domingo, 23 de agosto de 2015

SABER EQUILIBRAR O MUNDO MATERIAL E O MUNDO ESPIRITUAL (Cont. II)


 Todos aqueles que conhecem bem a natureza das suas actividades dizem, a propósito de certos obstáculos: «Pois é, são os ossos do ofício», mas não é isso que os impede de continuar.
Toda a gente sabe que cada actividade tem os seus inconvenientes.
E por que é que os espiritualistas não conhecem os inconvenientes da sua actividade?
Se eles desanimam, se eles querem abandonar tudo, isso prova que não conheciam esses inconvenientes.
Se os tivessem conhecido antecipadamente, teriam continuado ainda com mais ardor.

O segredo está em querer instruir-se, em querer alargar o seu campo de visão.
Infelizmente, muitas pessoas, quando vêem a amplitude, a imensidão de um Ensinamento espiritual, em lugar de darem graças, ficam aterradas e metem-se na sua concha.
Pois é, muitas pessoas nunca irão longe.
Se ficardes agarrados às vossas velhas ideias, crendo que estais melhor assim, enganar-vos-eis: toda a espécie de aborrecimentos virão picar-vos, morder-vos, inquietar-vos, para vos impelirem a, por fim, evoluir.

Encontrei muita gente que me disse: «Oh, Mestre, o seu Ensinamento é formidável!
Gostaria de me consagrar inteiramente a ele, mas primeiro tenho que cumprir certos compromissos para com o meu marido - ou a minha mulher -, os meus filhos, etc.»
Bom, está bem.
Mas, ao fim de dez, vinte anos, eu voltava a observar essas pessoas: ainda não tinham conseguido libertar-se das suas tarefas.
E algumas até tinham morrido sem ter conseguido consagrar um minuto à vida espiritual.
E porquê?
Porque tinham uma maneira de pensar errada.
Para alguém se consagrar à luz, a um Ensinamento divino, não deve esperar até ter conseguido resolver primeiro isto ou aquilo, porque nada, nunca, está definitivamente resolvido; há sempre algo, algures, para resolver.
Não espereis.
Mesmo que nada esteja resolvido, consagrai-vos desde já à vida espiritual e vereis que tudo se resolverá, mesmo sem vós perceberdes como tal aconteceu.
Façais vós o que fizerdes no domínio material, nada, nunca, estará definitivamente resolvido.
É exactamente como se tentásseis dar de novo uma forma esférica a uma bola de borracha furada.
Quando conseguis suprimir a deformação de um lado, logo ela fica deformada do outro.
Julgais ter ficado tranquilos porque casastes a vossa filha, mas eis que ela não se entende com o marido, divorcia-se, e é um grande problema!
Ou então são os netos que começam a surgir, a casa começa a tornar-se pequena e é preciso mudar, etc., etc...
E depois é um filho que adoece...
É um nunca mais acabar, eu vos digo!
Não espereis pois, para vos consagrardes à vida espiritual.
Sabei também que, graças à vida espiritual, podereis encontrar as melhores soluções para todos os problemas que vos surgirão

Continua

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