segunda-feira, 29 de agosto de 2016

O HOMEM À CONQUISTA DO SEU DESTINO






Páginas 69 a 76  -  JUSTIÇA  HUMANA  E  JUSTIÇA  DIVINA  (Continuação)

II


Consideremos agora um verdadeiro Iniciado.
Também ele, fatalmente, foi ultrajado, enxovalhado, espezinhado e humilhado por seres interessados em combatê-lo.
Mas, como conhece as leis, ele aplica outros métodos.
Em vez de se vingar directamente dos seus adversários, deixa-os tranquilos, livres, em paz: que continuem como quiserem!
Ele sabe, antecipadamente, como eles vão acabar e, entretanto, vai-se preparando.
Para quê?
Para os massacrar?
Não, já vos disse que ele não quer carregar-se de dívidas que teria de pagar; quer ser livre e forte.
E a força não consiste em pegar no revólver ou na espingarda para abater um inimigo; isso não é força, é fraqueza... e ignorância, ainda por cima.
Portanto, o Iniciado prepara-se.
Ele diz: «Ah! Ah!
Pensais que me destruístes?
Esperai, vereis o que vai acontecer!»
E começa a fazer um trabalho gigantesco sobre si próprio: reza, medita, estuda, treina-se até ao dia em que possua finalmente a verdadeira sabedoria, os verdadeiros poderes.
E, se então, os seus inimigos o encontrarem, ficarão estupefactos.
Algo de inexprimível acontece no seu cérebro, no seu coração, na sua alma...
Perante a luz deste Iniciado que, em vez de se vingar, trabalhou sobre si próprio, eles sentem-se feios e sem brilho, percebem que desperdiçaram a sua resistência e decidem modificar-se.
Pois bem, é esta a verdadeira vitória, é este o verdadeiro triunfo do Iniciado: mesmo sem atacar os seus inimigos, mesmo deixando-os tranquilos, ele venceu, levou a melhor sobre eles.
Diz-se na Bulgária: «Não empurres um bêbado, ele cairá sozinho.»
E é verdade, aquele que se embriagou com o seu orgulho, com a sua presunção, com a sua grandeza, um dia cairá sozinho, sem que o empurreis.
Se o empurrardes, a lei responsabilizar-vos-á pela sua queda, mas se o deixardes tranquilo ele cairá inevitavelmente, e vós não tereis nada a ver com isso.
Entretanto, ter-vos-eis ocupado apenas com o vosso próprio aperfeiçoamento, com tudo o que é puro, luminoso, divino.
Não será a melhor solução?
Claro.
É evidente que é preciso ter muito amor, muita bondade, muita paciência, muita luz, para aplicar este método, mas não conheço outro mais eficaz.
Sem maldade, sem vingança, acumulais carvões em brasa sobre a cabeça dos vossos inimigos: eles observar-vos-ão e isso basta.
Depois, arrepender-se-ão e virão reparar o mal que vos fizeram.
Sim, porque existe uma lei na Natureza segundo a qual - e se não for nesta incarnação, será na próxima - todos os que vos fizeram mal serão obrigados a vir procurar-vos para reparar as suas falhas.
Pode acontecer que, sentindo intuitivamente, que são antigos inimigos, queirais afastá-los; de nada vos vale, eles continuarão a andar à vossa volta e a pedir que aceiteis os seus préstimos.
É assim a lei; já aconteceu isto a muitas pessoas.
Todos os que vos fizeram mal e aos quais não pagastes na mesma moeda, serão obrigados pela lei (quer queiram quer não, a sua opinião não conta), a vir reparar os seus erros.
O Iniciado é capaz de se vingar, sim, mas apenas por intermédio da luz e do amor.
Também vós podeis vingar-vos, é normal uma pessoa vingar-se, por que não?
Mas há duas maneiras de o fazer: maltratar fortemente o vosso adversário, difamá-lo, ou então, deixá-lo intacto, mas provocar no seu coração, na sua alma, uma viragem completa que só pode ser benéfica para vós e para ele.
Esta segunda atitude é duplamente vantajosa.
Aconselho pois, os irmãos e as irmãs da Fraternidade a fazerem o possível por regularizar os seus problemas sem se carregarem com novos carmas.
Por que é que até os membros de uma família precisam de se enfrentar em tribunal por questões de dinheiro?
Não conseguem passar por cima disso?...
Por que é que os homens se agarram tanto aos seus interesses, aos seus haveres?
Que façam um gesto, meu Deus, e ficarão livres!
De início, evidentemente, não se sentirão muito felizes por esse gesto, sofrerão, sentir-se-ão oprimidos.
Mas, se conseguirem fazê-lo, descobrirão novas regiões, novas luzes, e não haverá ninguém, mais legitimamente orgulhoso de si próprio e mais feliz do que eles, porque terão realizado algo muito difícil: vencer a sua natureza inferior, a sua personalidade.
É a personalidade que aconselha continuamente o homem a "puxar a brasa à sua sardinha", a caluniar, a vingar-se e até a ir a tribunal para culpabilizar os outros.
E depois as pessoas pensam que compreenderam o Ensinamento!
Pois bem, não entenderam nada.
Ouvem as conferências, leem os livros, ficam maravilhadas, mas continuam a agir segundo os velhos hábitos, é isso que eu tenho constatado.
Perante uma tal luz, perante tais verdades, perante tais revelações, continuar a proceder como toda a gente é deplorável!
Se confiardes na bondade, na inteligência e no amor divinos para vos ajudarem a resolver os vossos problemas, o Céu não vos abandonará, porque fizestes algo que vos liga a ele.
Eis um ponto que muitos de vós ainda não compreenderam.
Não têm suficiente fé e confiança no poder do mundo invisível, que pode ampará-los e facilitar a sua existência se trabalharem conforme ele lhes pede.
Confiam sempre nas artimanhas e nas desonestidades da personalidade, e é por isso, aliás, que não são bem sucedidos, mais cedo ou mais tarde, o mundo invisível apresenta-lhes obstáculos.
Ao passo que os Iniciados, que respeitam as leis e confiam no Céu, nunca são abandonados.
Ainda que o mundo inteiro os abandone, eles são amparados, encorajados, iluminados e acabam por triunfar.


MESTRE  OMRAAM  MIKHAËL  AÏVANHOV

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