes.
Todas essas pessoas que se dizem "livres" vivem no vazio e, claro, os maus pensamentos, os maus sentimentos e as entidades más que vagueiam por aí, introduzem-se nelas para se alimentarem.
Exactamente como os animais: têm necessidade de se alimentar e apanham a primeira vítima que vier parar-lhes às garras ou aos dentes.
Se esta não consegue libertar-se, é devorada.
Todas as criaturas, todas as coisas na vida têm necessidade de se alimentar, e assim o que é mau lança-se sobre o que puder servir-lhe de pasto.
Vede o que se passa com os micróbios, os bacilos, os vírus...
Por toda a parte existe a mesma lei.
Se o homem não é suficientemente inteligente para se proteger, todas as forças negativas penetram nele e depois ele grita, chora, lamenta-se, sem compreender o que está a acontecer-lhe.
Contudo, é fácil de compreender: ele foi demasiado ingénuo, não sabia que não devia estar livre, disponível, para acolher os indesejáveis do mundo invisível que atormentam a humanidade, como se fosse um albergue com todas as portas e janelas abertas de par em par.
Que fazem os caçadores?
Levam o cão e a espingarda e vão matar aves ou outros animais para os comerem ou venderem, ou para fazer figura diante dos outros.
Do mesmo modo, algumas entidades do mundo invisível lançam-se sobre os humanos, a sua deliciosa caça e, devoram-nos.
Por isso, há que estar ocupado, há que ser conduzido, sim, mas pelo Céu, pelos anjos e pelos arcanjos.
É esta submissão que vos permite ser absolutamente livres, porque estas entidades sublimes não vos destroem, pelo contrário.
Como são ricas, inteligentes, belas e luminosas, trazem-vos os seus tesouros, os seus esplendores.
É mais vantajoso, pois, estar-se comprometido, ocupado, consagrado, do que ser livre estupidamente.
A verdadeira liberdade é deixar de ser livre!
Imensos rapazes e raparigas querem ser livres para "viver a sua vida"!
Mas como viverão eles essa vida se não têm nem conhecimento, nem ciência, nem luz, nem vontade?
Vivê-la-ão como animais: comerão, combater-se-ão, divertir-se-ão, chorarão, voltarão a divertir-se, voltarão a chorar... eis o que significa "viver a sua vida".
Não se deve supor que se é livre porque se faz o que se quer e se vai onde se quer sem um guia, sem um ideal.
Se não se consagrar a vida ao Céu, a liberdade não passará de uma escravidão.
O que vos expliquei há pouco sobre o exorcismo e os ritos de consagração é de uma importância incalculável para a compreensão da liberdade.
Se souberdes aplicá-lo a vós próprios, estareis rodeados, protegidos, por círculos mágicos de luz, e os espíritos celestes, atraídos pela vossa aura, virão guardar-vos para impedirem a aproximação dos indesejáveis.
Há que trabalhar, há que estar ocupado.
Observai o que se passa com as pessoas que se reformam: envelhecem muito mais depressa!
É óptimo as pessoas reformarem-se, mas para se dedicarem, finalmente, a outro trabalho, um trabalho espiritual gigantesco.
Nessa altura, sim, sentir-se-ão rejuvenescidas, alimentadas, vivificadas.
Deveis repetir todos os dias: «Senhor, toma-me ao teu serviço, eu estou à Tua disposição, dirige-me, trabalha através de mim para a realização dos Teus  desígnios e dos Teus planos.»
É evidente que nos primeiros dias isso não dará resultados fantásticos, mas, com o tempo, vereis: nem encontrareis palavras que exprimam o quanto vos sentis aconselhados, protegidos, esclarecidos e cheios de uma imensa alegria!...
Pois é, jamais ser livre...
Não percais tempo.
A partir de hoje, acabai com a vossa liberdade e suplicai ao Céu que venha apoderar-se de vós.
Eis um dos maiores segredos da Iniciação!


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