quarta-feira, 24 de outubro de 2018

O QUE É UM MESTRE ESPIRITUAL?

Capítulo VI (parte)
O  MESTRE,  ESPELHO  DA  VERDADE

Se um homem não se conhece, se não está consciente dos seus dons e das suas lacunas, das suas possibilidades e das suas insuficiências, não pode conseguir grande coisa da vida nem ter relações harmoniosas com as outras criaturas, e daí decorrem, para ele, complicações, choques, disputas.
Pode-se mesmo dizer que as maiores infelicidades que acontecem aos humanos são devidas a essa falta de conhecimento de si mesmo.
Saber o que se é, o que se representa, o que se é capaz de fazer ou não...
Sim, saber situar-se - é precisamente a este respeito que as pessoas se enganam constantemente, e isso é muito grave.
As empresas, os casamentos, as associações, tudo o que se faz pode ir por água abaixo se, na base, não se tiver colocado um conhecimento claro da sua própria natureza e também da natureza dos outros, evidentemente.
A sabedoria começa pelo conhecimento de si mesmo.
Mas, como conhecer-se?
O homem dispõe dos órgãos necessários ao conhecimento, só que está construído de tal maneira que não pode ver-se a si mesmo.
Ele vê o mundo exterior, vê os outros, mas não se vê a si próprio.
Para se ver no mundo físico, ele precisa de algo físico que possa reflectir a sua imagem: a superfície da água, um espelho...
Precisa, pois, de se ver através de qualquer coisa exterior a ele.
Acontece o mesmo no domínio psicológico: o homem tem necessidade dos outros para descobrir o que é.
Mas os outros, que nem sempre são inteiramente lúcidos e desinteressados, não podem ser espelhos impecáveis e dão-lhe uma imagem deformada dele próprio.
Por razões de que raramente estão conscientes, as pessoas têm simpatias e antipatias, e exageram, por isso, as qualidades e os defeitos dos outros.
Se alguém é vosso inimigo, para ele vós sois antipáticos e, por consequência, ele irá amplificar os vossos defeitos ao ponto de não querer reconhecer em vós a mínima virtude.
«Se é assim, direis vós, vamos aprender a conhecer-nos através de livros. - Muito bem, mas tudo depende dos livros que escolherdes e do nível a que eles vos ajudarão a conhecerdes-vos. - Então, será a vida que nos ensinará a conhecermo-nos. - Ah! Nisso sim, eu acredito, só que será preciso muito tempo e custar-vos-á muito caro.
Acabareis por conhecer-vos um pouquinho melhor, mas os danos serão irreparáveis.»
O meio que eu vos aconsalho, o mais económico, o mais sensato, o mais eficaz, é o de pedirdes ao Céu que vos coloque diante de um espelho perfeito, quer dizer, diante de um ser com uma grande abnegação, um grande desapego, que não tenha qualquer vontade de vos enganar para se aproveitar de vós; e esse espelho só pode ser um verdadeiro Mestre.
Encontrai um Iniciado e perguntai-lhe: «O que é que eu represento?
O que é que existe em mim?
Quais são as fraquezas que eu devo combater e as riquezas e talentos que devo desenvolver?
A que trabalho estou predestinado?»
E ele, que é desinteressado, entrará em comunicação com o Céu e dar-vos-á respostas impecáveis.

Continua

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