quarta-feira, 29 de agosto de 2018

A LINGUAGEM DAS FIGURAS GEOMÉTRICAS (Continuação)

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O simbolismo dos dois triângulos é, portanto, extremamente vasto e pode encontrar-se nele o resumo de toda a ciência da vida.
Tomemos apenas como exemplo, no nosso organismo, a questão do plexo solar e do cérebro.
A Inteligência Cósmica construiu-os de maneira idêntica, ambos com a massa cinzenta e a massa branca, mas invertidas, pois no cérebro a massa cinzenta está no exterior e a massa branca no interior, e no plexo solar é o inverso.
Esta oposição aparece também nas suas manifestações: o plexo solar permanece invísivel, escondido, dir-se-ia que ele não faz nada, ao passo que o cérebro fala, pavoneia-se, fulmina.
Mas, para que o cérebro se manifeste tão brilhantemente por todo o lado, para que ele raciocine, explique, comande, existe algo que se sacrifica, que se desgasta e lhe envia ajudas, senão ele deixaria de funcionar.
E é justamente o plexo solar que o alimenta e o mantém.
O plexo solar, que dá, corresponde, portanto, ao triângulo da involução, e o cérebro, que recebe, corresponde ao da evolução.
O plexo solar tem uma função mais espiritual do que o cérebro, pois é ele que se sacrifica para que o cérebro possa funcionar, e não apenas o cérebro mas todos os outros órgãos.
O homem não pode cristalizar numa atitude - eis o aspecto essencial que é preciso reter.
Quando o copo fica cheio, esvazia-se.
Isto é verdade na vida de cada indivíduo: depois de ter sido uma criança que só sabe receber, ele torna-se um adulto que aprendeu a dar.
E é verdade também à escala da humanidade: durante um longo período, a humanidade estava num estádio infantil em que não fazia outra coisa senão apropriar-se egoisticamente, o que provocou constantes guerras e devastações; agora, a humanidade deve aprender a dar.
Eis por que vos direi também que presentemente, as religiões que levam o ser humano a procurar a beatitude eterna e a salvar a sua alma estão ultrapassadas.
É à terra inteira que devemos dar alguma coisa para a embelezar, a fim de que ela vibre em harmonia com o Céu.
No passado, religiões como o budismo ou mesmo o cristianismo levavam os humanos a afastarem-se do mundo físico para poderem chegar ao Senhor, fundir-se com Ele.
A terra não passava de um vale de lágrimas, e a vida de uma ilusão de que era preciso libertar-se o mais rapidamente possível para voltar para o Céu, para o Nirvana.
Cada um só pensava em salvar a sua alma para usufruir de todos os esplendores do Céu.
Evidentemente, esta maneira de ver não é má, mas é imperfeita; em todo o caso, ela não pode trazer o Reino de Deus e a Sua Justiça na terra.
A pequena minoria que conseguir salvar-se deixará todos os outros na desordem e na miséria, porque essa filosofia da fuga não é capaz de transformar o mundo.
É necessária uma outra filosofia, e essa filosofia vem com a era de Aquário: a água que desce, a vida que desce das regiões celestes para transformar a terra, para fazer crescer os germes
 do Reino de Deus.
O Céu, bem entendido, é um mundo perfeito de bênçãos e esplendores onde se será livre e feliz.
Sim, mas se todos abandonarem a terra para ir para o Céu, a terra tornar-se-á um deserto.
Jesus disse na oração dominical: «Venha a nós o Teu Reino, seja feita a Tua vontade assim na terra como no Céu».
Nunca se compreendeu que a vontade de Jesus era transformar, melhorar, embelezar e purificar a terra para que ela seja semelhante ao Céu.
Todos tentam fugir, pois isso é o que melhor convém à sua alminha, que eles querem salvar.
Agora já não há que querer salvar-se; há, somente, que empenhar-se num trabalho glorioso para trazer o Céu à terra.
Ao adoptar a filosofia do triângulo com a ponta para cima, abandona-se a matéria, assim como todas as actividades e deveres que ela subentende, e daí surgirão certas anomalias.
Portanto, agora é preciso trabalhar com o triângulo do espírito, que é o da realização, da manifestação aqui no mundo.
Um espiritualista deve procurar o Céu, é certo, mas uma vez que o tenha atingido, deve trabalhar para fazer com que todas as bênçãos do Céu desçam sobre a terra.
É assim que ele consegue unir em si o espírito e a matéria e realizar plenamente o símbolo do selo de Salomão.

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