quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

O VERDADEIRO ENSINAMENTO DO CRISTO






III Capítulo  -  SEDE  PERFEITOS  COMO  O  VOSSO  PAI  CELESTE  É  PERFEITO
                        (II parte - Continuação)


Também se pode dizer que esta imagem divina em nós é o nosso Eu superior, para o qual devemos tender a fim de nos fundirmos com ele, tal como a sementinha, que era negra, baça e insignificante, se transforma numa árvore gigantesca, rica, portentosa.
Observai um carvalho: inicialmente era uma pequenina glande, mesmo boa para ser comida por um porco.
E depois, anos mais tarde, vemos uma magnífica árvore que embeleza a floresta: a sua folhagem purifica a atmosfera, as aves constroem ninhos nos seus ramos, as crianças penduram nela os seus baloiços, os passeantes vêm repousar junto dela, os pintores inspiram-se nela para os seus quadros, os camponeses aproveitam a sua lenha para fazer lume...
Que árvore formidável, um carvalho!
No entanto, inicialmente não era quase nada.
Nós também não somos quase nada, mas, se soubermos servir-nos desse meio fantástico, dessa "força forte de todas as forças", para trabalharmos a imagem divina que existe em nós, conseguiremos realizar-nos tal como o Senhor nos concebeu.
Está escrito que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança.
Essa imagem está em nós, foi o próprio Deus que a colocou em nós, e agora compete-nos fazer esforços para conseguirmos chegar à semelhança.
A única actividade digna desse nome é trabalharmos para nos assemelharmos ao nosso Pai Celeste, pelo menos esforçarmo-nos para o conseguir, para irmos sempre mais longe, mais alto, para vermos as coisas de outro modo, na sua imensidão e no seu esplendor.
Sim, Deus criou o homem à sua imagem, e essa imagem encontra-se no germe do corpo átmico.
A imagem de Deus no homem não se pode encontrar nos planos físico, astral ou mental, senão poder-se-ia concluir que o Senhor era muito imperfeito, muito desajeitado e muito fraco.
É no Alto, no nosso espírito, lá onde reinam a beleza e a perfeição absolutas que nós somos à imagem de Deus.
É impossível vermos essa perfeição porque os outros corpos, mais densos, são como carapaças que nos impedem de a vislumbrar.
Mas aquele que souber concentrar-se nesse germe sublime que representa a luz absoluta, o amor absoluto, consegue, pouco a pouco, fazê-lo crescer e desenvolver-se.
Enquanto não houver nada que o vivifique - nem pensamento, nem sentimento - o germe permanecerá improdutivo e o homem continuará a viver a sua vida medíocre, sem saber que existem meios de a transformar.
Mas, no momento em que o discípulo se torna capaz de projectar o seu pensamento e o seu amor nesse germe, ele não só começa a desenvolver-se, como influencia os outros corpos que, pouco a pouco, na medida das suas possibilidades (porque eles, apesar de tudo, são limitados), conseguem transformar-se.
A partir do momento em que ele consegue vivificar essa matriz que em si existe, influencia progressivamente as células de todo o corpo, criando entre elas uma extraordinária harmonia.
A Cabala explica que o primeiro homem que vivia no Jardim do Éden, o homem cósmico, chamado Adam Kadmon, tinha exactamente o rosto do Senhor.
Mas, mais tarde, quando o intelecto despertou nele (e este processo é simbolizado pela serpente enrolada à volta da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal), o primeiro homem foi tentado a alargar o campo dos seus conhecimentos e abandonou o Paraíso (quer dizer, desceu às regiões cada vez mais densas da matéria, onde conheceu o frio, a escuridão, a doença, a morte), e os espíritos da Natureza e os animais, que até então lhe obedeciam, afastaram-se dele e começaram a atormentá-lo.
Quando o homem conseguir voltar a ter o seu rosto primordial, todos os espíritos do Universo lhe obedecerão de novo e conceder-lhe-ão tudo o que ele lhes pedir.
Mas até lá, ele continuará a assemelhar-se àquele filho pródigo da parábola que, tendo deixado a casa paterna para correr mundo, veio a viver miseravelmente como guardador de porcos.
