sábado, 7 de junho de 2014

DA MULTIPLICIDADE À UNIDADE

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Quando eu era ainda um jovem discípulo do Mestre Peter Deunov, na Bulgária, o Mestre convidava-me muitas vezes a ir a casa dele para falar comigo.
Um dia, tirou da sua estante um livro em inglês sobre números e começou a traduzir-me o primeiro capítulo, que era sobre o número 1.
Eu estava interessado, é claro, e escutava atentamente. Contudo, devo dizer que naquela altura o número 1 não me preocupava grande coisa; pensava que os outros números eram mais importantes, mais ricos, e encerravam maiores segredos.
Quando acabou o primeiro capítulo, eu esperava, evidentemente, que ele continuasse com os capítulos sobre os outros números.
Mas não, o Mestre fechou o livro, colocou-o de novo na estante e a visita terminou.
Eu desejava ardentemente conhecer o resto. Por isso, ao regressar a casa, dizia para comigo:«Por certo, da próxima vez que me convidar, o Mestre continuará a leitura.»
Mas não, ele não continuou, nunca mais voltou a abordar comigo aquele livro.
Durante algum tempo eu esperei e fiquei um pouco desiludido.
Mas, como tinha uma confiança imensa no meu Mestre, sabia que tudo o que ele fazia tinha um sentido. Então, disse para comigo:«Se ele não me lê nada sobre os outros números, é porque não é assim tão importante, é porque isso não me faz falta.»
E, reflectindo, meditando, eu compreendi que todos os outros números estavam contidos no número 1 e resultavam dele. Por conseguinte, aparentemente, o Mestre tinha-me dado pouca coisa, mas na realidade tinha-me aberto uma porta para o infinito.

O que dá ao número 1 o seu carácter sagrado é o facto de ele representar a totalidade.
Através de todo o Cosmos existe uma unidade ininterrupta.
E ainda que na aparência se vejam separações, rupturas, limites, em parte alguma existe realmente separação absoluta.
A decomposição da luz pelo prisma é o exemplo mais notável disso.
O feixe de luz branca representa o 1; decompondo-se, ele dá as sete cores.
Não é extraordinário verificar como desta unidade, a luz branca, saiu a diversidade das sete cores: violeta, anil, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho?
O que é que pode representar melhor do que a luz a passagem da unidade à diversidade e da diversidade à unidade?
E agora observai essas cores procurando distinguir onde acaba o vermelho e começa o laranja, mostrai-me onde elas se separam, onde está a fronteira...
Não a encontrareis, ela não existe.
Este exemplo da luz é particularmente interessante, porque a luz é a própria substância do Universo.
Na realidade, não há fronteira, não há limite, tudo é 1.
E o próprio homem, o homem ideal, é o representante deste número 1.

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