Na realidade, existe apenas uma Fraternidade Branca dos grandes Espíritos, e todos aqueles a que se chama diabos, espíritos maus, são obreiros que cumprem a vontade desta grande Fraternidade.
Todos aqueles que descem junto dos homens para os fazer passar por provas, para os tentar, para os fazer sofrer, mais não são do que empregados, funcionários, que existem para lhes dar umas lições, para os fazer evoluir.
Mas põe-se uma questão.
Não era um homem vulgar, mas sim Jesus, aquele que o Espírito levou para o deserto,
a fim de ser tentado.
Por que razão?
Por que é que lhe enviaram o diabo para o tentar?
Isto parece estar em contradição com aquilo que pensam muitos religiosos, que acreditam que Jesus era o próprio Deus.
Se Jesus era o próprio Deus, por que é que haveria de ser tentado?
O mundo invisível não o conhecia?
Nesse caso, tinha falta de esclarecimento, pois quis saber se Jesus seria sufucientemente forte perante as tentações ou se sucumbiria.
Na realidade, o mundo invisível sabe perfeitamente tudo o que nos diz respeito - a nossa força, a nossa paciência, a nossa resistência, a nossa sabedoria -, pois conhece as qualidades da matéria de que fomos feitos, exactamente como os físicos conhecem as propriedades dos metais: o seu peso, a sua densidade, a sua temperatura de fusão, etc.
Certos metais podem resistir a uma temperatura elevada, outros não.
O mesmo se passa com os homens.
Todos nós somos feitos de uma matéria especial e o mundo invisível sabe muito bem se podemos ou não resistir às diversas tentações da vida, não precisa de nos pôr à prova para saber isso.
Nós é que temos necessidade de conhecer a nossa força, a nossa fidelidade, a nossa bondade, ou então a nossa fraqueza, a nossa maldade.
É por nós próprios que somos postos à prova.
Na evolução ininterrupta que deve conduzir-nos até ao cume, temos de passar por provas, para podermos desenvolver todas as nossas faculdades interiores.
Somos nós, e não o mundo invisível, que precisamos de tomar consciência dessas possibilidades.
Todo o ser que desce à terra, qualquer que seja o seu grau de evolução, assim como tem de se sujeitar a determinados processos de crescimento e atravessar certas etapas da vida física, tem de passar por diferentes provas, para se fortalecer espiritualmente.
A única diferença entre os homens é que cada um atravessa essas provas de acordo com o seu próprio grau de evolução.
Uns sabem tirar proveito delas, outros não.
Uns obtêm benefício de tudo, adquirem riquezas, ao passo que outros sucumbem
e não se transformam.
Jesus teve de passar pelas mesmas provas que os outros homens; não precisava de aprender, mas tinha de passar por elas.
A natureza das tentações a que Jesus teve de se sujeitar e as respostas que, em cada uma das vezes, ele deu ao diabo são muito significativas.
Por isso, devemos prestar uma grande atenção a este texto, para sabermos adoptar a mesma atitude que Jesus e dar as mesmas respostas, a fim de vencermos as provas que, inevitavelmente, se apresentarão perante nós.
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