Quando perguntam a um sábio o que é Deus, ele cala-se, responde com o silêncio, porque só o silêncio pode exprimir a essência da Divindade.
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O ser humano possui centros subtis, a que a tradição hindu chama chacras, lótus, graças aos quais ele tem a possibilidade de entrar em relação com o mundo espiritual.
Mas estes centros não podem despertar e funcionar no meio da agitação e do barulho da vida quotidiana.
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Com efeito, o verdadeiro silêncio não é unicamente a ausência de barulho.
O verdadeiro silêncio está acima da sabedoria, acima da música, é o mundo mais luminoso, mais poderoso, mais belo, o centro donde jorram todas as criações.
Este silêncio é o próprio Deus.
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Entrar no silêncio é, pois, uma actividade que se situa para além dos cinco sentidos, para além do sentimento e até do pensamento.
Quando alguém atinge esta região do silêncio, nada num oceano de luz, vive a verdadeira vida, intensa, abundante.
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Alguns dirão: «Mas esse silêncio de que nos fala, esses mundos para lá dos pensamentos e dos sentimentos, tudo isso é o vazio, é como se nos pedisse que nos lançássemos no vazio... é assustador!»
De certo modo, sim, podemos chamar a isso o vazio, mas não tenhais medo; eu nunca vos disse que devíeis lançar-vos de qualquer maneira, sem estar preparados.
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Aliás, o vazio não é um fim em si.
Fazer o vazio é aprendermos a desembaraçar-nos de todos os elementos estranhos que nos impedem de entrar em contacto com o mundo divino e de receber as suas bênçãos.
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Portanto, é verdade que fazer o silêncio é, de algum modo, fazer em nós o vazio, e é nesse vazio que recebemos a plenitude.
Sim, porque, na realidade, o vazio não existe.
Se retirardes a água dum recipiente, entrará o ar; se retirardes o ar, entrará o éter...
Quando se tenta fazer o vazio, a matéria vai sendo substituída por uma matéria cada vez mais subtil.
Da mesma maneira, quando se consegue rejeitar os pensamentos, os sentimentos e os desejos inferiores, é a luz do espírito que irrompe: nessa altura, vê-se, sabe-se.
O silêncio é a região mais elevada da nossa alma e, no momento em que atingimos essa região, entramos na luz cósmica.
A luz cósmica é a quinta-essência do Universo, tudo o que vemos à nossa volta, e mesmo o que não vemos, é atravessado pela luz e está impregnado por ela.
E o objectivo do silêncio é justamente a fusão com essa luz que é viva, que é poderosa e que penetra toda a Criação.
Se puderdes, procurai ter na vossa casa uma sala, por mais pequenina que seja, reservada precisamente ao silêncio; uma sala com belas cores, decorada com alguns quadros simbólicos ou místicos. Consagrai-a ao Pai Celeste, à Mãe Divina, ao Espírito Santo, aos anjos e arcanjos; não deixeis que ninguém lá entre nem entreis vós mesmos senão quando fordes capazes de fazer o silêncio em vós, a fim de ouvirdes as vozes do Céu.
Dareis assim ao vosso espírito e à vossa alma possibilidades de se expandirem e de atraírem as bênçãos que podereis depois distribuir por todas as criaturas que vos cercam
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de OMRAAM MIKHAËL AÏVANHOV
em "A via do silêncio"
Colecção Izvor
Éditions Prosveta
Publicações Maitreya
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