quarta-feira, 29 de agosto de 2018

A LINGUAGEM DAS FIGURAS GEOMÉTRICAS





Parte do capítulo III  -  Págs.  72 a 77

O  TRIÂNGULO

A matéria é inerte, informe e, é o espírito que, ao descer para se introduzir nela, a modela.
Eis o fenómeno que se pode observar por toda a parte sob múltiplos aspectos.
O espírito desce para animar a matéria - é a involução;
 e a matéria, animada pelo espírito, sobe - é a evolução.
A ciência, com Darwin e outros, debruçou-se exclusivamente sobre o processo de evolução.
Na realidade, nenhuma evolução poderia ter ocorrido se não tivesse havido previamente uma involução; senão, de onde viriam essas forças, essas energias que permitem às
 formas aperfeiçoarem-se?
A evolução das formas materiais - das pedras, das plantas, dos animais, dos homens - só foi possível graças à descida do espírito.
Eis mais uma ilustração do simbolismo dos dois triângulos.
O triângulo com a ponta virada para baixo é o espírito que desce à matéria para a animar, a vivificar, e o triângulo com a ponta virada para cima é a matéria que quer evoluir para se reunir ao espírito.
O encontro dos dois triângulos simboliza a união perfeita do espírito com a matéria, e é o que confere o poder mágico ao selo de Salomão: o encontro e a interpenetração dos dois triângulos,
 dos dois princípios.
Nenhum progresso, nenhum melhoramento se pode fazer sem sacrifício, e a involução é o sacrifício que o espírito faz para permitir à matéria evoluir e enriquecer-se.
É possível encontrar por todo o lado estes dois processos, da involução e da evolução, mas os humanos, como não são muito dados a considerar as coisas do ponto de vista filosófico, não vêem as leis e os princípios que agem por detrás de todo e qualquer fenómeno ou acontecimento da vida.
Para que determinada existência seja possível, é preciso que, anteriormente, algo se tenha sacrificado.
Sim, e só há evolução porque houve previamente uma involução.
Eis o que é preciso saber, se se quiser que a humanidade prossiga o seu caminho ascendente.
Tudo periclita se a vida não estiver baseada na consciência do sacrifício, da abnegação e do amor.
Vede o que se passa numa família: os pais consomem-se, fazem sacrifícios para que os filhos possam crescer e desenvolver-se e, um dia, acabam por ficar mirrados, enfraquecidos, enquanto os filhos se tornaram fortes e vigorosos, nem sempre reconhecendo, aliás, que se desenvolveram à custa dos pais.
Um Mestre ou mesmo um professor representam o triângulo do espírito.
Eles instruem os seus discípulos ou os seus alunos: eles involuem, enquanto os outros, que escutam, vão evoluindo.
Também aqui se observa a manifestação dos dois triângulos.
Mas esta situação não pode durar eternamente, nem para uns nem para outros.
Um dia, os alunos e os discípulos devem ensinar a outros aquilo que eles próprios aprenderam.
Exactamente como as crianças: elas não ficam eternamente na situação de criança, pois um dia também elas deverão trabalhar, casar-se e ter filhos para alimentar e educar.
Em todas as actividades da vida quotidiana se encontra o símbolo dos dois triângulos: quereis beber, e a água sobe no copo e desce na garrafa.
Depois bebeis, e nessa altura o copo esvazia-se e o estômago enche-se.
Cada vez que se come e se bebe, a comida e as bebidas representam o triângulo do espírito que tem de sacrificar-se para que tenhamos forças.
Ides a uma loja comprar toda a espécie de coisas.
Se não tiverdes nada para dar em troca, nada recebereis: é preciso que o vosso porta-moedas "involua" para que haja uma "evolução" das compras
na vossa direcção!
Tudo o que fazemos na nossa vida quotidiana deve fazer-nos compreender que o mesmo processo existe à escala cósmica e que, se não tivesse havido primeiro a involução do espírito, a matéria não poderia evoluir.


Continua

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