quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O YOGA DA ALIMENTAÇÃO



6º. Capítulo  -  A  MORAL  DA  ALIMENTAÇÃO


Certas pessoas imaginam que é preciso comer muito para estar de boa saúde e ter forças.
De modo nenhum, até é o contrário: comendo muito, fatiga-se o organismo, entravam-se e bloqueiam-se os processos digestivos, e isso traz sobrecargas inúteis que depois é quase impossível eliminar.
É assim que aparecem toda a espécie de doenças: por causa desta opinião errada de que é preciso comer muito para ter saúde.
Na realidade, é a fome que prolonga a vida.
Se, nas vossas refeições, comerdes sempre até estar saciados, cheios, ficareis pesados, sonolentos, e já não vos sentireis impelidos a trabalhar para chegar à perfeição.
Ao passo que, se sairdes da mesa com um ligeiro apetite, tendo recusado as últimas garfadazitas de que ainda tínheis vontade, o corpo etérico recebe um impulso para ir procurar nas regiões superiores os elementos que preencherão o vazio assim deixado.
E alguns minutos mais tarde não só não tendes fome, como vos sentis mais leves, mais vivos, mais capazes de trabalhar, porque estes elementos que o corpo etérico foi procurar no espaço, são, justamente, de uma qualidade superior.
Se comerdes até ficar saciados e mesmo para além daquilo que necessitais, só pelo prazer de comer, como fazem tantas pessoas, na realidade nunca vos sentireis satisfeitos e provocareis em desequilíbrio em vós.
Quando comeis demasiado, produz-se um excedente, e o vosso corpo etérico, que fica sobrecarregado, já não consegue assumir as suas funções; então. certas entidades inferiores do plano astral, vendo essa abundância de alimento, precipitam-se para tomar parte no festim que vós, inconscientemente, estais a oferecer.
Por isso, algum tempo depois, sentis de novo um vazio e experimentais o desejo de recomeçar a comer para o preencher.
E os indesejáveis regressam também.
E deste modo tornais-vos um engodo magnífico para atrair e alimentar os ladrões e os esfomeados do plano astral, que se regalam à vossa custa.
E claro que, quando eu falo em sair da mesa com fome, refiro-me a uma privação muito ligeira.
Se vos privardes continuamente dos materiais necessários ao organismo, o corpo etérico não pode reparar essas carências.
Mas, se a um quilo suprimirdes vinte gramas, sentir-vos-eis mais leves, mais bem dispostos, devido ao elemento etérico que vem acrescentar-se aos alimentos que já ingeristes.
Quantas vezes eu fiz a experiência de comer um pouquinho menos do que aquilo de que tinha vontade!
Dir-me-eis: «Mas nós somos tentados, temos vontade de continuar!»
Sim, eu sei muito bem que se é tentado!
Mas para que quereis vós a vontade e a razão?
Eis uma ocasião para as exercitar!
Mesmo nos maiores festins, nas festas, nas recepções, é preciso saber recusar.
Eu recuso muitas vezes.
Por toda a parte onde sou convidado, apresentam-me toda a espécie de pratos, no entanto eu previno antecipadamente: «Não façais nada de extraordinário, dai-me um pouco de salada, alguns legumes, alguns frutos.»
É claro que as pessoas não ligam e, apesar daquilo que eu digo, preparam uma refeição fantástica e, quando veem  que eu me sirvo apenas de uma pequena quantidade, ficam desiludidas.
Paciência, deveriam ter acreditado em mim!
Há muito tempo que eu compreendi o que se perde quando não resistimos a comer mais do que daquilo para que temos fome; isso é pago com a perda de um elemento subtil muito mais precioso do que o sabor dos melhores pratos.
Também vós deveis saber recusar aquilo que vos oferecem.
Se não recusardes, sereis incapazes de fazer um trabalho importante.
Ficareis repletos, adormecidos algures, quando há um trabalho espiritual que espera por vós.
Não deveis adormecer, pois esse trabalho tem de ser feito!
Evidentemente, cada um tem de saber por si mesmo a quantidade de alimento que lhe convém.
Nem todos têm o mesmo estômago, eu sei, e ao longo da minha vida tenho encontrado autênticos fenómenos.
Como Tséko, por exemplo, um irmão da Fraternidade da Bulgária: o seu apetite causava admiração, pois ele parecia nunca estar satisfeito.
Era um moço gentil, amigo de servir, sempre sorridente, sempre amável.
Como era extremamente forte, carregava com as bagagens de toda a gente.
Quando a Fraternidade ia acampar no alto do Mussala, ele subia carregado como um burro: as irmãs, sobretudo as mais idosas, entregavam-lhe as suas bagagens e ele aceitava tudo sem ripostar, sem resmungar.
Quando nos voltávamos para trás, enquanto caminhávamos, víamos uma montanha a avançar.
Muitas vezes, até era ele que transportava às costas o samovar de que os irmãos e as irmãs se serviam para fazer o chá, e lavava-o com brasas e tudo; a água começava a ferver e nós ouvíamos apitos, víamos fumo, e Tséko avançava tranquilamente, parecia uma locomotiva.
Evidentemente, com um feitio tão bom, todos o achavam simpático e queriam convidá-lo.
Mas, por toda a parte onde ia, ele comia tudo o que existia em cima da mesa.
Se alguém queria guardar alguma coisa, não deveria, acima de tudo, deixá-la ao alcance dos seus olhos, pois desaparecia tudo naquele estômago único no mundo.
Quando acampávamos em Rila, por vezes sobrava das refeições uma certa quantidade de comida que era posta de lado para ser deitada fora, porque já estava fermentada.
Mas, quando as irmãs que se ocupavam da cozinha iam procurar essa comida, para a pôr no lixo, ela tinha desaparecido: o Tséko comera-a.
Mas, o que quer que comesse, ele nunca ficava doente.
O Mestre Peter Deunov, dando-se conta do fenómeno que era aquele irmão, enviava para junto dele todos os que não tinham apetite: eles recuperavam o apetite só de ver Tséko comer.

Continua

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