Mas, ao menos, esse filho pródigo acabou por compreender que devia voltar para a casa do pai...
E vós?
Será que também acabareis por compreender que deveis regressar à Origem, para reencontrardes a luz, o amor e a vida do Pai Celeste?
Regressar à Origem, à Fonte, é o que nós fazemos todas as manhãs quando vamos contemplar o Sol, porque o Sol é a expressão da Divindade na terra.
Nenhum Iniciado vos dirá que o Sol é o próprio Deus, e eu também não vos digo isso, mas, nos seus aspectos de luz, de calor e de vida, o Sol é o melhor símbolo da Santíssima Trindade.
Se nos aproximarmos dele conscientemente, todas as manhãs, ele alimentará e reforçará essa pequena trindade que trazemos em nós: o intelecto que necessita de luz, o coração que necessita de calor, de amor, e a vontade que necessita de vida, de energia.
Mas os cristãos, que não quiseram ver no Sol a manifestação da Santíssima Trindade, porque isso lhes parecia uma concepção de pagãos ou de selvagens, preferiram procurá-la em imagens mortas que nada exprimem, que não irradiam e, portanto, não têm qualquer utilidade.
Ao contemplar o Sol, vós permitis que essa força akashica, a força Telesma, que ele propaga através do espaço, venha vivificar no germe sublime que trazeis em vós, a imagem que é a matriz, o cunho perfeito do Senhor.
Quando conseguirdes reencontrar essa imagem em vós, os espíritos da Natureza, os quatro elementos, colocar-se-ão ao vosso serviço; se lhes fizerdes algum pedido, eles ficarão muito contentes por corresponderem a ele, porque vêem em vós essa imagem que respeitam.
Mas, se não a virem, voltar-se-ão contra vós e poderão mesmo desagregar-vos.
Foi assim que certos magos negros, que quiseram comandar os espíritos da Natureza, se tornaram suas vítimas; os espíritos vingaram-se e dilaceraram-nos, porque não gostam que alguém tente impor-se a eles por intermédio de conjurações mágicas.
A única  força que eles respeitam é a luz que o Iniciado projecta quando consegue expressar o verdadeiro cunho de Deus que traz em si.
Porque não esclarecem os cristãos e os deixam andar a patinhar em noções tão ineficazes, inúteis e até nocivas?
Há dois mil anos, Jesus disse: «Sede perfeitos como o vosso Pai Celeste é perfeito», mas será que os cristãos procuram realmente a perfeição do seu Pai Celeste?
Eles mostram-se sempre fracos, miseráveis, invejosos, rancorosos, coléricos, sensuais...
É isso a Divindade?
As noções e os conhecimentos que lhes deram são insuficientes para eles poderem transformar-se verdadeiramente.
Eles precisam de mais qualquer coisa.
Alguns dirão: «Como?
Eles têm tudo!
Está tudo nos Evangelhos!»
Sim, eu sei, mas será que eles compreenderam os Evangelhos?
Mais do que ninguém, eu estou convencido de que os Evangelhos contêm tesouros, mas tesouros que eles ainda não souberam descobrir e muito menos aplicar.
Sim, está tudo nos Evangelhos, na cabeça dos cristãos é que não há grande coisa.
A filosofia do Cristo conduz o homem à realização do mais alto ideal: assemelhar-se ao modelo divino que traz em si, no plano átmico.
Jesus só pôde dizer «Sede perfeitos como o vosso Pai Celeste é perfeito» porque em cada criatura está depositada, como uma semente, a imagem da perfeição do Pai Celeste, e alimentando essa semente, regando-a, vivificando-a, pouco a pouco aproximais-vos da sua perfeição.
Mas só o alto ideal pode ajudar-vos a chegar lá.
A mãe que espera um filho não sabe como se forma essa criança, não tem consciência de nada, no entanto a criança forma-se segundo um esquema invisível contido no germe que ela recebeu.
Ela própria nada sabe, mas no seu subconsciente há forças que sabem muito bem como actuar.
De igual modo, vós podeis estimular o crescimento do germe divino.
Por isso, quando fizerdes as vossas orações, quando estiverdes a meditar, esforçai-vos por subir ao cume do vosso ser, porque é daí, do cume, ou do coração (a palavra é diferente, mas a atitude interior é a mesma), que fluirão forças e energias que irão transformar tudo em vós, até à vibração da mais pequena célula, do mais pequeno átomo do vosso ser.


Sem comentários:

Enviar um comentário